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A PESQUISA
AMBIENTAL E
AS POLÍTICAS PÚBLICAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2003
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Os analistas contemporâneos
apontam como uma das tendências para este
século XXI a consolidação de
uma sociedade baseada no conhecimento. Cada vez
mais a economia, as interações sociais,
as políticas públicas, tornam-se palco
de complexas relações amparadas no
conhecimento técnico-científico. As
novas tecnologias de informações,
os avanços da biotecnologia, os novos formatos
de gerenciamento público e privado, as combinações
de várias mídias recentes como meios
de entretenimento, já são realidade
neste início do século XXI.
As diversas reuniões internacionais sobre
Meio Ambiente, desde Estocolmo, em 1972, passando
pelas conferências da década de 90,
Rio-92 e Habitat II e mais recentemente o Protocolo
de Kyoto e Rio+10 em Johannesburgo, têm apontado
a necessidade de romper com os dois grandes ciclos
viciosos: o primeiro, da produção
e consumo perdulários dos países e
grupos sociais mais ricos e, o segundo, da pobreza
extrema, acompanhada da degradação
ambiental dos países e grupos sociais mais
pobres. Esses dois grandes desafios farão
parte do dia a dia das decisões sobre políticas
públicas neste princípio de século.
No Estado de São Paulo, apesar de ser o mais
rico Estado da União, a pobreza ainda é
grande e as questões ambientais são
urgentes. A poluição do ar nos grandes
centros urbanos, o comprometimento dos recursos
hídricos, a necessidade de conservação
da biodiversidade e do planejamento ambiental que
busca o uso sustentável dos recursos naturais,
a recuperação de áreas degradadas,
através de ações que direcionem
para a melhoria da qualidade de vida para todos
nós, são alguns dos principais focos
que o Prof. Dr. José Goldemberg tem trabalhado
na Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São
Paulo. Através dos Institutos de Pesquisas
(Botânica, Florestal e Geológico),
da Fundação Florestal e da CETESB,
temos demonstrado nossa consciência sobre
estes desafios e, nos últimos anos, temos
procurado implantar uma política de pesquisa
científica e tecnológica voltada para
a produção de informações
e conhecimentos necessários ao estabelecimento
de políticas públicas de gestão
ambiental privilegiando o desenvolvimento sustentado.
O Instituto de Botânica (SP), tem investido
muito em pesquisas e projetos de suporte às
políticas públicas, com apoio de diversas
entidades (FAPESP, CNPq, FNMA) em especial na recuperação
de áreas degradadas envolvendo a geração
e a aplicação de subsídios
técnicos científicos. Estudos sobre
modelos de reflorestamento, produção
de sementes e mudas de espécies nativas são
desenvolvidos nos projetos que agregam conhecimentos
necessários para serem utilizados pela SMA
como parâmetros técnicos científicos
para planejamento e licenciamento ambiental promovendo
alternativas para medidas mitigadoras dos danos
ambientais, seja no estabelecimento de compensações
ambientais ou no licenciamento de empreendimentos
a serem instalados.
Exatamente sobre este aspecto, um importante evento
estará acontecendo no Instituto de Botânica,
nos próximos dias 12 e 13 de setembro, o
“Seminário Temático sobre Recuperação
de Áreas Degradadas”, onde especialistas
de Universidades e Instituições envolvidas,
estarão discutindo os avanços nas
pesquisas e constatações técnicas
para o aprimoramento da Resolução
SMA-21, de 21/11/2001, que trata do reflorestamento
heterogêneo em São Paulo e é
um parâmetro técnico para a elaboração
de um programa voltado ao “Repovoamento vegetal
do Estado de São Paulo”, com ênfase
na “Recuperação de matas ciliares
e conservação da Biodiversidade Paulista”,
instituído através da Resolução
SMA-11, de 25/04/2002.
O produto destas reuniões no Instituto de
Botânica deverá subsidiar uma nova
Resolução a ser editado pela SMA,
com possíveis aperfeiçoamentos na
Resolução SMA-21/01, e até
do Projeto de Lei nº 653/2003 em tramitação
na Assembléia Legislativa.
É importante destacar que a PESQUISA AMBIENTAL,
o desenvolvimento e a difusão de tecnologias
adequadas, foi fundamental na proposição
do programa voltado a enfrentar o desafio de recuperar
cerca de um milhão de hectares de zonas ciliares
que se encontram desprovidas de vegetação
em território paulista. O Projeto de Políticas
Públicas – FAPESP “Modelos de Repovoamento
Vegetal para a Proteção de Sistemas
Hídricos nos diversos Biomas do Estado de
São Paulo”, (SMA/IBt), tendo como produto
a Resolução SMA 21/01, é um
exemplo disto e deverá ser igualmente importante
nas próximas etapas previstas para o programa
(detalhamento das ações, implementações,
avaliação e monitoramento), além
evidentemente dos excelentes resultados já
obtidos na linha de conservação da
biodiversidade paulista.
Desta forma a recuperação das matas
ciliares com técnicas e qualidade, proporcionará
benefícios importantíssimos para o
equilíbrio ambiental, uma vez que estas protegem
os cursos d’água e o solo e constituem corredores
fundamentais para a conservação da
biodiversidade e é uma das principais propostas
da Agenda 21 de São Paulo.
Fonte: Instituto de Botânica
de São Paulo
Prof. Dr. Luiz Mauro Barbosa, Diretor Geral do Instituto
de Botânica de São Paulo