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REABERTURA
DA FUNAI EM MANAUS NÃO TEM PREVISÃO,
DIZ LUSTOSA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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11/02/2005 - A sede
da Fundação Nacional do Índio
(Funai) em Manaus foi desocupada ontem (10), depois
de ter ficado 39 dias sob ocupação
de índios. O presidente em exercício
da Funai, Roberto Lustosa, disse que o órgão
permanecerá fechado por não ter como
garantir a segurança dos funcionários.
"Não havia nem tranqüilidade nem
segurança para os funcionários trabalharem.
Os funcionários estavam sendo constantemente
ameaçados e assediados por grupos que estavam
no local", disse Lustosa, em entrevista exclusiva
à Radiobrás.
No dia 3 de janeiro, em torno de 100 índios
de diferentes etnias, incluindo mulheres e crianças,
ocuparam a representação da Funai
em Manaus. Cerca de 30 índios ainda permaneciam
no prédio até quinta-feira, apesar
de a reintegração de posse já
ter sido concedida pela Justiça Federal no
fim do mês passado.
O presidente em exercício informou que a
Funai já solicitou à Justiça
o pedido de intervenção da Polícia
Federal para controlar a situação
na capital do Amazonas. De acordo com ele, não
há previsão para reabertura da Funai.
Com a ocupação, os índios exigiam
a saída do administrador, Benedito Rangel,
e a nomeação de um índio para
o cargo. Rangel pediu sua exoneração
no final de janeiro e foi substituído por
um interventor, Manuel Alves de Paula, nomeado pela
direção nacional da Funai.
Segundo Lustosa, o administrador interino está
retornando a Brasília. "Nós estamos
sempre na iminência de ser invadido. Isso
cria um clima de insegurança muito grande
e torna inviável a gestão de qualquer
administrador que venha a ser nomeado", argumentou.
Roberto Lustosa disse que a exigência dos
índios de indicarem o administrador de Manaus
não tem como ser atendida. "Isso está
fora de questão porque foi colocado praticamente
como uma imposição", afirmou.
O representante da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia
Brasileira (Coiab), Benjamin Baniwa, – um dos três
cotados pelos índios para assumir o cargo
–, afirma que não há imposição
de nomes para a Funai. "Na verdade não
está fechado nesses nomes. Os índios
querem que seja alguém da confiança
deles", explicou Baniwa. Além dele,
as lideranças indígenas da região
indicaram à Funai outros dois nomes: Alberto
Baré e Estevão Tucano.
Os índios também exigem a demarcação
da terra dos Mura, no município de Autazes
(AM), a 113 quilômetros de Manaus. O descaso
da administração regional da Funai
com a questão da demarcação
de terras, segundo Baniwa, foi um dos motivos para
a ocupação da instituição.
"A Justiça Federal nomeou um especialista
em povos indígenas para fazer um levantamento
das denúncias, uma espécie de auditoria",
disse Baniwa.
Segundo ele, o descaso da administração
também ocorria em relação às
denúncias de prisão ilegal e tortura
de líderes indígenas e de estupro
de índias. Nos próximos dias, uma
comissão indígena deve vir a Brasília
para negociar uma solução para a Funai
de Manaus.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Cecília Jorge