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CORPO DE
MISSIONÁRIA ASSASSINADA SERÁ
ENTERRADO EM ANAPU
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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O corpo da irmã
Dorothy Stang será sepultado na tarde desta
terça-feira em Anapu (PA). A freira foi assassinada
no último sábado, com seis tiros,
no município paraense, onde trabalhava em
defesa dos direitos humanos e do meio ambiente.
A missionária de 73 anos nasceu nos Estados
Unidos e era naturalizada brasileira. Há
mais de 30 anos vivia na região da Transamazônica
onde trabalhava na defesa dos direitos de trabalhadores
rurais contra interesses de fazendeiros e grileiros
da região. Desde 1972, ela trabalhava com
as comunidades rurais de Anapu, onde defendia a
criação de um Projeto de Desenvolvimento
Sustentável (PDS), que hoje é uma
realidade e beneficia cerca de 600 trabalhadores.
Foi no caminho do PDS Esperança que a missionária
foi assassinada.
Mesmo atuando contra os conflitos agrários,
chegou a ser acusada de instigar a violência
em Anapu. Recebeu várias ameaças de
morte e fez diversas denúncias sobre a participação
de policiais civis e militares na expulsão
de trabalhadores a mando de fazendeiros e grileiros
da região.
No ano passado, ela recebeu da Assembléia
Legislativa do Pará o título de Cidadã
do Pará. Integrava o grupo das Irmãs
de Notre Dame de Naur. Participou também
da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e seus
representantes lembram da missionária com
carinho.
"Ela colocou a sua força, sua energia,
sua espiritualidade em serviço. O projeto
dela não era outro a não ser o serviço
de samaritana", disse Dom Tomás Balduíno,
da CPT. Segundo ele, a irmã não fazia
paternalismo. "Ela estava por trás de
um pessoal que ela acreditava, embora pobre, humilde,
mas cheio de esperança, cheio de fé
e que vai caminhar. Um deles dizia que ela foi uma
semente e essa semente está multiplicada
neles", contou. "É uma raça
em extinção dentro da igreja".
O padre José Amaro Lopes de Sousa, da Comissão
Pastoral da Terra, trabalhava há 15 anos
com a irmã na defesa dos direitos dos trabalhadores
rurais contra os interesses de fazendeiros e grileiros
na região. Ele acredita que as pessoas só
vão ser ouvidas e atendidas depois de mortas.
"A morte da irmã foi uma coisa planejada
para calar a voz dessas pessoas que estão
lutando pela criação dessas reservas.
Com o sangue dela, vão brotar mais pessoas
para lutar em defesa da vida e para que possamos
ter as nossas terras e nossas florestas preservadas",
ressaltou.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Luciana Vasconcelos