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SAMBA ESQUEMA
NOVO:
CARNAVAL ABORDA QUESTÕES SOCIOAMBIENTAIS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Fevereiro de 2005
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04/02/2005 Algumas
das principais escolas de samba do País apresentam
este ano enredos sobre temas socioambientais. Preservação
ambiental, ecologia, inclusão social e desmatamento
são destaques nos desfiles no Rio e em São
Paulo. O agronegócio também está
presente com escolas que exaltam o cultivo da soja.
Temas socioambientais desfilarão nas avenidas
neste carnaval. Apenas nos desfiles dos grupos especiais
de São Paulo e Rio de Janeiro, seis escolas
de samba apresentarão alegorias que tratam
direta ou indiretamente de preservação
ambiental, ecologia, inclusão social, desmatamento
e a expansão da soja.
Em São Paulo, duas escolas focaram seus sambas
deste ano em assuntos ecológicos. Hoje, 4
de fevereiro, na abertura do carnaval paulistano,
o destaque é a escola Acadêmicos do
Tucuruvi com seu enredo “Samba, sombra e água
fresca – Cantareira, o pulmão verde de São
Paulo”. A escola, localizada no bairro da zona norte
da cidade, aos pés da Serra da Cantareira,
apresentará 19 alas com alegorias inspiradas
nas questões históricas e ambientais
da região onde foi criada.
Canta e encena desde o extermínio das tribos
indígenas que habitavam o local, a substituição
das matas nativas pelo café até o
cinturão verde de São Paulo, sem deixar
de lado os principais problemas ambientais da metrópole,
como o abastecimento de água e a poluição
de seus mananciais.Veja alguns dos versos do samba
da Acadêmicos do Tucuruvi: Chega de destruição/
Por que a devastação?/ O índio
pagou caro sem compreender/ A ganância dos
reis do café/ Quase que consumiu, nosso gigante
pulmão/.../ No verde cinturão desta
cidade/ Fontes que abastecem a população/
Quero, sempre a sede saciar/ Mas olha o nível/
Pra não faltar...
A Tom Maior, escola da zona oeste de São
Paulo, também vai homenagear a natureza com
seu enredo. Apresenta no sábado 5, o samba
“Sabendo usar...Não vai faltar”. E pretende
levantar o sambódromo com os versos Saúde
e paz eu quero é mais/ Reciclar é
bem melhor/ Não poluir, desmatamento não!/
A fauna e a flora hoje estão em extinção...
No Rio de Janeiro, o destaque é o enredo
da Império Serrano, escola da zona norte
da capital fluminense. Sob o título “Um grito
que ecoa no ar – homem/natureza, o equilíbrio
perfeito” o samba da escola é, de acordo
com seus próprios autores, um grito de alerta
para a destruição dos recursos naturais,
a poluição dos rios e mares e as mudanças
climáticas.
A Império profetiza um futuro sombrio para
o planeta terra, “tomado pelas águas do mar”,
caso a humanidade não pare de agir com ambição
e ganância, e clama para que os homens utilizem
a ciência para preservar e não destruir
o meio ambiente: As minhas águas cristalinas/
São poluídas no seu dia a dia/ Choro,
com, essa tal de evolução/ Ressentida
estou ao ver minha devastação/.../
Pra natureza sorrir, o homem tem que mudar/ E aprender
a preservar...
A Portela, uma das mais antigas e populares escolas
cariocas, leva à passarela um samba-enredo
focado em inclusão social. Com o título
"Nós podemos: oito idéias para
mudar o mundo”, o samba fala das oito metas do milênio
estabelecidas pela Organização das
Nações Unidas (ONU) a serem atingidas
pela humanidade até 2015.
As metas da ONU são: lutar pela erradicação
da pobreza e da fome no mundo, expandir a oferta
de ensino básico para as crianças,
buscar a igualdade entre os sexos e mais autonomia
para a mulher, reduzir a mortalidade infantil, aprimorar
a saúde materna, combater as enfermidades
endêmicas, assegurar a sustentabilidade do
meio ambiente, estabelecer uma parceria mundial
para o desenvolvimento. Os autores do samba da Portela
afirmam que a repercussão mundial do carnaval
carioca vai ajudar na divulgação destas
metas em todo o planeta.
A exaltação
da soja
A Tradição,
dissidência da Portela, nascida em 1985, entra
na avenida no domingo 7 cantando o enredo intitulado
“De sol a sol, de sol a soja...um negócio
da China!”. A idéia é homenagear a
abertura de novas fronteiras agrícolas em
prazos cada vez mais curtos. O samba conta a história
do grão desde sua chegada ao Brasil, vindo
da China, até a corrida da soja na década
de 1970, que espalhou pelo País milhares
de colonos do Rio Grande do Sul para implantar novas
lavouras.
A construção de estradas e a fundação
de cidades a partir deste processo de colonização
será tratado pela Tradição
como um verdadeiro “milagre econômico”, que
faz o Brasil ser hoje um dos maiores exportadores
do grão do mundo. De acordo com o jornal
Folha de S.Paulo, na edição de 20
de janeiro, a empresa de máquinas agrícolas
New Holland, é uma das “parceiras” da escola
neste carnaval.
Já a Mancha Verde, em São Paulo, entra
na avenida com inesperada louvação
ao estado do Mato Grosso. Com o título “Da
pré-história aos trangênicos,
uma mancha verde no coração do Brasil”,
o samba-enredo conta a trajetória do estado
que tem atingido índices recordes de desmatamento
nos últimos anos. E faz menção
aos povos indígenas que habitam seu território
e à expansão do agronegócio,
em especial ao cultivo da soja: Alto-Xingu, o índio
gigante guerreiro/ O Araguaia e o povo místico,
verdadeiro brasileiro/ Cenário de grande
ascensão/ Deus abençoe este grão,
tens o futuro a conquistar.... Resta conferir se
o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, estará
prestigiando o desfile no sambódromo paulistano.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Bruno Weis)