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RESERVA KAZUMBÁ NO ACRE CRIA JABUTI E CAPIVARA EM CATIVEIRO

Panorama Ambiental
Rio Branco (AC) – Brasil
Janeiro de 2004

Com apoio do Ibama e fortalecidos pela organização da comunidade, 241 famílias ensinam como explorar a floresta sem destruí-la

Trabalhar em grupo nunca foi uma dificuldade para os moradores do antigo seringal Kazumbá, às margens do rio Caeté, há 1h e 30min da sede do município de Sena Madureira. A organização dos moradores teve início no final da década de 70, com forte influência da Igreja Católica através das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).
E hoje eles são uma das comunidades de seringueiros melhor organizada no Estado. Durante duas décadas, mesmo com o escasso apoio dos órgãos públicos, a comunidade não se rendeu insistindo em romper as adversidades. Desde 1993 conquistaram a criação da Reserva Extrativista do Kazumbá, num total de 1000mil hectares. E de lá para cá os avanços aumentam a cada dia.
Os moradores não querem apenas conforto, como luz elétrica, água encanada, posto de saúde e escola para as crianças. Eles desenvolvem vários projetos para movimentar a economia e gerar renda, não só com a borracha e a castanha, mas também com diversas alternativas.
Os moradores estão investindo na criação de Jabutis, queixadas e capivaras em cativeiro. Uma hectare foi preparada com trilhas foram reservados para os jabutis, e 12 hectares as capivaras. Já são 75 capivaras e 80 jabutis em apenas cinco do projeto que está na fase de adaptação e estudos. Os jabutis já colocaram vários ovos em inúmeros ninhos naturais na mata. Dentro de 9 meses nascem os primeiros filhotes. O projeto tem o apoio técnico e financeiro do Ibama. O projeto no papel foi elaborado pelos próprios moradores através de uma equipe interna e após enviado a Brasília teve aprovação tranqüila. “O mérito desse trabalho é todo da própria comunidade”, admirou-se o gerente executivo do Ibama, Anselmo Forneck, que esteve neste final de semana na reserva.
Forneck não conhecia o projeto dos seringueiros e ficou surpreendido pelo que viu. “Estou convencido de que as reservas extrativistas têm tudo para dar certo, mas para isso temos que continuar trabalhando para que as melhores condições sejam criadas e o esforço dos produtores tem melhores resultados cada vez mais”, disse ele.
O entusiasmo na comunidade é geral desde o início da idéia. Todos estão envolvidos e contribuem para que o trabalho coletivo tenha o melhor êxito. “É empolgante trabalhar com um animal tão conhecido na nossa região mas que não dávamos tanto valor. Agora é esperar para que possamos começar a fase de comercialização. Explica Raimundo Soares, morador da Reserva.
Além da criação de jabuti, os moradores trabalham também com capivaras. São 12 hectares de criação divididos em 5 lotes, sendo que em cada um há 15 capivaras. A alimentação dos animais é feita com milho, pupunha, mamão, capim e cana. A interação entre homem e animal é tão verdadeira que a mascote da reserva é uma queixada chamada carinhosamente de boneca, e que costuma brincar com os moradores da reserva.
A expectativa é que em 2005 a comercialização da carne seja possível. Hoje as capivara em ponto de abate vale em média 300 reais.
“No Brasil já existe mercado para a carne de capivara, o único problema que estamos enfrentando são os caçadores que insistem em invadir a área da reserva a procura dos animais,” conta Aldecir Serqueira Maia.

Na floresta a união faz a força: Associação Kazumbá Iracema mostra na prática como conviver em harmonia com o ambiente

A Reserva Kazumbá Iracema fica localizada a 1h30 minutos subindo o rio caeté, a distância não é problema para os moradores do local. A reserva foi criada oficialmente em 1993 com ajuda da igreja católica e abriga 241 famílias e possui posto e saúde, escola, água encanada, luz elétrica e telefone celular.

No núcleo moram 142 pessoas e 144 freqüentam a escola.

“Convivemos com a floresta de forma harmoniosa. Ao mesmo que exploramos os recursos temos todo o conforto da cidade”, explica Aldecir Serqueira Maia, conhecido como Nenzinho e presidente da associação. Aldecir que mora no lugar há 42 anos mostra ainda o orgulho da Reserva uma pousada construída com recursos próprios, na colocação Gama, igarapé Maloca. No local pesquisadores e estudantes encontram toda a estrutura necessária para desenvolver um bom trabalho. A pousada foi inaugurada por 11 alunos do curso de Ciências Animal da Universidade de Illinois, localizada nos EUA.
A equipe de estudantes veio compartilhar experiências acadêmicas sobre como melhorar o rebanho diminuindo a área da pasto.
“Não viemos apenas ensinar, mas também aprender como eles como conviver com a floresta tirando o melhor que ela tem e sem destruí-la. Nunca vou esquecer essa experiência.”, Lynsee Malchi, estudante.
A idéia da troca de experiência entre estudantes e produtores partiu do consultor do Ministério do Meio Ambiente(MMA) e coordenador da Reserva, Paulo Bezerra.
“A reserva é prioridade. Por isso estamos investindo no intercâmbio com universidades que deve continuar com outras turmas.”
O grupo conheceu como é feita a colheita da castanha e a extração do látex alguns até arriscaram corte na seringueira após uma aula do guia José Siqueira dos Santos. O doutor em Fisiologia da Reprodução, Kesler Darrel, espera voltar com outro grupo de alunos a reserva.

“A experiência é muito gratificante e por isso precisa ser colocada em prática outras vezes”.

A reserva é hoje a única do país que tem um plano de manejo produzido por servidores do Ibama. Foram meses de trabalho junto a comunidade, que agora já tem um documento onde estão registradas suas potencialidades e como elas podem ser exploradas de forma sustentável. O plano foi feito a partir de um estudo sócio-econômico realizado durante 8 meses dentro da reserva e também por amostragem e outros estudos anteriores já realizados, um deles o da Floresta Nacional do Macuã. O plano traça todo o perfil da reserva, o investimento feito pelo Ibama foi de apenas 50 mil reais.
A entrega do estudo aos moradores foi feita pelos coordenadores do plano Sebastião Santos da Silva e Vilani Alvez da Costa. “Esse é um momento especial na nossa vida profissional. Aceitamos o desafio de contribuir com a comunidade e agora estamos entregando o plano pronto para ser utilizado pelos moradores”, ressaltou Sebastião Santos.
Segundo o gerente do Ibama, Anselmo Forneck, a reserva é uma prova de que os investimentos no homem do campo tem tudo para dar certo.
“ Esse exemplo precisa ser seguido, aqui se mostra claramente que a organização é capaz de superar até a falta de recurso público. Conhecer esse trabalho é gratificante, e prova mais uma vez que estamos no caminho certo.”

Como surgiu a Reserva

Em 1984 a comunidade Eclesial de base da igreja católica começou o trabalho de evangelização. A comunidade aprendeu que Deus quer o homem livre e para isso enviou os apóstolos que dividiam tudo que tinham. A lição faz parte até hoje da vida do presidente da associação, Aldecir Serqueira Maia, 42 anos e pai de 3 filhos, ele sempre morou no Kazumbá e pelo trabalho realizado já foi convidado várias vezes para se candidatar a vereador mas recusou e explica por que.
“Aprendi que um sonho não se faz sozinho e para que a nossa reserva continue crescendo eu quero ficar aqui com a minha comunidade. Os extrativistas tem que se mobilizar para alcançar as metas e para isso a organização é fundamental.”
A reserva recebe apoio do Ibama com técnicos e vários projetos para conseguir recursos já foram enviados para o Fundo Nacional de Meio Ambiente, para a cooperação Brasil/Itália sendo que qualquer recurso conseguido será gerido pela própria comunidade.
O presidente da associação, espera agora pela visita do governador Jorge Viana, ele acredita que o governador será um grande parceiro da Reserva.
“Nos acreditamos que não é preciso sair da floresta para ter uma vida digna e acho que o governador pensa como a gente. Eu acredito que ele vai gostar do nosso trabalho.”

Estudantes americanos se encantam com a reserva

Um grupo de 11 estudantes da Universidade de Illinois, localizada nos EUA, conheceram neste final de semana a reserva Kazumbá. O grupo está de férias no Brasil, então decidiram conhecer a Reserva do Kazumbá para adquirir novas experiências importantes para a conclusão do trabalho de pesquisa em Ciência Animal na universidade Americana. “Queremos conhecer mais sobre o homem da Amazônia”, explica uma das alunas da universidade.
Durante 4 dias eles andaram pela floresta, comeram pratos típicos da região e aprenderam uma nova maneira de viver onde quem comanda é a natureza. Os estudantes não falam uma palavra em português, mas com muito bom humor tentavam se comunicar com a comunidade. Durante a noite, na sede da associação, foi organizada até uma encenação onde eles contavam como foi sair de uma temperatura de 12 graus e conviver com calor de 35 graus. Algumas delas até passaram mal e tiveram que ter uma alimentação especial.
Lynsee Malchi, é uma das estudantes do grupo, ela não perdeu nenhuma das atividades realizadas. “É encantadora a maneira como fomos recebidos e poder aprender sobre a Amazônia é uma experiência que nunca foi esquecer na vida.Com certeza contarei para meu filhos e netos tudo que vivi aqui”, comentou.
Os estudantes em uma das trilhas puderam experimentar castanha e ainda saber como é feita a extração do látex por um dos moradores da reserva, José Siqueira dos Santos. “É bom saber que jovens como esses, querem conhecer como vivemos nossa vida, nosso trabalho aqui na floresta. Eu vivo aqui com prazer e quero morrer aqui,” ressaltou o morador. Os estudantes também repassaram técnicas novas de manejo de pasto e outras novidades da ciência.

Fonte: Governo do Acre (www.ac.gov.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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