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GOVERNO
VOLTA A ACEITAR PLANOS DE MANEJO FLORESTAL
NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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03/02/2005 - Após
reunião com madeireiros do Pará, hoje
(3), em Brasília, o governo reavaliou a decisão
de suspender todos os planos de manejo florestal
da Amazônia Legal. Também ficou decidida
a manutenção do recadastramento dos
proprietários de terra, seja de uso madeireiro
ou agropecuário. Para aqueles com propriedades
acima de 400 hectares, no entanto, os títulos
ficam inibidos até a apresentação
dos documentos exigidos pelo Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
(Incra). Na prática, significa ficar sem
acesso a crédito e não poder dispor
da terra como forma de garantia ou para venda.
Segundo o secretário de Biodiversidade e
Florestas do ministério do Meio Ambiente,
João Paulo Capobianco, mais de 100 planos
de manejo de propriedades com exploração
florestal, do sudoeste do Pará, estão
garantidos, desde que obedeçam aos critérios
ambientais estipulados em lei. Dos 24 suspensos
anteriormente pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), cerca de 15 foram reconsiderados, de acordo
com Capobianco. "O restante é de propriedades
que ficam em áreas de conservação
ou em terras indígenas – esses não
foram aceitos antes, nem serão", afirmou.
Os planos de manejo são necessários
para exploração de madeira. Antes
da reunião, os madeireiros afirmavam que
a safra florestal de 2005 estaria ameaçada
com a suspensão dos planos de manejo.
O presidente do Sindicato da Indústria Madeireira
do Sudoeste do Pará, Luiz Carlos Tremonte,
disse ter ficado satisfeito com o resultado da reunião.
"O Incra nos prometeu enviar uma equipe para
recadastrar todo mundo da região na quarta
ou quinta da semana que vem. Também é
preciso ressaltar que ninguém perdeu o direito
sobre sua área", revelou. Ele afirmou
que iria tranqüilizar o grupo que lidera o
bloqueio da BR-163 (Cuiabá-Santarém)
o mais rapidamente possível e garantir o
fim do isolamento do município de Novo Progresso.
A cidade está sem acesso há nove dias,
quando um grupo de madeireiros destruiu pontes e
fechou a pista. Eles reivindicavam a extensão
do prazo para orecadastramento.
Em Novo Progresso, parte do comércio está
fechada desde terça-feira e já se
começou a fazer racionamento de energia.
A cidade é abastecida a óleo diesel
e, com o bloqueio, nenhum caminhão foi autorizado
a entrar na cidade. Com isso, conforme relata o
prefeito Toni Gonçalves, há uma semana
só há alimentos não-perecíveis
na cidade, como arroz e feijão. "Os
mercados estão todos fechados e o estoque
já está bastante reduzido", contou.
O bloqueio produziu uma fila de caminhões
e outros veículos em pelo menos 25 quilômetros
da BR-163.
O secretário de Biodiversidade disse que
não foi negociado o desbloqueio da BR-163
diretamente, já que os madeireiros presentes
à reunião de hoje não são
os que lideram o movimento. Mas Capobianco se disse
esperançoso de que a manifestação
chegue ao fim breve. E ressaltou que a portaria
do Incra, que determinou o recadastramento, não
prevê cancelamento de títulos nem integração
de posse pelo governo. "Queremos tranqüilizar
os proprietários: o recadastramento continua",
disse.
Fonte: Agência Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Lana Cristina