"Diante
desse quadro, era preciso estabelecer critérios
e direções para aproveitar da melhor
maneira possível os poucos recursos humanos
e financeiros de que dispomos para salvar os mamíferos
carnívoros", explica Ronaldo Morato,
do Cenap.
Ordem no caos
De acordo com o especialista,
o primeiro passo é organizar a comunidade
científica e ordenar as pesquisas sobre
os carnívoros. Existe muita sobreposição
de dados e pesquisadores fazendo, simultaneamente,
pesquisas sobre o mesmo aspecto, tais como alimentação
ou reprodução. "Nossa prioridade
em pesquisa nesse grupo taxonômico são
os estudos sobre genética populacional
e a ampliação do banco de amostras
biológicas mantido pelo Cenap e aberto
a pesquisadores de todas as partes do mundo",
define Morato.
O plano de Ação também sugere
o desenvolvimento de estudos sobre as principais
doenças que atingem os carnívoros.
Os pesquisadores também devem buscar meios
de estabelecer novas formas para tentar diminuir
os conflitos na interação dos grandes
predadores e as populações humanas.
Pesquisas sobre a importância das Unidades
de Conservação na preservação
dos animais também estão no rol
de prioridades que devem ser estimuladas pelos
financiadores e formuladores da política
de conservação no país. "Nesse
aspecto, o Plano de Ação é
um documento fundamental para órgãos
como o Fundo Nacional de Meio Ambiente, o MMA,
o Ibama e os organismos internacionais ligados
à conservação da biodiversidade",
afirma Ronaldo Morato.
Importância no
meio ambiente
Representantes do topo da cadeia
alimentar, os carnívoros são animais
de extrema importância para a manutenção
do equilíbrio dos ecossistemas onde eles
vivem, ou tentam viver. A extinção
de áreas naturais provocada pelo desmatamento,
queimadas, poluição e a invasão
de áreas selvagens para o avanço
urbano e agropecuário levaram a maior parte
dos carnívoros brasileiros a freqüentar
a lista das espécies brasileiras ameaçadas
de extinção.
Os predadores são animais que exercem fascínio,
sendo freqüentemente utilizados como modelos
de força e beleza pelo meio publicitário.
No entanto, toda essa beleza plástica não
vem sendo suficiente para evitar que quase todas
as espécies de mamíferos carnívoros
estejam em risco de extinção.
Eles vêm sendo vítimas constantes
de praticamente todas as formas de pressão,
como a eliminação sistemática
dos animais que estejam causando prejuízos
econômicos a produtores rurais, caça
furtiva para troféu, caça clandestina
para o comércio de peles e o comércio
de animais vivos. A destruição dos
habitats, no entanto é a maior ameaça
a estas espécies.
A situação dos carnívoros
no Brasil
No Brasil, existem 26 espécies de carnívoros
terrestres, divididos em 4 famílias:
. Felídeos (onças, gatos-do-mato,
etc.);
. Canídeos (lobo-guará, cachorro-do-mato,
etc.);
. Mustelídeos (ariranha, lontra, etc.);
. Procionídeos (quati, guaxinim, etc.).
Total: 26 espécies terrestres
FELIDAE
01. Onça-pintada (Panthera onca)
02. Onça-parda (Puma concolor)
03. Jaguatirica (Leopardus pardalis)
04. Gato-maracajá (Leopardus wiedii)
05. Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus)
06. Gato-do-mato (Oncifelis geoffroyi)
07. Jaguarundi (Herpailurus yaguaroundi)
08. Gato-palheiro (Lynchailurus colocolo)
CANIDAE
09. Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
10. Cachorro-vinagre (Speothos venaticus)
11. Cachorro-do-mato-de-orelha-curta (Atelocynus
microtis)
12. Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous)
13. Raposinha-do-campo (Pseudalopex vetulus)
14. Graxaim-do-campo (Pseudalopex gymnocercus)
MUSTELIDAE
15. Irara (Eira barbara)
16. Furão (Galictis vittata)
17. Furão-pequeno (Galictis cuja)
18. Ariranha (Pteronura brasiliensis)
19. Lontra (Lontra longicaudis)
20. Doninha-amazônica (Mustela africana)
21. Cangambá, jaritataca (Conepatus semistriatus)
22. Zorrilho (Conepatus chinga)
PROCYONIDAE
23. Jupará-verdadeiro (Potos flavus)
24. Olingo, Jupará (Bassaricyon gabbii)
25. Quati (Nasua nasua)
26. Mão-pelada (Procyon cancrivorus )
(Fonte: Pró-carnivoros)