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PUPUNHA
E CAMU-CAMU: ESPÉCIES AMAZÔNICAS
COM GRANDE POTENCIAL PARA O AGRONEGÓCIO
Panorama Ambiental
Manaus (AM) - Brasil
Agosto de 2003
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O solo ácido,
pobre em nutrientes para o crescimento dos frutos
é uma barreira capaz de desestimular qualquer
produtor do Amazonas certo? Errado. Pelo menos para
o pesquisador Kaoru Yuyama, da Coordenação
de Pesquisas em Ciências Agronômicas
(CPCA) do INPA, o quadro pode ser modificado se
o setor primário utilizar as tecnologias
disponíveis em instituições
de pesquisa como o próprio INPA, por exemplo.
Para chegar a uma agricultora de qualidade, além
da colaboração das unidades de pesquisa,
também são necessários investimento
financeiro, garra e paciência, pois os resultados
só surgem a médio e longo prazo. “Existe
muito potencial no Amazonas, mas, geralmente, os
empresários são imediatistas, querem
que os lucros apareçam rapidamente. O que
não cabe nessa atividade”,observa o pesquisador.
Há mais de 20 anos pesquisando o potencial
dos frutos amazônicos, o Dr. Kaoru Yuyama
participará da Amazontech, evento do Sebrae-Amazonas
que acontecerá no período 24 a 27
de setembro e terá participação
ativa do INPA. Sua palestra terá como público
alvo agricultores e empreendedores da agroindústria
de palmito, sucos, fármacos, cosméticos,
corantes e alimentos. A intenção é
apresentar o potencial do palmito de pupunha; o
aproveitamento do fruto e suas sementes. O potencial
do camu-camu como alimento rico em vitamina C, e
o seu potencial para o uso em fármacos e
cosméticos também será enfocado
em sua conferência.
Tomando como exemplo a pupunha e o camu-camu, o
pesquisador enfatiza que esses frutos podem trazer
um importante potencial econômico se o solo,
pobre em nutrientes, for corretamente adubado. “Já
temos estudos que demonstram isso. Uma pupunheira
que está com oito anos não ultrapassa
a altura de 30 centímetros. Por outro lado,
a espécie adubada está com 10 metros”,
exemplifica.
Analisado a situação do Amazonas,
o Dr. Kaoru explica que as atividades do setor primário
precisam do máximo de dedicação
como acontece no Sul do Brasil, onde pela própria
necessidade, o produtor é forçado
a encontrar soluções para escoar sua
produção, sob pena de até passar
fome se isso não ocorrer. Para ele, no Amazonas
ainda falta despertar os agricultores para essa
mudança de mentalidade. “Aqui os empresários
ainda não se sensibilizaram de que cuidar
bem do solo representa lucros, mas é necessário
investir em tecnologia, ou seja, desembolsar recursos
financeiros. O que geralmente acontece é
que eles têm outras atividades e não
priorizam a agricultura e em muitos casos, acabam
desistindo”, se queixa.
Mas sem perder o otimismo, Yuyama aposta que conseguirá
despertar o interesse dos participantes por meio
de sua palestra. Empolgado, ele exemplifica que
o camu-camu tem um mercado fantástico. Pode
ser utilizado para a produção de sucos
e sorvetes, por exemplo, sem perder o seu alto teor
de vitamina C. Além disso, ainda existe o
setor farmacológico, no qual as cápsulas
de camu-camu, podem suprir muito bem a carência
de vitamina C.
Existe ainda outro aspecto interessante nesse fruto:
nenhum outro produto já processado mantém
o teor de vitamina C. “Desenvolvemos um projeto
em parceria com empresários e constatamos
que em cada 100 gramas de sorvete de camu-camu,
cerca de 450 miligramas eram de ácido ascórbico
(vitamina C).” A geléia também mostrou
uma performance fantástica: cada 100 gramas
do produto acumulava 710 miligramas de vitamina
C. Comparando esse desempenho com outras frutas
ácidas, estas últimas perdem feio
para o camu-camu.
A cultura da pupunha, cujo fruto é rico em
pró-vitamina A, é recente no Amazonas.
Kaoru Yuyama calcula que de uns 10 anos para cá
é que pesquisadores e agricultores passaram
a trabalhar juntos no plantio, o que deu bastante
fôlego ao setor. “Nós praticamente
distribuímos sementes de pupunheira sem espinhos
para todo o Brasil. Mas depois de algum tempo os
produtores foram desistindo de explorar tanto o
fruto, quanto o palmito da pupunheira. Daí
novamente eu enfatizo a importância de ter
paciência e não desistir na primeira
dificuldade”.
Segundo o pesquisador outro fator essencial que
além do consumo interno, pode abrir caminhos
para mercados externos é a união dos
produtores. Com um trabalho conjunto, afinado, reunindo
o máximo de empreendedores, atingir esses
objetivos é só uma questão
de tempo. Kaoru Yuyama relata que muitos empresários
estrangeiros gostam do sabor dos frutos amazônicos,
mas se desmotivam com a falta de quantidade para
abastecer os mercados de seus países. “Poucas
pessoas produzem, isso também é outro
problema”. Aliado a esse entrave existe ainda a
questão do preço alto para o consumidor
interno. É possível encontrar frutas
amazônicas vendidas nos principais cruzamentos
da cidade, mas os preços são, em muitos
casos, impraticáveis. “Às vezes as
frutas daqui são mais caras do que a maçã
e a pêra que vem lá do Sul”, exemplifica.
A data de sua apresentação na Amazontech
ainda será definida pelo Sebrae-Amazonas.
Fonte: INPA – Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia (www.inpa.gov.br)
Assessoria de imprensa