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ONGs DEFENDEM
PROJETO QUE CRIA CONCESSÕES DE USO
PARA ÁREAS PÚBLICAS DA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) - Brasil
Agosto de 2004
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04/08/2004 – O projeto
de lei que trata da exploração de
áreas públicas da Amazônia por
organizações não-governamentais
(ONGs) e empresas privadas se encontra na Casa Civil
para ajustes. A informação é
da assessoria do Ministério do Meio Ambiente.
Divulgado pela imprensa como um "projeto de
privatização da Amazônia",
entidades ambientais questionam essa visão
e apóiam a proposta como forma de desenvolvimento
sustentável.
Segundo a SOS Mata Atlântica, não se
trata de privatização, mas de garantir
o "controle público sobre terras públicas",
evitando, com isso, grilagem e o avanço das
madeireiras na região. Outra organização
ambiental, o Greenpeace, também considera
o projeto uma forma do governo "retomar o controle
da região".
“Este processo de concessão florestal está
escrito há anos e conta com a participação
das 24 principais ONGs ligadas à floresta.
Trata-se de uma tentativa de regulação
das concessões na Amazônia, criando
indicadores de sustentabilidade, áreas de
parques, de espécies ameaçadas e as
que podem ser disponibilizadas. É uma tentativa
de garantir o controle público sobre terras
devolutas”, disse Mário Mantovani, diretor
de relações institucionais da SOS
Mata Atlântica. Ele acrescentou que se trata
de uma concessão para exploração
de produtos sem degradação ambiental.
“Precisamos fazer esse marco regulatório”,
enfatizou ao lembrar que as áreas públicas
precisam de legislação.
Paulo Adário, coordenador do Greenpeace na
Amazônia, diz que a ONG também acompanhou
as discussões sobre o projeto de lei. Segundo
ele, 30% da Amazônia é protegida, mas
com sérios problemas. Além disso,
24% é área privada. O Greepeace estima
que 10% das áreas particulares foram privatizados
com base em títulos falsos de propriedade.
Sobram 46% de terras públicas, que pertencem
ao governo federal e que não têm proteção
alguma. “Não se trata de parques ou florestas,
mas de terras devolutas, que estão sendo
invadidas por madeireiros e grileiros. A indústria
madeireira está na vanguarda da invasão.
O governo pretende, com isso, recuperar o controle
sobre uma gigantesca área da Amazônia
sem nenhum status de proteção”, explicou.
Segundo ele, a ausência do governo causa invasões
e privatizações. “O governo tenta
estar presente criando este projeto de lei. Com
ele, o governo recupera o controle sobre as áreas
e define aquelas que precisam ser conservadas e
as que são de alto valor ambiental. As que
sobrarem, deve planejar e oferecer à iniciativa
privada para a exploração sustentável,
recebendo royalties”, disse. “Com isso, pode fortalecer
instituições de controle e garantir
a governância sobre o território. Se
o governo vai conseguir fazer isso é outra
questão”.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Keite Camacho