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SISTEMA DE CRÉDITO DE CARBONO PODE TRAZER BENEFÍCIOS A ATERROS SANITÁRIOS

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) - Brasil
Março de 2004

Martin D’Ávila/MMA

Para estimular a discussão sobre o sistema de créditos de carbono, como forma de compensação financeira, por meio do qual os países desenvolvidos pagariam pela redução da emissão dos gases de efeito estufa, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado – SMA organizou o Seminário “Créditos de Carbono Contribuindo para a Solução da Gestão de Resíduos Sólidos”, reunindo especialistas de diversas instituições brasileiras.
O encontro, que tem o objetivo específico de fomentar a elaboração de projetos em aterros de resíduos sólidos no Brasil, iniciou-se nesta terça-feira (23/3) e continuará amanhã, encerrando-se na quinta-feira (25/03) com uma visita à Termelétrica a Biogás de 20 MW do Aterro Bandeirantes.
Em sua abertura, o evento contou, entre outros, com a presença do secretário

estadual do Meio Ambiente, professor José Goldemberg, e do secretário do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, Adriano Diogo, além de Werner Kornexl, do Banco Mundial, Rossana Cunha Rêgo, secretária de Captação de Recursos para Ações Sociais do Distrito Federal, Newton Paciornik, do Ministério da Ciência e Tecnologia, André Ramon, do Ministério de Minas e Energia, e Sérgio Bueno de Fonseca, da Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.
O professor Goldemberg destacou a importância do seminário, lembrando que os resultados do sistema de créditos de carbono relativos às iniciativas de aproveitamento do biogás nos aterros sanitários ainda não são significativos no país. No entanto, disse acreditar num futuro promissor para esse mercado, estimando que o valor da tonelada de carbono na União Européia chegará ao equivalente a US$ 20, sendo que hoje esse valor oscila em até US$ 4.

O secretário aproveitou para cobrar dos representantes do Governo

Federal uma política que permita que médios e pequenos empreendedores na área de disposição final de resíduos sólidos possam desfrutar dos benefícios do sistema, o que poderia estimular a instalação de aterros sanitários em todo o interior do Estado de São Paulo. Citou a geração de energia elétrica no Aterro Bandeirantes, da Prefeitura de São Paulo, como exemplo de reaproveitamento do metano, um dos principais gases que contribuem para o efeito estufa.
Os representantes do Banco Mundial e da Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades vêm procurando atuar de forma mais intensa na questão de resíduos sólidos, principalmente em relação ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, no qual se inserem os projetos envolvidos no sistema de créditos de carbono.
Tanto Werner Kornexl quanto Sérgio Bueno de Fonseca concordam quanto à importância do “workshop”, acreditando que o evento deverá contribuir para a apresentação de um número maior de projetos com possibilidades de venda de créditos.
Segundo João Wagner Alves, gerente da Divisão de Questões Globais da CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, órgão da SMA, que coordena o seminário, há vários projetos ou mesmo empreendimentos já instalados e funcionando, no Brasil, como o sistema de geração de energia elétrica do Aterro Bandeirantes, que estão tentando obter os benefícios relativos aos créditos de carbono.
Os empreendimentos aprovados e que efetivamente assinaram contratos são poucos, como o Projeto Plantar, de Minas Gerais, e o Aterro Onyx Sasa, de resíduos industriais e domésticos, em Tremembé, no Interior de São Paulo.

Projetos

"O lixo é um manancial de pesquisa", disse o professor José Henrique Penido Monteiro, ao apresentar o Aterro Gramacho, localizado em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, antes e depois de passar por um processo de recuperação. "De 1978, quando o aterro Gramacho entrou em operação, até 95 tínhamos uma visão do Inferno de Dantes, com a ocorrência de combustão de gases permanente em sua área. Começamos, então, um estudo sobre o potencial da energia gerada", falou Monteiro.
Com a recuperação do aterro, que ocupa 1,3 milhão de m² e recebe 9.500 toneladas de lixo por dia, foram instalados 80 pontos de captação de biogás, interligados em rede, que transporta o produto até a BR-040, além de mais 380 pontos queimando em poço aberto.
O Aterro Gramacho conta com um pequeno projeto para o aproveitamento do biogás, que segundo Monteiro é um exemplo de processo de geração de créditos de carbono, com base em uma pequena unidade de geração de energia (200 KW) a biogás e biodiesel. "A licitação para a concessão da exploração do biogás do Gramacho é para um período de 15 anos, que deverá reduzir em 30 mil toneladas o lançamento de carbono para a atmosfera", completou.
"O chorume e o biogás são os principais efluentes dos aterros sanitários", disse Breno de Palma, diretor da Onyx Sasa, que gerencia o Aterro de Tremembé, no Vale do Paraíba. O biogás lançado diretamente na atmosfera contribui para o aumento do efeito estufa e proporciona risco de incêndio e explosão, devido à queima incompleta e sem controle, pois só a exaustão espontânea do gás é queimada. O chorume polui a água subterrânea, córregos e rios.
"No Brasil, o lixo urbano tem alto teor de matéria orgânica e o biogás produzido é composto de metano (50 a 55%), gás carbônico (35 a 38%) e oxigênio (1 a 2%)", explicou Palma.
Em 2001, na procura de uma alternativa para o tratamento do chorume e para o aproveitamento do biogás gerado nesse aterro, com 120 hectares de área, a Onyx Sasa optou por um sistema de tratamento com a evaporação do chorume e o aproveitamento energético do biogás, iniciado em março de 2001. Esse sistema gerava uma vazão média de biogás da ordem de 450 m³/h em 2001, com expectativa de uma vazão de 2.200 m³/h, em 2012, que levou o Departamento de Energia Renovável da Onyx Sasa a apostar num projeto MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) para a recuperação e venda de créditos de carbono para a Holanda.
De acordo com Palma, a Onyx Sasa é o primeiro aterro do Brasil a assinar um contrato de venda de crédito de carbono, o que aconteceu em dezembro do ano passado. O comprador é o Governo da Holanda e o contrato vai durar dez anos, envolvendo o equivalente a 500 mil toneladas de gás carbônico no valor total de 1,5 milhão de euros ou, aproximadamente, R$ 5,6 milhões. Palma lembrou que, além dos incentivos econômicos, o sistema deve ajudar na melhoria das condições de disposição final de resíduos no país.
O conjunto de características para um aterro ser interessante para a captação de biogás depende do volume de lixo que recebe, o seu conteúdo orgânico e a quantidade de chuva. Com uma captação total de 25 mil m³, o Aterro Bandeirantes é um forte candidato à obtenção de créditos de carbono, com a entrada em funcionamento, em 23 de dezembro de 2003, da Usina Termoelétrica Bandeirantes, para geração e venda de energia.
Ao ser questionado sobre a usina, Luiz Sérgio Kaimoto, diretor da Cepolina Engenheiros Consultores S/C Ltda., disse: "Antes de mais nada, o Projeto Usina Termoelétrica Bandeirantes, pelo seu pioneirismo na América Latina, é a maior usina do gênero no mundo e constitui-se em uma referência para todos os empreendimentos do gênero no País, tanto para projetos de MDL como para a geração de energia renovável, coroando com honra, neste momento, toda luta incondicional do professor Goldemberg, não só no País como no mundo, dentro da ONU – Organização das Nações Unidas".

Fonte: SMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Mário Senaga e Renata Egydio
Foto: José Jorge

 
 
 
 

 

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