 |
MEDIDA PROVISÓRIA
QUE LIBERA VENDA DA SOJA
TRANSGÊNICA ILEGAL SERÁ VOTADA
EM MAIO
Panorama Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Abril de 2003
|
 |
O lobby em favor
dos transgênicos, mesmo em alguns setores
do governo Lula, preocupa organizações
ambientalistas como o Greenpeace, que denunciou
a medida provisória permitindo a venda interna
e exportação da soja transgênica
plantada ilegalmente no ano passado. Durante seminário
sobre o tema, na Câmara dos Deputados, ficou
clara a tendência de se procurar mostrar os
aspectos positivos e minimizar os negativos, como
a grave ameaça ao meio ambiente decorrente
de uma semente modificada geneticamente, a dependência
econômica em relação a empresas
multinacionais detentoras de patentes e tecnologia
(como a Monsanto atualmente) e os impactos ainda
desconhecidos, de longo prazo, sobre a saúde
humana. Ontem, durante o seminário, o presidente
da Câmara, João Paulo, confirmou a
intenção de colocar em votação
a MP nas próximas semanas - ou seja, em maio.
Há divergências dentro do PT e o Partido
Verde se opõe à venda da soja no mercado
interno, preferindo a sua utilização
como biodiesel. Aos ruralistas, no entanto, só
interessa abrir mesmo que aos poucos o mercado brasileiro
para usar organismos geneticamente modificados (OGMs).
A MP 113/03 estabelece normas para a comercialização
da produção de soja transgênica
da safra de 2002/2003. O seminário "Inovações
Biotecnológicas na Agricultura" foi
promovido pela Comissão de Agricultura e
Política Rural no auditório do Espaço
Cultural. João Paulo lembra que o relator
da MP, deputado Josias Gomes (PT-BA), tem experiência
nesse assunto porque ajudou a combater o problema
da praga do cacau que recentemente atingiu a lavoura
baiana, segundo a Agência Câmara. Afirmou
que o debate sobre a produção e comercialização
de produtos geneticamente modificados deve ser conduzido
com cuidado. "É um tema mundial sobre
o qual não tem havido, em nenhum lugar, uma
solução pacífica e consensual.
É efetivamente um tema novo para a humanidade".
O mais importante no debate sobre o assunto, segundo
o presidente da Câmara, não é
o prazo para sua regulamentação, mas
a discussão sobre os riscos dos produtos
à saúde ou ao meio ambiente. "Nesse
caso, a pressa não é uma boa companhia.
São decisões que interferem na vida
de milhões de brasileiros". Para João
Paulo, a futura normatização dos transgênicos
surgirá de uma ampla discussão. "Nunca
existiu na Câmara uma proposta aprovada na
sua forma original. É uma casa eclética
e é bom que seja assim", afirmou. Durante
o seminário, a presidente da Associação
Nacional de Biossegurança, Leila Oda, apontou
as vantagens da aplicação da biotecnologia
na produção agrícola. Ela disse
que o cultivo de plantas que recebem e incorporam
genes de outras espécies, os chamados transgênicos,
pode aumentar a produção agrícola
por meio da diminuição do uso de agrotóxicos,
do aumento da resistência a pragas e do cultivo
de plantas em condições climáticas
adversas. Leila Oda afirmou ainda que organismos
transgênicos podem descontaminar ambientes,
como é o caso da bactéria usada para
degradar óleo e radiação nos
acidentes ambientais. É possível também,
segundo a pesquisadora, melhorar a qualidade nutricional
dos alimentos e retirar, por exemplo, as características
alergênicas do camarão. Na área
da saúde, os transgênicos podem produzir
vacinas e medicamentos. Já o secretário
de Política Agrícola do Ministério
da Agricultura, Ivan Wedekin, informou que, nos
últimos dez anos, a produção
de frango cresceu 10,8% ao ano, enquanto a da soja
em grão aumentou 9,2% ao ano. Na opinião
de Wedekin, o Brasil tem dois grandes desafios para
as próximas décadas: crescer mais
que os outros países em relação
ao agronegócio e levar as inovações
tecnológicas agrícolas às propriedades
de 10 a 100 hectares, que são responsáveis
por 40% da produção agrícola
do País. O secretário revelou ainda
que, para aumentar a participação
do Brasil no agronegócio mundial, que hoje
é de apenas 4%, é preciso agregar
valor em todas as etapas da cadeia produtiva, e
isso pode ser feito pelo uso das novas biotecnologias
agrícolas.
Fonte: Greenpeace (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa