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2ª EXPEDIÇÃO
ESTUDA ÁREAS MAIS REMOTAS
DE TUMUCUMAQUE
Panorama Ambiental
Belo Horizonte (MG) – Brasil
Janeiro de 2005
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Macapá (06/01/2005)
- Teve início a segunda Expedição Científica
ao Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, que tem por
objetivo estudar a diversidade biológica do maior
parque em floresta tropical do planeta. A iniciativa integra
a série de Expedições Científicas
ao Corredor de Biodiversidade do Amapá, que vem sendo
executada pela parceria interinstitucional envolvendo o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), a organização não-governamental
Conservação Internacional (CI-Brasil), o Instituto
de Pesquisas Científicas do Amapá (IEPA) e
Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA). A Expedição
ainda conta com o apoio do 1º Comando Militar da Aeronáutica
(COMAR), do Comando Militar da Amazônia (CMA) e do
Exército Brasileiro, com uma equipe do 3º Batalhão
de Infantaria de Selva (BIS).
A área estudada está em uma das regiões
mais remotas da unidade, no extremo Oeste do Parque Nacional,
próximo à tríplice fronteira entre
Brasil, Suriname e Guiana Francesa. A topografia é
acidentada, com presença de afloramentos graníticos
entre florestas de terra firme. Integra a região
das cabeceiras do Rio Jarí e está próxima
a um importante divisor de águas - entre a Bacia
Amazônica e região do Caribe.
O alto grau de dificuldade e complexidade da operação
demandou um planejamento minucioso, especialmente em relação
ao transporte. O local de pesquisa está situado a
485 quilômetros de Macapá, a Noroeste da capital.
Como o acesso à área só é possível
por meio de aeronaves, a Diretoria de Proteção
Ambiental do Ibama buscou a parceria da Força Aérea
Brasileira (FAB) e do CMA, em Manaus (AM). A base aérea
de Missão Tiriyós, localizada no extremo Norte
do Estado do Pará, a 600 quilômetros de Macapá,
funcionará como ponto de apoio. Cerca de 1,5 tonelada
de carga, entre equipamentos, materiais e alimentos não
perecíveis que serão utilizados na Expedição,
já foram levados à base aérea, com
o apoio de uma aeronave cedida pelo 1º COMAR, de Belém
(PA). Para o assessor da DIPRO, Kleber Alves, a ação
representa uma das maiores expedições já
realizadas no país, pelo grau de importância,
ineditismo e grandiosidade da empreitada.
De acordo com o chefe do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque,
Christoph Jaster, o translado da equipe será efetuado
em etapas: um grupo de mateiros deixou Macapá na
terça-feira, dia 04, com destino a Tiriyós.
De lá, foram transportados pelo helicóptero
do Ibama até o ponto de amostragem, situado a aproximadamente
140 quilômetros da base aérea e, neste momento,
realizam a abertura das trilhas e a instalação
do acampamento. Os demais membros da equipe começaram
a ser transportados na quarta-feira, dia 05, em duas aeronaves
do Ibama. Até sábado, todo o grupo deve chegar
ao ponto de pesquisa e amostragem da Expedição,
em um helicóptero de grande porte do CMA, dando início,
na semana que vem, as atividades de campo. O retorno está
previsto a partir de 22 de janeiro.
Composta por 31 pessoas, a equipe reúne analistas
ambientais do Ibama e pesquisadores do IEPA e CI-Brasil.
Como na última Expedição à unidade,
são sete os grupos estudados: mamíferos, incluindo
morcegos, aves, répteis e anfíbios, crustáceos,
peixes e plantas. Uma especialista em geoprocessamento e
mapeamento, além de auxiliares de campo e soldados
do 3º BIS, que atuam na operação de rádio,
cozinha e em situação de resgate, completam
a equipe.
Durante dezesseis dias, o grupo pretende coletar informações
científicas que subsidiarão o Plano de Manejo
da unidade, em processo de elaboração. Em
razão do estado de conservação da área
e pelas características geográficas que dificultam
o acesso e a interferência humana no local, os pesquisadores
esperam encontrar dados inéditos de fauna e flora.
“Em três expedições realizadas até
agora no Corredor de Biodiversidade do Amapá, nós
conseguimos aumentar em mais de 50% o número de espécies
de morcegos registradas no Estado, passando de 45 para 69.
Se esse ritmo continuar, podemos duplicar e, quem sabe até
triplicar, o conhecimento sobre a diversidade de alguns
grupos biológicos. Esta região de Tumucumaque
é muito promissora, pois nunca foi explorada pela
ciência”, diz Enrico Bernard, coordenador de projetos
da CI-Brasil e especialista em morcegos.
Pela primeira vez, a atividade contará com uma ampla
cobertura da mídia nacional. Repórteres da
Rede Globo de Televisão e do jornal O Estado de São
Paulo acompanham os pesquisadores nessa jornada. O P Parque
Nacional Montanhas do Tumucumaque será tema de um
Globo Repórter, incluindo a Expedição
Científica. Nesse momento, a equipe está percorrendo
vários pontos da unidade, incluindo a comunidade
de Vila Brasil, no médio Oiapoque e a região
do Rio Amapari.
Para o gerente executivo do Ibama, Edivan Barros de Andrade,
a ação representa um estágio importante
no processo de implantação do Parque. “A Expedição
permitirá aos amapaenses conhecer melhor uma região
da qual se tem pouca informação científica”.
Para o gestor, a participação dos jornalistas
em campo representa uma oportunidade para mostrar a todo
o país o trabalho que o Ibama desenvolve no Parque
Nacional e nas demais unidades de conservação.
“É uma divulgação positiva do Parque
Nacional Montanhas do Tumucumaque, e, por conseguinte, do
estado do Amapá. E isso só pôde ocorrer
pelo apoio decisivo que recebemos da alta direção
do Ibama”, ressalta.
Além da importância científica dos dados
a serem coletados, a iniciativa representa um marco nas
atividades desenvolvidas pelo Ibama no processo de implantação
e gestão do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque
- maior unidade de conservação do país,
com 3,867 milhões de hectares, ou seja, 0,7% do bioma
amazônico. A unidade integra o Programa Áreas
Protegidas da Amazônia (ARPA), uma iniciativa do Governo
Federal coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente
e Ibama, em parceria com estados e municípios da
Amazônia Legal brasileira e doadores internacionais.
A primeira Expedição foi realizada em setembro
de 2004 e concentrou-se em uma área próxima
à confluência dos rios Anacui e Amapari, nos
municípios de Serra do Navio e Pedra Branca do Amapari.
Outras três expedições científicas
devem ocorrer ainda este ano, integrando o projeto de Inventário
Biológico do Corredor de Biodiversidade do Amapá.
Fonte: Conservation International (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa