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CONSÓRCIO
DO RIO TELES PIRES
SERÁ CRIADO EM ALTA FLORESTA (MT)
Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Julho de 2003
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O Consórcio
Intermunicipal de Usuários de Recursos Hídricos
para Gestão do Rio Teles Pires será
criado oficialmente no dia 24, durante a II Expoambiente
Amazônia, de Alta Floresta. Constituído
para promover o desenvolvimento sustentável
na região a partir do uso eficiente dos recursos
naturais, em especial a água, o evento contará
com a presença de representantes de 20 municípios
mato-grossenses que pretendem ser contemplados.
Já foram feitas 4 reuniões com as
prefeituras a serem contempladas, professores da
Universidade Estadual do Meio Ambiente [Unemat],
parlamentares e representantes de ONGs, e a próxima
está marcada para o dia 23 na cidade de Sorriso,
412 km de Cuiabá.
A Bacia do rio Teles Pires ocupa uma área
de aproximada 146.600 km2 incluindo os Estados de
Mato Grosso e Pará. São 32 municípios
mato-grossenses e três paraenses, que utilizam
os recursos hídricos da bacia principalmente
para o abastecimento público, agropecuária,
pesca, turismo, lazer e produção industrial.
O Teles Pires tem suas nascentes no município
de primavera do leste e é formado por duas
pequenas nascentes, que afloram na Serra Azul a
uma altitude de 800 m. Suas águas banham
dois importantes biomas brasileiros: o cerrado e
a floresta amazônica.
Os principais problemas enfrentados pelo rio, segundo
o Zootecnista e Doutor em Ecologia José Gerley
Diaz Castro, são a contaminação
por agrotóxicos, as erosões, o empobrecimento
do solo, o assoreamento, e a contaminação
e extinção de cursos d’água
e nascentes. "Como resultado as águas
claras de coloração azul-esverdeada
estão escurecendo. Para reverter essa situação
são necessárias medidas urgentes como
a recuperação das áreas degradadas,
o tratamento dos esgotos domiciliares, a implantação
de um sistema de informações geográficas
para melhorar a capacidade de gerenciamento pelo
setor público e um banco de dados sobre a
qualidade da água de todo sistema hidrográfico",
explica.
Segundo dados da Fundação Estadual
do Meio Ambiente - Fema, entre os anos de 1996 e
1998, foram coletadas amostras da água do
Teles Pires em diferentes pontos, e levados para
análise. A quantidade de coliformes fecais
encontrados no rio na altura da Balsa de Itaúba
variou entre 130 e 8 mil/100 ml, sendo que o permitido
pela legislação do Conselho Nacional
do Meio Ambiente [Conama] é de 1 mil/100
ml. Outro ponto considerado crítico foi na
altura da cidade de Sorriso, próximo a BR
163, que obteve os valores variando entre 700 e
5 mil. "Isso não significa que as águas
estão totalmente contaminadas. Estes são
alguns trechos apenas. Na altura da Aldeia Bakairi,
por exemplo, o índice foi de 170, o que comprova
que a água nesse ponto é de ótima
qualidade. O que não podemos deixar acontecer
é chegar nos 250 mil, índice registrado
pela Fema em 5 de maio de 2000, na área urbana
do Rio Cuiabá. Temos que lutar para recuperar
as áreas afetadas e conservar as preservadas",
conclui.
O Teles Pires atende três povos indígenas
os Kaiabi, os Munduruku e os Bakairi. "São
povos que dependem das águas do rio para
a pesca e consumo interno. Eles tem seus direitos
reservados pela constituição e isso
precisa ser respeitado", alerta Gerley.
A criação do Consórcio da Bacia
do Rio Teles Pires é feita por projeto de
Lei, aprovado pela Câmara Municipal de cada
cidade integrante, obedecendo a estatuto próprio.
O Consórcio não prevê apenas
a regulamentação de políticas
ambientais na forma de recuperação,
mas também prevenção e promoção
de estudos e a discussão dos planos que poderão
ser executados na área da bacia. Visa ainda
planejar e fomentar ações de Gestão
e Conservação de Recursos Hídricos
e elaborar e implantar projetos de Educação
Ambiental, promovendo a conscientização
e sensibilização no âmbito da
bacia. Um dos objetivos do Consórcio é
a criação do Comitê de Bacia,
estabelecido pela lei que instituiu a Política
Nacional de Recursos Hídricos [Lei 9.433/97],
para gerenciar a água de forma descentralizada,
integrada e com a participação da
sociedade.
Fonte: Ministério do Meio
Ambiente (www.mma.gov.br)
Assessoria de imprensa