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EXPOSIÇÃO
DA CRIANÇA À CONTAMINAÇÃO
AMBIENTAL
É DISCUTIDA EM SEMINÁRIO
Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Setembro de 2003
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A
utilização de substâncias
químicas com efeitos toxicológicos
pouco conhecidos torna a criança alvo
de exposições prolongadas a
diversos agentes prejudiciais à sua
saúde. Estudos realizados com diferentes |
José Jorge
Neto/SMA  |
substâncias
químicas, desde o álcool até
contaminantes ambientais como chumbo e mercúrio,
indicam que o que é seguro para o adulto
não o é, necessariamente, para
a criança. Assim, os níveis
de exposição que não
causariam efeito em um adulto, ou lhe produziriam
um efeito nocivo de curta duração,
poderiam ter conseqüências negativas
ao longo da vida para a criança e o
adolescente. E esta condição
especial dos primeiros anos de vida, derivada
principalmente das características
biológicas que retratam os diversos
estágios de desenvolvimento da criança,
deveria ser devidamente avaliada no estabelecimento
de padrões ambientais. Com este enfoque
básico, a CETESB e a Secretaria de
Estado do Meio Ambiente realizaram, neste
dia 25/09, em sua sede, em Pinheiros, o seminário
“Saúde da Criança e Qualidade
Ambiental”, com a presença de diversos |
especialistas
das áreas ambientais e de saúde
pública, como a Dra. Jenny Pronczuk,
médica toxicologista da Organização
Mundial de Saúde, em Genebra, e o Dr.
Paulo Saldiva, diretor da Faculdade de Medicina
da USP, entre outros. Ambos salientaram a
importância e a necessidade urgente
que os ensaios com animais e os estudos epidemiológicos
avaliem a exposição da criança,
da concepção até a adolescência,
considerando sua susceptibilidade específica,
e que isso seja obrigatoriamente levado em
consideração no estabelecimento
dos padrões contemplados na legislação
ambiental, que no caso do Brasil, tem como
referência o indivíduo adulto,
que é menos susceptível. De
acordo com a Dra. Jenny Pronczuk, as legislações
ambientais dos Estados Unidos e da Europa
já contemplam este aspecto na avaliação
de riscos. |
Aumento da
susceptibilidade
Segundo os especialistas,
entre os múltiplos fatores que aumentam as
oportunidades para a exposição da
criança aos contaminantes ambientais, estão
a maior inalação de ar, ingestão
de água e alimentos, por quilo de peso, que
o adulto; os primeiros seis meses de vida, quando
a criança bebe sete vezes mais água,
também proporcionalmente, que o adulto; a
taxa respiratória, que é duas vezes
maior que a do adulto; o ingresso pela via cutânea,
especialmente no recém-nascido, quando a
pele é mais permeável, que é
maior para substâncias como lindano e hexaclorofeno,
com possíveis efeitos neurotóxicos.
O Dr. Saldiva destacou os “alvos principais” da
contaminação das crianças:
os sistemas respiratório, cardiovascular,
nervoso e de comportamento, endócrino, reprodutivo
e de controle e proteção ao DNA. Ele
disse que, na fase intra-útero e pós-natal,
as fontes de contaminação podem ser
muitas e chamou a atenção para os
alimentos, a água, o leite materno, as radiações
diversas e a atmosfera, entre outras.
Para a Dra. Jenney Proczuk, os três principais
problemas de saúde provocados pela exposição
maior das crianças à poluição
são as infecções respiratórias
agudas, enfermidades diarreicas e intoxicações
crônicas e agudas, pela grande disponibilidade
de substâncias químicas. Mas o que
mais a preocupa mesmo são os possíveis
efeitos neuro-comportamentais, que afetariam a capacidade
intelectual das crianças: “As crianças
são o futuro de um país e, principalmente
em países pobres elas podem representar o
patrimônio mais promissor para o desenvolvimento
desses países.
E por elas se constituírem em organismos
mais frágeis, todo o esforço deve
ser feito para protegê-las”.
De acordo com dados da OMS, 80 mil substâncias
químicas sintéticas foram desenvolvidas
no mundo desde 1950, sendo que 15 mil são
utilizadas anualmente numa quantidade próxima
das 5 toneladas e 2.800, numa quantidade de 500
toneladas. Apenas metade tem realizados testes de
toxicidade.
Fonte: Secretaria de Meio Ambiente
do Estado de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa
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