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BIODIESEL
É PESQUISADO NO BRASIL DESDE A DÉCADA
DE 70
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2004
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Unificar o esforço
das pesquisas desenvolvidas no país voltadas
à produção de biodiesel, além
de centralizar a definição de estratégias
no campo da energia baseada em fontes alternativas
são os principais objetivos do Pólo
Nacional de Biocombustíveis de Piracicaba.
O protocolo de intenções assinado,
hoje, na cidade paulista, pelo presidente Lula faz
da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq) a coordenadora do projeto. Ligada à
Universidade de São Paulo (USP), a Esalq
tem longa experiência na condução
de pesquisas sobre o álcool combustível.
Além disso, a região de Piracicaba
é conhecida como pólo sucroalcooleiro
e centraliza boa parte da produção
de açúcar e álcool do Sudeste.
Os primeiros estudos sobre o uso do biodiesel no
país despontaram na década de 70,
em decorrência da crise de petróleo
que afligia o mundo. Hoje, o objetivo em investir
na tecnologia de energias renováveis, aliás,
decorre justamente de uma nova crise que se anuncia
há tempos: o esgotamento mundial do combustível
fóssil, cujas reservas existentes devem render
apenas mais quatro décadas de exploração.
Os estudos brasileiros de então comprovaram
a viabilidade técnica do biodiesel e resultaram
num inventário das espécies geradoras
de óleos vegetais. O uso do combustível
alternativo, na época, não vingou
porque o óleo diesel era praticamente imbatível
no mercado, como ainda o é, em função
de seu baixo custo. A despeito do componente econômico,
o ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT), lançou, em 2002, o Programa Brasileiro
de Desenvolvimento Tecnológico de Biodiesel
(Probiodiesel), motivado pela necessidade de encontrar
fontes alternativas geradoras de energia e, acima
de tudo, por causa da pressão cada vez maior,
inclusive por parte de entidades internacionais,
como as Nações Unidas (ONU), pela
redução na emissão de gases
poluentes.
O diesel é o combustível que mais
emite dióxido de carbono, o CO², responsável
por provocar e agravar o chamado efeito estufa.
No sentido literal, o efeito gera o aquecimento
do globo terrestre. A idéia do projeto coordenado
pelo MCT é testar o biocombustível
em várias capitais até o final de
2004. O Probiodiesel tem orçamento previsto
de R$ 8 milhões para esse período.
A mistura estudada até o momento é
a linha B-5, ou seja, mistura de 5% de óleo
vegetal ao diesel.
Outro laboratório da USP que avalia mistura
de óleos vegetais ao diesel é o Laboratório
de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel),
de Ribeirão Preto, onde é desenvolvido
o Projeto Biodiesel Brasil. Os pesquisadores têm
utilizado 11 variantes de óleos em testes
e ensaios: soja, amendoim, girassol, algodão,
milho, canola, mamona, pequi, macaúba, babaçu,
dendê e óleos provenientes de fritura
utilizados por restaurantes. Os óleos usados
são cedidos pela rede de lanchonetes McDonald's
e pelos restaurantes universitários da Esalq,
da USP (campus de Ribeirão e São Carlos)
e da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp),
campus de Jaboticabal. A fonte mais usada é
o óleo de soja por ser o mais abundante.
O Ladetel ganhou, nesta semana, o apoio do maior
fabricante e exportador de motores a diesel do Mercosul,
a International Engines South America. A empresa
repassará informações sobre
pesquisas e testes que realiza em sua linha de produção
e também oferecerá assistência
tecnológica a empresas transportadoras que
usam o biodiesel B-5 e o B-25. A eficiência
do combustível alternativo vem sendo testada
pelos pesquisadores em equipamentos agrícolas,
carros de passeio, locomotivas, motores e geradores
elétricos. Os testes incluem também
análises de consumo, durabilidade e emissão
de poluentes. Os pesquisadores avaliam as misturas
B-20, B-50 e B-100 nesses veículos.
Outras universidades têm realizado testes
em carros com biodiesel à base de óleo
soja. Uma delas é a do Paraná (UFPR),
que usa um carro modelo Golf diesel 1.9 turbo, cedido
pela Volkswagen/Audi, de São José
dos Pinhais. Esse é um dos veículos-teste
em avaliação no âmbito do Probiodiesel
e sua avaliação é dividida
entre a UFPR, o Instituto de Tecnologia do Paraná
(Tecpar) e a Rede Paraná Autotech.
O óleo de fritura da rede McDonald´s
também "abastece" outro projeto
de pesquisa, este uma parceria da Coordenação
de Programas de Pós-Graduação
em Engenharia (Coppe) e da Escola de Química,
ambas da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). São 25 mil litros de óleo
empregados como matéria-prima para a produção
de biodiesel. O combustível é testado
em veículos cedidos pela Volkswagen.
A inauguração oficial do pólo,
com a presença do presidente, hoje, é
fruto de uma proposta que nasceu em Piracicaba depois
de uma visita do ministro da Agricultura Roberto
Rodrigues e que deu origem a um pré-projeto
apresentado a Lula em outubro de 2003. A iniciativa
do governo demonstra que o pólo será
o centro decisório e gestor da Política
Nacional de Biocombustíveis e, para o diretor
da Esalq, José Roberto Postali Parra, a expectativa
dos pesquisadores da instituição é
a criação de uma sede para o pólo.
A localização já foi até
definida, seria na Fazenda Experimental Areão.
Outra perspectiva que se abre, e desejada pelos
pesquisadores, é a destinação
de recursos para financiar projetos de pesquisa,
ainda que não se saiba se o pólo terá
o poder de indicar que projetos devem ser financiados
ou mesmo a sistemática de avaliação
desses projetos. A primeira ação efetiva
do pólo, de acordo com Parra, será
a formação de uma comissão
gestora. A intenção é reunir
membros da universidade, do governo e do setor produtivo.
As empresas, aliás, serão chamadas
para patrocinar projetos de pesquisa.
Fonte: Agência Brasil (www.radiobras.gov.br)
Lana Cristina