A nova espécie está
descrita no Journal of Herpetology (www.ssarherps.org).
A Phyllomedusa oreades é endêmica
das terras altas do Planalto Central, regiões
com altitudes superiores a 900 metros. Pode
ser encontrada em áreas da Chapada
dos Veadeiros, na Serra dos Pirineus, nas
partes altas da Serra da Mesa e no distrito
Federal.
A perereca tem coloração dorsal
verde com desenhos reticulados de coloração
preta, sépia e púrpura sobre
um fundo amarelo ou, laranja nas laterais
do corpo. Vive em pequenos riachos de águas
cristalinas, com fundo de pedras, nos campos
rupestres típicos de montanhas. Durante
o longo período de seca do Cerrado,
o animal abriga-se sob os cupinzeiros, onde
a temperatura mais baixa e a umidade são
vitais para sua sobrevivência.
Como parte da respiração das
pererecas se dá pela pele, elas necessitam
de umidade para manter sua fisiologia em funcionamento.
É comum aos anfíbios a existência
de secreções de pele, que possuem
diferentes funções, destacando-se
a proteção contra predadores
e agentes infecciosos. Muitas das secreções
dos anfíbios são conhecidas
por serem biologicamente ativas, em sua maioria,
alcalóides, aminas e peptídeos.
Na pele das espécies do gênero
Phyllomedusa, encontra-se uma classe de peptídeos
antimicrobianos chamados phyllomedusinas.
No caso da nova espécie, é essa
dermaseptina que pode agir contra o Trypanosoma
cruzi, sem apresentar toxidade às células
sanguíneas in vitro. Os primeiros resultados
dessas pesquisas estão publicados no
Journal of Biological Chemestry, em artigo
escrito em conjunto por pesquisadores brasileiros
chefiados pelo químico Carlos Bloch,
do Laboratório de Espectometria de
Massa da Embrapa.
Os anfíbios apresentam alto grau de
endemismo. Na prática, isso significa
que várias espécies vivem apenas
em áreas restritas com condições
ambientais específicas. Se a área
for degradada e essas condições
desaparecem, muitas espécies podem
ser extintas. Devido às suas características
fisiológicas, principalmente aquelas
relacionadas à sua pele, os anfíbios
são animais muito suscetíveis
à contaminação química
das águas, explica Reuber Brandão.
Segundo ele, a introdução de
espécies invasoras, as mudanças
climáticas globais, os desmatamentos
e a diminuição da camada de
ozônio são fatores que colocam
a vida desses animais em perigo.
Com pele permeável e ovos aquáticos
envolvidos em uma delgada camada gelatinosa,
os anfíbios absorvem rapidamente substâncias
diluídas no meio à sua volta.
“Por necessitarem de boa qualidade dos ambientes
para a reprodução, os anfíbios
são excelentes indicadores ambientais.
Sua presença pode denunciar a saúde
do ecossistema em que habita” diz o herpetólogo.
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