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MINISTRA
MARINA SILVA DEFENDE
USO DE ÁREAS DEGRADADAS PARA A AGRICULTURA
Panorama Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Setembro de 2003
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Amazônia
precisa de modelo de desenvolvimento "particular"
"O modelo de
desenvolvimento que este governo quer para a Amazônia
é o de um desenvolvimento particular, que
associe preservação ambiental, crescimento
econômico e justiça social", disse
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta
quinta-feira, após encontro com os governadores
do Mato Grosso, Blairo Maggi, e do Mato Grosso do
Sul, José Miranda dos Santos, o Zeca do PT.
Marina Silva explicou que, desde o anúncio
da nova previsão de desmatamento para a Amazônia,
de 25 mil quilômetros quadrados, um Grupo
de Trabalho formado por 11 ministérios vem
trabalhando em uma proposta de desenvolvimento para
a região. "Não existe espaço
na Amazônia para atividades intensivas de
monocultura, mas sim para a produção
diversificada, sustentável e adequada às
realidades da floresta", salientou. De acordo
com a ministra, o Grupo de Trabalho está
na fase final da elaboração dessa
proposta, que será encaminhada à Casa
Civil.
A ministra ressaltou ainda que é preciso
ocupar áreas já degradadas para a
agricultura, evitando novos desmatamentos. "O
Mato Grosso tem entre 12 e 15 milhões de
hectares abandonados. Se soubermos aproveitar essas
áreas, é possível até
dobrar a produção de grãos
naquele estado sem cortar mais uma árvore
sequer", disse. "Estamos reforçando
as parcerias com estados e municípios para
que a Amazônia continue sendo Amazônia",
comentou.
Na reunião, o governador mato-grossense apresentou
projeto para recomposição de matas
ciliares em rios que nascem no estado e seguem para
a região amazônica. Segundo ele, isso
permitiria a preservação da flora
e da fauna e inclusive o melhor deslocamento de
animais. Essa e outras iniciativas integrariam o
chamado Programa Estadual de Preservação
Estratégica (Pepe). "O reflorestamento
é apoiado pelos produtores do estado",
afirmou Maggi. Ele solicitou ao Ministério
do Meio Ambiente um estudo sobre a possibilidade
de se "flexibilizar" a legislação,
permitindo a "realocação"
das áreas de reserva legal, que estariam
em alguns casos distantes dos mananciais, preservando
a flora e, em escala bem menor, a fauna. Conforme
o governador, o reflorestamento das áreas
nas margens dos rios serviria ainda, no futuro,
para abastecimento do mercado de madeira, deficitário
naquele estado.
Para a ministra Marina Silva, a proposta mato-grossense
é positiva, mas necessita de uma profunda
análise quanto às questões
legais. De acordo com o secretário de Desenvolvimento
Sustentável do MMA, Gilney Viana, a iniciativa
poderia ser contemplada com a Taxa de Reposição
Florestal e a linha de adimplência ambiental
do Fundo do Centro-Oeste (FCO). Deve ser marcada,
em breve, uma reunião de trabalho envolvendo
representantes do Ministério, do Ibama e
de Mato Grosso para dar seguimento às negociações.
O governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT,
relatou à ministra Marina Silva sua preocupação
com a continuidade do Programa Pantanal, que enfrentava
um impasse judicial e não está contemplado
no novo Programa Plurianual (PPA). Segundo Marina
Silva, há um esforço do conjunto do
governo para que o programa "saia do papel".
"As equipes de organização do
projeto estão sendo recompostas e estamos
trabalhando para melhorar o aporte de verbas com
a divisão de responsabilidades com os ministérios
das Cidades e dos Transportes", explicou.
DESMATAMENTO
- De acordo com o governador do Mato Grosso, Blairo
Maggi, a projeção de desmatamento
na Amazônia para o período 2001-2002,
de 25 mil quilômetros quadrado, é "pouco
em relação à área total
da Amazônia". "Esse índice
corresponde a apenas 0,5% da Amazônia Legal",
disse. Além disso, Maggi assegurou que a
soja não é a "vilã"
do desmatamento, pois ocuparia apenas 0,9% da área
desmatada na região. Segundo ele, não
há risco de a fronteira agrícola avançar,
por exemplo, no entorno da BR-163 (Cuiabá-Santarém),
já que os 20% de área que legalmente
podem ser desmatados na Amazônia não
permitiram uma "escala de produção",
não sustentando a atividade agrícola.
"As obras de infra-estrutura na Amazônia
devem ser acompanhadas da criação
de Unidades de Conservação para evitar
ainda mais pressão sobre os recursos naturais,
considerando que existem regiões com altíssimo
valor ecológico que precisam ser preservadas",
lembrou a ministra Marina Silva.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa