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INDÍGENAS
TROCAM EXPERIÊNCIAS NO 4º FÓRUM
SOCIAL PAN-AMAZÔNICO
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Janeiro de 2005
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20/01/2005 - O 4º
Fórum Social Pan-Amazônico, que se
realiza na capital amazonense até sábado
(22), funciona como espaço de troca de experiências
de organização política para
indígenas dos diversos paises por que se
espalha a maior floresta tropical do planeta, além
de representantes de comunidades mais longínquas.
Entre os observadores presentes ao encontro está
a ativista Surekha Dalvi, representante de uma coalizão
que, segundo os organizadores do Fórum, abarca
70 milhões de "indígenas"
(representantes de comunidades tradicionais) da
Índia. "Vim para conhecer a região
e seus habitantes. Nunca estive aqui, mas acho que
temos muito em comum. Em todo o mundo, enfrentamos
hoje a mesma realidade de lutar contra a globalização
imperialista e por uma globalização
humanizada, contra a privatização
dos recursos naturais, como a água e a floresta",
afirma.
Irma Velásquez encarou dois dias de avião
para chegar a Manaus. Ela vive numa comunidade F’ichee’,
na região de Quetzaltengo, na Guatemala,
país da América Central. Irma diz
ter vindo ao fórum para fazer contatos com
outros povos indígenas latino-americanos.
"Se não há conhecimento de luta
e estratégia, não se avança",
afirma ela, que considera como bons exemplos de
organização indígena a Coiab
(Coordenação das Organizações
Indígenas da Amazônia Brasileira) e
as experiências do Chiapas, no México
(região parcialmente controlada há
dez anos pelos guerrilheiros indígenas do
Exercito Zapatista de Libertação Nacional).
"Mas não há modelos, cada povo
vai encontrar sua própria forma de organização",
acrescenta.
O jovem Marlon Santi, da etnia kichwa, é
representante da Confederação de Nacionalidades
Indígenas do Equador (Conaie), uma das entidades
organizadoras do Fórum, tão forte
em seu país que, em 2000, foi a principal
articuladora da série de manifestações
que culminou com a deposição do então
presidente equatoriano Jamil Mahuad. "Foi uma
luta para mudar a nossa imagem política.
Agora queremos mudanças no governo Lucio
Gutierrez, que se vendeu ao imperialismo",
afirma. Ele explica que a Conaie considera medidas
que permitiram aumento da presença militar
americana no país como sinal da traição
de Gutierrez. O presidente ascendeu democraticamente
ao poder pouco depois da deposição
de Mahuad, com apoio dos movimentos indígenas
do país.
"O que ainda precisamos resolver em eventos
como este é a falta de comunicação
entre os povos indígenas da região",
afirma Celestino Wisnu, ashuar que também
é ligado à Conaie.
"A defesa dos direitos indígenas não
cabe só a nós. Toda a sociedade tem
de saber disso", afirmou, em uma das conferências
da manhã de hoje, a advogada Joênia
Wapichana, primeira indígena brasileira nessa
profissão. No ano passado, ela recebeu em
Nova York (EUA) o prêmio Reebock 2004 - Em
Defesa dos Direitos Humanos, ao lado do afegão
Nader Nadery, da nigeriana Yinka Ekpe (mulheres
com Aids) e da norte-americana Vanita Gupta (racismo
no sistema judiciário).
Durante o encontro, os indígenas de Roraima
aproveitam para divulgar sua luta pela demarcação
da área de Raposa Serra do Sol como território
contínuo. Vale pregar cartazes pelas paredes
do local onde se realiza o Fórum Social Pan-Amazônico,
distribuir folhetos e até vender de mão
em mão o CD "Caxiri na Cuia", coletânea
de forrós com letras pró-indígenas
– trata-se de uma resposta dos índios de
Roraima a canções consideradas preconceituosas
produzidas pelos brancos da região nos últimos
anos.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Spensy Pimentel