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CPMI DA
TERRA DENUNCIA FALTA DE ESTRUTURA DE ÓRGÃOS
PÚBLICOS NO PARÁ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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16/02/2005 - Parlamentares
da Comissão Mista de Inquérito da
Reforma Agrária e Urbana (CPMI da Terra)
denunciaram hoje ao presidente da República
em exercício, José Alencar, a falta
de estrutura dos órgãos públicos
que atuam nas regiões de conflito do Pará.
Em reunião no Palácio do Planalto,
eles entregaram a Alencar o manifesto Basta de violência
no campo! Irmã Dorothy vive!, e reivindicaram
do poder Executivo federal e estadual medidas enérgicas
para a implantação da reforma agrária
e o fim da impunidade.
Desde sábado (12), quando foi assassinada
a missionária Dorothy Stang, morreram mais
três pessoas ligadas ao conflito por terra
no Pará: o trabalhador Adalberto Xavier Leal,
na noite de domingo (13); o sindicalista Daniel
Soares da Costa Silva e o assentado Cláudio
Matogrosso, ontem (15).
Em represália às mortes, o governo
federal anunciou na noite de ontem que enviará
2 mil homens do Exército para atuarem com
a Polícia Federal na região. Mas os
parlamentares disseram temer que a medida não
resolverá o problema. "A presença
do poder público é importante no sentido
de intimidar a violência, mas há uma
preocupação de que essas medidas sejam
apenas emergenciais e temporárias",
disse o deputado relator da CPI da Terra João
Alfredo (PT-CE), após participar da reunião
com Alencar.
O parlamentar afirmou que os policiais que estão
na local dos assassinatos, a pedido da ministra
Marina Silva, não recebem diárias
e não possuem meios para se deslocar na região.
Segundo João Alfredo, eles utilizam carros
da paróquia local e não dispõem
de um telefone. "Numa região de florestas
e rios, é preciso ter uma estrutura de carros
de tração, helicópteros e telefones
por satélite. Não adianta ter a Polícia
Federal e não ter estrutura", acrescentou.
A questão fundiária é a raiz
dos problemas vivenciados no Pará, segundo
João Alfredo, que citou dados da Federação
dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag): desde
1964, mais de 700 pessoas foram assassinadas por
motivos ligados à terra. Houve julgamento
para 35 pessoas, com três condenações
e nenhuma prisão. "É preciso
mostrar que existe lei, que existe poder público
e estado de direito nesse país, mas só
isso não basta", criticou.
O deputado Zé Geraldo (PT-PA), afirmou que
os acampados do Incra no Pará pleiteiam uma
reunião com o governo para a próxima
próxima terça-feira. Eles querem discutir
ações estruturais para a região.
"Nós estamos esperando que a presença
do Exército comece a dar segurança
para as pessoas e possibilite a intervenção
do Ibama, do Incra e da Polícia Federal em
áreas onde até agora o governo não
consegue entrar", disse.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Irene Lobô