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FÓRUM
PAN-AMAZÔNICO VAI DISCUTIR IMPACTO
DA PRODUÇÃO DA SOJA NA REGIÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2005
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13/01/2005 - A produção
de soja na região amazônica é
foco das preocupações de ambientalistas,
representantes de movimentos sociais e sociedade
civil. "A soja gera um número pequeno
de empregos diretos e provoca a concentração
de terras. Isso resulta no aumento de conflitos
agrários e no processo de devastação",
afirma a coordenadora da Comissão Nacional
da Amazônia da Central Única dos Trabalhadores
(CUT), Luzia Fati. A CUT questiona os impactos causados
pela produção de soja na região
Amazônica.
O assunto será discutido no 4º Fórum
Social Pan-Amazônico (FSPA) que se realiza
nos próximos dias 18 e 22 em Manaus (AM).
"O agronegócio é uma questão
para o movimento social e não deve ficar
de fora da discussão porque atinge diretamente
as populações da Amazônia principalmente
com a entrada da economia na região",
diz a presidente do Grupo de Trabalho Amazônico
(GTA), Maria de Aquino. Ela afirma que a Amazônia
possui uma diversidade muito rica e precisa ser
utilizada de maneira sustentável. "Não
dá para dizimar populações,
retirar florestas, poluir rios, acabar com a biodiversidade
para produzir um único produto. É
preciso desenvolver a Amazônia utilizando
o potencial florestal, hídrico e com o envolvimento
dos povos locais."
Luzia Fati explica que a CUT não tem necessariamente
um posicionamento contrário à produção
da soja. "Ela é positiva na balança
comercial. No entanto, em alguns lugares, ela vem
de encontro com a realidade ambiental." A central
sindical, segundo a coordenadora, defende o desenvolvimento
da região com a promoção de
justiça social para garantir o direito dos
trabalhadores.
Nessa semana, o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) divulgou um estudo que mostra que
o crescimento da área plantada de soja teve
uma explosão nos últimos três
anos agrícolas (2001/2002, 2002/2003 e 2003/2004),
com expansão média anual de 13,8%,
mas não chegou a "invadir" a Amazônia.
O estudo sugere que esse aumento da área
com soja se baseia na conversão de "pastagens
degradadas" e não de áreas "virgens".
As áreas virgens de cerrado ou da floresta
amazônica disponíveis, de acordo com
o texto, não possuem a "infra-estrutura
necessária" uma atividade como a soja
(leia "Estudo do Ipea mostra que área
cultivada pela soja não 'invadiu' a Amazônia").
Estudos de ambientalistas, no entanto, comprovaram
o inverso na região do médio e norte
do Mato Grosso. O trabalho se baseia numa coleta
de dados sobre os 65 maiores desmatamentos de 2003
no Mato Grosso. Todos eles acima de 1.300 hectares.
A partir desses focos, o grupo organizou sobrevôos
para fotografar e filmar 21 dos principais pontos
desmatados. "Identificamos que desmatamentos
de 2002, 2003 e até de 2004 já estão
plantados com soja, o que mostra uma relação
direta entre a soja e a motivação
do desmatamento", diz André Lima, advogado
do ISA e um dos autores do estudo. (leia também
"Estudo de organização ambiental
vincula desmatamento à expansão da
soja no país ").
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Bianca Estrella / Christiane Peres