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LIDERANÇAS
INDÍGENAS TENTAM NEGOCIAÇÃO
NA SEDE DA FUNAI EM MANAUS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Janeiro de 2005
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Brasília
- Uma comissão de negociação,
formada por 15 lideranças indígenas,
permanece na sede da Fundação Nacional
do Índio (Funai), em Manaus, pelo menos até
a próxima sexta-feira (28), quando será
realizada nova audiência judicial para tentar
encerrar a ocupação do local, que
já dura quase um mês.
No início de janeiro, cerca de 100 índios
ocuparam a sede da Funai. Eles pedem a saída
do administrador, Benedito Rangel, e a nomeação
de um índio para o cargo, além da
demarcação de terras no município
de Autazes (AM). A saída da maioria dos índios
foi decidida após audiência na segunda-feira
(24), em Manaus.
Um dos líderes da manifestação,
Jecinaldo Barbosa, disse que a comissão vai
acompanhar os trabalhos da Funai e buscar "entendimentos"
com o administrador interino. "Durante esta
semana, serão elaboradas propostas de encaminhamento
para uma nova gestão da Funai em Manaus,
de uma forma participativa, em que os indígenas
vão trabalhar uma lista tríplice para
um novo administrador, tendo em vista que não
há mais condições de trabalho
com esse administrador, independentemente de irregularidades
apontadas pelas lideranças", afirmou
Jecianaldo. Segundo ele, o antigo administrador
não ouvia as reivindicações
da população indígena.
O vice-presidente da Funai, Roberto Lustosa, disse
que o órgão está buscando um
diálogo com os índios, mas não
é possível eles escolherem o novo
administrador, como estão querendo. "Essa
função é do presidente do órgão",
disse.
Para Lustosa, a ocupação vem trazendo
prejuízos a diversas etnias, uma vez que
os trabalhadores não estão indo para
o trabalho devido a ocupação. "Nossos
funcionários não podem entrar porque
os índios não oferecem condição
de segurança para eles", afirmou. "A
Funai está completamente paralisada. Temos
várias atividades fundamentais que estão
interrompidas, como o próprio fechamento
contábil do ano, assistência aos índios
que não está sendo feita", completou.
De acordo com o vice-presidente, há uma situação
gravíssima em Tefé (AM) onde quatro
índios foram assassinados por madeireiros
e com o órgão paralisado não
há como dar assistência aos índios.
"Os madeireiros estão ameaçando
voltar ao local, com um grupo maior e mais armado
e os índios da região estão
assustados e desprotegidos porque a Funai de Manaus
não tem condições de dar amparo",
ressaltou.
Jecinaldo Barbosa disse que o crime em Tefé
mostra que a Fundação está
"mal aparelhada, ultrapassada e totalmente
incapaz de fazer uma fiscalização,
um projeto de proteção das terras
indígenas". Ele afirma que os índios
querem ajudar ao órgão.
Fonte: Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Luciana Vasconcelos