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CAMADA DE
OZÔNIO AINDA PRECISA DE PROTEÇÃO,
ALERTAM ESPECIALISTAS
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Setembro de 2003
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Para
despertar a atenção para o problema
da diminuição da camada de ozônio,
que protege a Terra dos raios ultravioletas,
foi instituído o Dia Internacional
de Proteção à Camada
de Ozônio, celebrado todos os anos em
16 |
José Jorge
Neto/SMA  |
de
setembro. Com esse objetivo, a Secretaria
do Meio Ambiente do Estado, por intermédio
da CETESB, promoveu nesta terça-feira
(16/9) um seminário alusivo à
data, com a participação de
especialistas do Brasil e de outros países.
Embora as autoridades presentes tenham lembrado
do sucesso da implementação
do Protocolo de Montreal, tratado internacional
assinado em 1987 por vários países,
pelo qual todas as substâncias conhecidas
por CFCs (clorofluorcarbonos) – responsáveis
pela destruição da camada de
ozônio na estratosfera, situada entre
25 e 35 quilômetros da Terra – não
seriam mais produzidas em massa, foram unânimes
também em afirmar que ainda há
muito a ser feito para que o problema deixe
de preocupar. |
Segundo
o chefe do Laboratório de Ozônio
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
- INPE, Volker Kirchhoff, apesar dos avanços
alcançados, a situação
global de destruição da camada
de ozônio não mudou muito, permanecendo
a tendência de redução
da camada a um percentual de 4% a cada dez
anos, em qualquer lugar do planeta, devendo
este índice médio permanecer
por várias décadas. O cientista
explicou que os CFCs liberados demoram muitos
anos para chegar à estratosfera e que
a própria camada de ozônio reage
muito lentamente aos estímulos externos.
Kirchhoff lembrou que não existe, ainda,
um substituto ideal para o CFC, que é
um produto estável, inodoro, não
inflamável, não corrosivo e
barato, entre outras qualidades. Hoje, diz
o pesquisador, utilizam-se maciçamente
substâncias conhecidas por HCFC, ambientalmente
menos agressivas, mas que mantém em
sua molécula um átomo de cloro,
o responsável pela destruição
do ozônio. “A situação
está teoricamente melhor, mas ainda
não está resolvida. A guerra
não está ganha ainda”, salientou. |
Conquistas e desafios
Suely
Machado de Carvalho, diretora da Unidade do
Protocolo de Montreal, do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento - PNUD, em Nova
York, falou sobre os “sucessos e desafios
na implementação desse acordo”. |
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Informou
que de 31 países que assinaram o documento
em 16 de setembro de 1987, o número
passou para 184, atualmente, sendo 130 entre
os chamados “países em desenvolvimento”.
Ambiente, definiram um cronograma de conversão
industrial para a eliminação
do uso do CFC no Brasil, mais agressivo do
que o proposto pelo Protocolo de Montreal.
Segundo Paulo Vodianitskaia, assessor de Meio
Ambiente da Multibrás Eletrodomésticos,
o suporte dado pelo Fundo Multilateral, a
fundo perdido, mas com regras e resultados
propostos pelos países patrocinadores,
permitiu o início da prática
do recolhimento e reciclagem dos gases destruidores
da Camada de |
Ozônio
em oficinas autorizadas, com prioridade na
área de refrigeração,
cujos equipamentos funcionam com o CFC. Com
um investimento de US$ 646 mil, já
foram treinados 2.533 refrigeristas e adquiridas
896 recolhedoras. "Já recebemos
dois prêmios, pois nossos técnicos
adotam procedimentos exemplares na proteção
do meio ambiente", disse Vodianitskaia.
"A logística de recolhimento e
distribuição de gases refrigerantes
será feito por intermédio dos
Centros de Recolhimento de Pequeno Porte -
CRPPs, que são lojas revendedoras de
gases e peças de refrigeração
com estrutura mínima para armazenar
gases contaminados e regenerados", explicou
Alexandre Fiss, diretor da Frigelar. Segundo
Fiss, a nova política de gás
regenerado necessita de uma estrutura para
a atuação na refrigeração
doméstica, comercial, industrial e
para equipamentos de ar condicionado.
"Estão previstos 30 CRPPs na Grande
São Paulo e 40 no Interior do Estado.
Uma assistência técnica autorizada
vai reciclar o gás contaminado e devolvê-lo
regenerado nos CRPPs que darão atendimento
a mecânicos refrigeristas e pequenos
clientes. No Interior, a logística
se viabilizará quando houver um lote
mínimo de gás para o frete compensar
economicamente".
"As empresas que formarem seus mecânicos
nos cursos do SENAI para manuseio do gás,
podem ser credenciadas e ganham uma máquina
regeneradora do Fundo Multilateral",
explica Fiss.
"O mais importante para que todo esse
processo dê certo é a divulgação
para que os refrigeristas não liberem
o gás na atmosfera", ressalta.
O controle de todo o processo de recolhimento
e reciclagem dos gases feito pelos mecânicos,
que
Referindo-se a resultados concretos do programa
do PNUD, Carvalho citou a aprovação
de projetos envolvendo 94 países e
totalizando US$ 408 milhões, promovendo
a eliminação de 47,867 mil toneladas
de substâncias destruidoras da camada.
Segundo a diretora do PNUD, US$ 150 milhões
foram destinados à China, grande produtora
e consumidora de CFCs, para o fechamento de
fábricas que produzem todos os tipos
de gases destruidores da camada, assim como
ao México, que recebeu US$ 32 milhões,
com a mesma finalidade. Outros países
foram igualmente beneficiados, entre os quais
a Índia, Coréia, Rússia
e, finalmente, a Venezuela, com a qual deverá
ser assinado o último acordo para o
fechamento das fábricas produtoras
de CFCs.
Especificamente com relação
ao Brasil, a diretora do Protocolo de Montreal
informou que mais de sete mil toneladas de
substâncias controladas já foram
eliminadas. Alertou, entretanto, para o fato
de que há ainda muito para se fazer,
devendo o Governo e seus parceiros redobrarem
a atenção para o cumprimento
das metas. |
O buraco
na Antártida
A destruição
da camada de ozônio tem sido considerado um
dos mais graves problemas ambientais das últimas
décadas. Com a sua destruição,
ainda que parcial, a camada deixa de filtrar os
raios ultravioletas que causam danos à saúde
de homens, animais e plantas. As conseqüências
mais citadas são o câncer de pele,
problemas oculares, diminuição da
capacidade imunológica, redução
da produtividade agrícola etc.
O problema surgiu
nos anos 30, quando algumas substâncias foram
produzidas artificialmente em laboratório,
principalmente para aplicações em
refrigeração. Descobriu-se mais tarde
que essas substâncias atacavam a camada de
ozônio, reduzindo a sua espessura especialmente
na região da Antártida, onde ocorre
o fenômeno conhecido como buraco de ozônio,
aumentando assim a penetração dos
raios ultravioletas. Em 1998, o tamanho do buraco
chegou a 27 milhões de quilômetros
quadrados, ou seja, três vezes o tamanho do
Brasil.
A participação
da indústria
Poucos meses após
a assinatura do Protocolo de Montreal, em 1988,
a Associação Brasileira da Indústria
Eletro-Eletrônica – ABINEE –, formou um grupo
de trabalho para tratar de questões relacionadas
ao CFC, que funcionava como um conselho consultivo
das entidades empresariais. Esse órgão,
junto com o PROZONESP e o CONAMA - Conselho Nacional
do Meio receberão as 2.000 máquinas
regeneradoras, será feito por meio de um
programa computadorizado, que integra um Sistema
de Monitoramento, situado em Brasília. Esse
Sistema está previsto no Plano Nacional para
a Eliminação de CFCs, do Ministério
do Meio Ambiente, que elabora as estratégias
para a eliminação do consumo de CFC
no País, minimizando o impacto econômico
sobre a sociedade.
Fonte: Secretaria de Meio Ambiente
do Estado de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa
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