“O
principal problema da chegada da soja a esta
região tem sido a expulsão dos
trabalhadores rurais de suas terras. Várias
comunidades já foram dizimadas e suas
terras estão sendo transformadas em
grandes plantações, principalmente
nas regiões de Santarém e Belterra,
no Pará. A ocupação acontece
primeiro com a madeira e, em seguida, vem
o gado e a soja. Os colonos acabam vindo para
as cidades, engrossando as periferias. Chegam
sem perspectiva de emprego e acabam virando
peões em suas próprias terras.
Funcionários são trazidos de
fora porque os colonos não têm
formação para operar as máquinas.
A situação ficou mais grave
depois da instalação da Cargill,
porque deu esperança aos sojicultores
vindos de outras regiões do Brasil,
como norte do Mato Grosso e sul do País.
Sabemos inclusive que a empresa financia alguns
produtores para plantar soja. Existem estudos
que indicam que a área plantada pode
ser ampliada em até cinco vezes aqui
no Baixo Amazonas. Existe uma forte tendência
à concentração fundiária
na região. O Estudo de Impacto Ambiental
(EIA/RIMA) deveria ter sido feito antes da
construção do porto da Cargill
para conhecer melhor esses impactos. Esperamos
que a justiça seja feita para que o
meio ambiente seja respeitado. E fazemos um
apelo às pessoas para que não
vendam suas terras, que é a nossa única
fonte de renda – é ela que põe
a nossa comida na mesa”. |