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INAUGURAÇÃO
DA PRAÇA DOS POVOS DA FLORESTA
HOMENAGEIA CHICO MENDES
Panorama
Ambiental
Xapuri (AC) - Brasil
Dezembro de 2003
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Reverência
histórica
Com a inauguração
da Praça dos Povos da Floresta, o Governo
do Estado do Acre mostra o resultado de uma vontade
popular. A homenagem a todos os povos da floresta
ganhou em Chico Mendes a expressão maior.
Uma estátua em tamanho natural feita de argila
e fundida em bronze chama a atenção
pelo realismo. Na obra, Chico traz uma criança
nos braços, símbolo de um compromisso
histórico em promover mudanças no
presente para não comprometer o futuro de
outras gerações. Com a inauguração
de ontem o Governo do Estado do acre mostra que
a reverência ao passado é uma prova
de respeito e de compromisso com o futuro.
“Depois de 15 anos, todos fomos modificados pelas
idéias de Chico Mendes”, diz Viana
Depoimento emocionado
do governador traduz a luta de uma geração
que o líder seringueiro ajudou a crescer.
Líderes como Ivair Igino e Wilson Pinheiro
também não foram esquecidos nos pronunciamentos.
A inauguração
da Praça dos Povos da Floresta foi um culto
à história. Várias gerações
de políticos, estudantes e profissionais
liberais estavam unidas para homenagear todos aqueles
que fizeram da floresta o fator mais importante
para a causa do crescimento do estado. O personagem
histórico que simbolizou esse “povo” foi
Chico Mendes. Uma estátua do líder
seringueiro foi construída em tamanho natural,
feita de argila e fundida em bronze. A cerimônia
de inauguração foi organizada para
lembrar a morte e refletir sobre os sonhos do sindicalista,
assassinado no início da noite de 22 de dezembro
de 1988.
“Não há nada mais forte do que uma
vida de luta como exemplo a ser seguido por um povo”,
disse, emocionado, o governador Jorge Viana. O governador
lembrou ainda que depois da morte de Chico Mendes
a história local teve mudanças significativas
para o Acre. “Mudou para quem matou e para quem
cultivou o amor e dedicação vividos
por ele”, disse, se referindo ao companheiro morto.
A Praça dos Povos da Floresta estava bem
representada. Havia índios, seringueiros,
ribeirinhos. Momentos antes da inauguração,
era comum ver os ex-seringueiros, muitos agora aposentados
como “Soldados da Borracha”, olhando os detalhes
da construção. “Esse ambiente de mata
me traz lembranças de um tempo muito bom”,
disse o ex-seringueiro, Florivaldo Gomes de Souza,
cortador de seringa por mais de 36 anos, nos Vale
do Yaco, Acre e Purus. “Veja só você,
eu estou sentado aqui em um pedaço de paxiúba
batida. Você colocar isso aqui em uma praça
pública é sinal de respeito para quem
já viveu na mata. Eu me sinto respeitado”,
disse Marco Pereira da Silva, um Soldado da Borracha,
piauiense, no Acre desde 1941.
Escultura foi desafio
para artista
“Foi um desafio incrível
realizar essa obra”, confessou a escultora paulista
Christina Motta, responsável pela estátua
de Chico Mendes, exposta na Praça dos Povos
da Floresta. O Chico colocado em praça pública
chama a atenção pelo realismo que
invoca. “Era como se eu estivesse tocando nele”,
disse a viúva de Chico, Ilzamar Mendes.
Com o gabarito de quem cravou em praça pública
o bronze dos corpos de figuras como Juscelino Kubitschek
(em Belo Horizonte), e de Brigiet Bardot (em Búzios,
onde mantém seu “atelier”), a escultora Motta
afirmou que o prazo de execução da
obra (um mês) e a responsabilidade histórica
do homenageado foram os principais elementos que
dificultaram o trabalho.
Feita de argila, em Búzios (litoral carioca)
e fundido em bronze no Rio de Janeiro, a estátua
mostra um “Chico” bastante conhecido dos acreanos.
Meio sorriso nos lábios, camisa “de botão”,
calça “jeans” e com um olhar típico
dos grandes líderes. Traz em um dos braços
um pequeno menino. “Há uma simbologia, sim,
pois um homem como Chico que traz uma criança
nos braços, só pode estar querendo
dizer que a esperança em modificar o presente
é um compromisso nosso, para ontem, com a
missão de não comprometer o futuro
das próximas gerações”, analisou
o governador Viana diante de uma platéia
de mais de 400 pessoas.
Trecho de uma carta escrita pelo líder seringueiro
foi lido pelo governador Jorge Viana. O texto foi
escrito para uma amiga do sindicalista que se encontrava
descrente da luta por justiça, união
e companheirismo. A carta de Chico Mendes é
um louvor à possibilidade de mudanças,
em todos os níveis. Fala sobre esperança,
união, luta e amor. As anotações
foram feitas em um pequeno caderno endereçado
a uma moça cujo primeiro nome é “Otília”.
Outros líderes sindicalistas foram lembrados.
Ivair Igino e Wilson Pinheiro também fazem
parte de todas as homenagens feitas na festa de
ontem.
Mistura estilos para
trazer conforto ao visitante
A Praça dos
Povos da Floresta une rusticidade dos materiais
da mata com elementos clássicos. Foram feitos
bancos cobertos por paxiúba e os troncos
das árvores mais próximas do público
ganharam ornamentação nos troncos.
Ao todo, foram colocados 16 postes republicanos
no novo espaço. As tradicionais bancas de
revistas (duas bancas) e os engraxates da praça
(há espaço para seis profissionais)
continuaram no local, agora com mais conforto. Foram
seis meses de trabalho da Seop (Secretaria Executiva
de Obras Públicas) que envolveu mais de 200
trabalhadores. Reconstruído onde antes estava
a Praça Eurico Dutra, o novo empreendimento
urbanístico está praticamente todo
ambientado com materiais de origem florestal.
A antiga Praça Eurico Dutra foi entregue
à população totalmente reurbanizada,
em 1996, pelo então prefeito da capital,
Jorge Viana. Com a obra, o local ficou sendo uma
espécie de ponto de encontro das classes
artística e estudantil, quando o “Casarão”
se mantinha lotado.
Fonte: Governo do Acre (www.ac.gov.br)
Assessoria de imprensa