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PRÉ-CONFERÊNCIA
NACIONAL EM SÃO PAULO
COMEÇA COM MAIS DE MIL PARTICIPANTES
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Outubro de 2003
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Pedro Calado/SMA
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A
Pré-conferência Nacional do Meio
Ambiente do Estado de São Paulo começou
nesta sexta-feira (23/10), em Botucatu, com
a participação de milhares de
delegados que estarão reunidos até
domingo (25/10) para propor e discutir os
temas que deverão fazer parte da política
a ser implementada pelo Governo Federal nos
próximos quatro anos. A iniciativa
do Ministério do Meio Ambiente contou
com a presença de Cláudio Roberto
Langone, representante da ministra Marina
Silva; Lúcia Sena, representante do
secretário estadual do Meio Ambiente,
José Goldemberg; Analice de Novais
Pereira, gerente executiva do IBAMA - Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente/SP; João
Ricardo Guimarães Caetano, |
presidente
da ANAMMA - Associação Nacional
dos Municípios do Meio Ambiente/SP;
Antônio Mario de Paula Ferreira Ielo,
prefeito de Botucatu; Rachel Trajber, coordenadora
geral da Conferência Nacional do Meio
Ambiente; e Paulo Nogueira-Neto, presidente
da Fundação Florestal. O objetivo
do evento é de definir as diretrizes
para a consolidação do Sistema
Nacional do Meio Ambiente, transformando-o
em instrumento de sustentabilidade ambiental.
Mais do que uma reunião com objetivos
políticos, o encontro tem como proposta
envolver todos os segmentos sociais na busca
de instrumentos que permitam diagnosticar
e mapear a situação socioambiental,
promover a mobilização e educação
ambiental, apontar os indicadores, atores
sociais e as prioridades a serem consideradas
pelo Sisnama. A Pré-Conferência,
realizada em Botucatu pela prefeitura local
e organizada pelo IBAMA - Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovais,
de São Paulo, reúne representantes
dos governos federal, estadual e municipais,
universidades, instituições
de pesquisa, sindicatos e associações,
assim como de organizações não-governamentais,
como vem acontecendo em todos os Estados brasileiros.
O ponto de partida para as discussões,
que deverão resultar na aprovação
de um texto final como contribuição
para a política nacional do meio ambiente,
é o texto-base formulado pelos organizadores,
onde estão contidas as linhas gerais
a serem abordadas, considerando os recursos
hídricos; a biodiversidade e espaços
territoriais protegidos; infra-estrutura de
transporte e energia; agricultura, pecuária,
recursos pesqueiros e florestais; meio ambiente
urbano; e mudanças climáticas.
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Participantes
Pedro Calado/SMA
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Com
mais de 1.000 participantes inscritos, as
diversas delegações foram formadas
nos municípios ou divididas por setores,
em grupos compostos por no mínimo 100
representantes, que tinham como compromisso
atender aos critérios mínimos
da metodologia proposta pelo regimento interno.
Para terem representatividade, os grupos foram
formados por pessoas com idade mínima
de 16 anos, independente de estarem vinculadas
a qualquer órgão ou instituição.
Todos assumiram o compromisso de discutir
pelo menos um dos temas do texto-base, realizando
reuniões preliminares até o
último dia 9 de outubro, acompanhadas
por um membro da coordenação
indicado pelo IBAMA.
Estes grupos tiveram que apresentar um relatório
de propostas e diretrizes para a |
Pré-Conferência
que estão sendo apresentadas no encontro
estadual. Além das propostas do texto-base,
serão discutidas também as propostas
resultantes das discussões preliminares,
que tenham obtido pelo menos 20% de aprovação
em seus grupos iniciais. As discussões
que ocorrerão nos próximos três
dias serão realizadas pelos grupos
que foram formados na tarde do primeiro dia
de trabalho, envolvendo as delegações
de todo Estado e tendo como enfoque a produção
e consumo sustentáveis; educação
ambiental; legislação; inclusão
social; e indicadores de sustentabilidade.
As propostas aprovadas serão encaminhadas
à Conferência Nacional do Meio
Ambiente, sendo que todas as outras integrarão
o relatório da pré-conferência,
que será encaminhado para os órgãos
públicos a que se referem. Ao final
desta fase de discussões, serão
eleitos os delegados que irão representar
o Estado de São Paulo na Conferência
Nacional do Meio Ambiente, que será
realizada no final de novembro, em Brasília.
Ao todo serão indicados 50 delegados,
sendo cinco representantes de cada grupo temático.
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Palestras
Para iniciar as discussões
foram feitas, inicialmente, exposições
sobre o sistema ambiental vigente e a atuação
dos órgãos federais, estaduais e municipais.
Esta fase do trabalho contou com a participação
do secretário executivo do Ministério
do Meio Ambiente, Cláudio Roberto Langone,
que falou sobre o sistema nacional ambiental e a
atuação das instituições
públicas. Em seguida, foi feita a apresentação
da atuação da Secretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo, por Antônio
Augusto da Costa Faria; e da atuação
dos municípios, por João Ricardo Guimarães
Caetano, presidente da ANAMMA/SP. Langone apontou
a discussão sobre os transgênicos para
destacar a importância do consumidor no processo
de decisão e a necessidade do acesso à
informação, por meio de mecanismos
como a rotulagem, que permitirão a escolha
dos produtos que as pessoas querem consumir. Segundo
Langone, esta é uma das formas de se impedir
que decisões desta importância continuem
a ser feitas priorizando o aspecto econômico.
O secretário executivo do MMA destacou, também,
a necessidade de se descentralizar a atuação
dos órgãos ambientais, atribuindo
a cada segmento as decisões para as quais
estão capacitados. Isso não deve eliminar,
porém, o que ele classificou de transversalidade
das ações, nem a cooperação
entre as diversas instâncias dos governos
federal, estaduais e municipais. Ao falar dos técnicos
dos órgãos ambientais, Langone destacou
a importância das instituições
públicas terem atuação mais
propositiva, participando ativamente da elaboração
e da execução das políticas
ambientais, ao invés de se restringirem a
ações fiscalizadoras ou de licenciamento.
Nesse ponto, Langone destacou que o processo de
licenciamento vem se transformando em função
da manifestação da vontade popular,
notadamente nas audiências públicas.
Na sua opinião, este é um indicativo
da necessidade da questão ambiental ser levada
em consideração na definição
de qualquer política ou ação
do poder público. Sem isso, segundo o representante
do MMA, a ação dos órgãos
ambientais continuará servindo como anteparo
da vontade popular em conflito com os setores econômicos,
sem que se chegue de fato a uma política
de desenvolvimento sustentável que atenda
a todos os interesses.
O sistema estadual
A exposição
do representante da Secretaria do Meio Ambiente
do Estado evidenciou o pioneirismo do Estado nas
questões ambientais. A Polícia Militar
Ambiental, por exemplo, com um contingente de mais
de dois mil policiais em todo o Estado, foi criada
em 1949, constituindo o primeiro corpo de fiscalização
dos recursos naturais da América Latina.
O sistema estadual conta também com instituições
centenárias, como o Instituto Florestal,
o que não impede que continue se modernizando
e tendo atuação de vanguarda no que
se refere à preservação, controle
e fiscalização ambiental. Entre os
exemplos citados por Antonio Augusto estão
o PROCONVE, programa nacional de controle das emissões
veiculares de poluentes, que foi integralmente concebido
pela CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental, e a recente reformulação
dos instrumentos de licenciamento ambiental, por
meio dos decretos estaduais publicados em dezembro
último, que estabeleceram a renovação
do licenciamento e criaram instrumentos que permitem
a introdução de conceitos de prevenção
à poluição e a parceria com
os municípios no licenciamento dos empreendimentos
com impactos restritos. Este também foi o
enfoque da palestra do presidente da ANAMMA/SP -
Associação nacional de Municípios
e Meio Ambiente, João Ricardo Guimarães
Caetano, para quem o licenciamento municipal pode
desonerar os órgãos estaduais e federais,
liberando-os para ações de maior porte
e abrangência. Mas ressaltou que, para isso,
há a necessidade de formação
dos conselhos municipais de meio ambiente e a capacitação
de profissionais que atuam nas prefeituras. Um dos
instrumentos que, segundo o representante da ANAMMA,
deverão ser considerados pela política
nacional do Meio Ambiente, é a formação
de consórcios que reúnam os municípios
de uma mesma região ou bacia hidrográfica,
a exemplo do que já ocorre com os comitês
de bacia.
Fonte: Secretaria do Meio Ambiente
de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Eli Serenza
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