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SÃO
FRANCISCO TEM ÁGUA PARA PROJETO DE
INTEGRAÇÃO, AFIRMA CNRH
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2005
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17/01/2005 O Conselho
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) aprovou
hoje, com 36 votos favoráveis, dois contrários
e dez abstenções, um parecer da Agência
Nacional de Águas (ANA) que afirma que o
Rio São Francisco tem água em quantidade
suficiente para o Projeto de Integração
da Bacia do Rio São Francisco com as Bacias
Hidrográficas do Nordeste Setentrional, coordenado
pelo Ministério da Integração.
Os próximos passos são a publicação
de uma resolução, pelo CNRH, e a emissão
da outorga (licença) para uso da água,
pela ANA, o que deverá acontecer nos próximos
dias. "Os outros aspectos relativos ao projeto
de integração continuam sendo avaliados
no processo de licenciamento ambiental", disse
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que presidiu
grande parte da reunião.
De acordo com a Nota Técnica 492 da ANA,
de 23 de setembro de 2004, "há disponibilidade
hídrica para atender as demandas do Projeto
de Integração São Francisco".Conforme
a Agência, a quantidade de água fornecida
pelo rio é a mesma desde 1930, quando começaram
a ser feitos os controles de vazão.
O projeto pretende captar 26 m³/s de água,
cerca de 1% do que o São Francisco despeja
no mar, e levar o recurso para bacias dos rios Jaguaribe
(CE), Apodi (RN), Piranhas-Açu (PB e RN),
Paraíba (PB), Moxotó (PE) e Brígida
(PE). O empreendimento prevê a construção
de dois canais: o Leste levará água
para Pernambuco e Paraíba; e o Norte, já
batizado de Celso Furtado pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, atenderá aos estados do Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte. As captações
serão feitas em dois pontos: em Cabrobó
e no lago da Barragem de Itaparica, ambos abaixo
da barragem de Sobradinho, onde a vazão é
regularizada.
Durante o encontro, Marina Silva fez questão
de salientar que todo o processo que levou à
aprovação da Nota Técnica 492
da Agência Nacional de Águas (ANA),
de 23 de setembro de 2004, que atesta a viabilidade
do projeto de integração, foi aberto,
legítimo, democrático e participativo.
Marina Silva destacou, também, que o Plano
da Bacia do São Francisco foi elaborado no
tempo recorde de seis meses, com total apoio do
Comitê de Bacia Hidrográfica. "Ao
Ministério do Meio Ambiente cabe deliberar
sobre o que lhe compete no âmbito do CNRH
e executar o processo de licenciamento ambiental
da obra, que começou no último sábado
em Fortaleza", disse a ministra.
Também durante a reunião, na sede
do Ibama, os conselheiros ouviram argumentos de
especialistas da ANA, do Ministério da Integração
Nacional e do Comitê da Bacia Hidrográfica
do São Francisco sobre a capacidade hídrica
do rio e sobre o projeto para levar água
do manancial a algumas regiões do Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.
De acordo com o ministro interino do Ministério
da Integração, Pedro Brito, as obras
do projeto de integração devem começar
em abril. Para ele, entre os benefícios econômicos
do projeto de integração, estão
o aumento na geração de empregos,
com 180 mil postos diretos, e o aumento de 7% do
Produto Interno Bruto (PIB) regional nos estados
receptores de água da Bacia do São
Francisco. "O projeto é de desenvolvimento,
não vai só levar água para
beber. Não vai acabar com a seca, que é
um fenômeno natural e repetitivo, mas dará
uma enorme contribuição para reduzir
as mazelas sociais e políticas da região",
disse.
De acordo com Marcelo Asfora, da Câmara Técnica
de Outorga e Cobrança do Comitê de
Bacia do São Francisco, aspectos como o baixo
nível de acesso a água na bacia, outorgas
superdimensionadas e alguns projetos inacabados
precisariam ser solucionados para melhorar a gestão
do recurso na região. Além disso,
o projeto de integração não
atenderia de forma adequada a população
difusa, induziria ao subuso dos mananciais locais
e ao abandono de usos mais econômicos, não
consideraria o planejamento dos estados. "O
projeto de integração deveria ser
melhor discutido", disse o presidente do Comitê
da Bacia Hidrográfica do São Francisco,
José Carlos Carvalho.
Revitalização
Durante a reunião do CNRH,
Marina Silva destacou avanços na área
de recursos hídricos do atual governo, como
o Plano Nacional de Recursos Hídricos, em
elaboração, e o Plano de Recursos
da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Sobre o Programa de Revitalização
do Velho Chico, a ministra lembrou que R$ 100 milhões
estão garantidos em 2005, com recursos dos
ministérios do Meio Ambiente (coordenação)
e da Integração. Segundo Marina Silva,
R$ 620 milhões foram investidos em saneamento
em toda a bacia, em 2004, e outros R$ 620 milhões
estariam garantidos para este ano, pelo Ministério
das Cidades e pela Funasa.
Audiências
O Ibama retoma nesta
terça-feira (18), em Natal (RN), a série
de audiências públicas sobre o processo
de licenciamento ambiental do projeto de integração
da Bacia do Rio São Francisco. O encontro
será às 18h30 no auditório
do Hotel Praia Mar. A primeira audiência foi
realizada em Fortaleza, no último sábado
(15), e teve a participação de 160
pessoas. Até o dia 2 de fevereiro, o Ibama
realizará audiências públicas
sobre a integração da bacia do São
Francisco em mais seis estados, doadores e recepctores
de água: Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia e Minas Gerais. "Estamos trabalhando
de acordo com nosso cronograma. Não existe
qualquer pressão sobre o Ministério
ou sobre o Ibama para um licenciamento 'a toque
de caixa'", garantiu a ministra Marina Silva.
Em novembro de 2004, uma liminar havia suspendido
uma reunião do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos que votaria o parecer da ANA. A
decisão foi concedida pela juíza substituta
da 16ª Vara da Justiça Federal, do Distrito
Federal, Iolete Maria Fialho de Oliveira. Já,
em dezembro, uma ação cautelar concedida
pelo juiz da 7ª Vara da Justiça Federal
de Salvador, João Batista de Castro Júnior,
também suspendeu todas as audiências
públicas que seriam realizadas pelo Ibama
e todo o processo de licenciamento ambiental.
Fonte: MMA – Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom