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BID VIABILIZA
TÉRMINO DE GASODUTO
QUE AMEAÇA REGIÃO DA AMAZÔNIA
PERUANA
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Setembro de 2003
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O projeto do Gasoduto
Camisea está associado a uma série
de impactos à biodiversidade e é criticado
por ONGs e pelo Banco Export-Import. Entretanto,
o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
aprovou na quarta-feira, 10/09, os US$ 135 milhões
necessários para a finalização
do empreendimento.
Após ter adiado
sua decisão por duas vezes neste ano, o conselho
de diretores executivos do Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID) aprovou na quarta-feira
(10/9) um empréstimo de US$ 135 milhões
para o término da construção
dos gasodutos do Projeto Camisea. O complexo está
sendo montado no meio de reservas ambientais da
Amazônia peruana para a exploração
das maiores jazidas de gás natural daquele
país. O crédito está dividido
em US$ 75 milhões em capital do banco e garantias
de US$ 60 milhões em empréstimos indiretos
adicionais, com recursos de outras instituições
financeiras.
Na semana passada, outros US$ 75 milhões
foram liberados pela Corporação Andina
de Fomento. Isso compensou em parte a recusa de
um banco público norte-americano, o Export-Import
(Ex-Im), em liberar US$ 213 milhões, no final
de agosto. O Ex-Im justificou sua decisão
pelo fato de o projeto “não alcançar
os padrões ambientais exigidos pelo banco
e pelos impactos sobre as comunidades indígenas
da região”, como já ressalvavam diversas
organizações não-governamentais,
como a Amazon Alliance e a Amazon Watch.
Em nota divulgada à imprensa na quarta-feira,
o BID afirma que a decisão de liberar o crédito
para o projeto Camisea foi tomada após a
criação pelo presidente do Peru, Alejandro
Toledo, da Comissão para o Desenvolvimento
Sustentável e Preservação Ambiental
da Reserva Natural de Paracas. Esse grupo foi criado
no começo da semana, com a missão
específica de acompanhar as obras na região
costeira do Peru.
Uma das preocupações mais prementes
dos ambientalistas quanto ao projeto é a
construção do porto para a exportação
do gás natural em Pisco, cidade próxima
a Paracas, que é uma das principais reservas
marinhas da América Latina. Os riscos ambientais
associados à obra também foram alertados
por um relatório interno do Ex-Im (levado
a público pela Amazon Watch) que afirmou
que o projeto “está mal preparado para um
vazamento de qualquer magnitude”, podendo matar
peixes, mamíferos e pássaros. A nota
do BID à imprensa não aborda esses
aspectos e sequer menciona os impactos já
causados pela má condução das
obras nos trechos de prospecção e
transporte de gás.
Fonte: Instituto Sócioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Flávio Soares de Freitas