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GOVERNO
CONFIRMA CRIAÇÃO DE MAIS TRÊS
RESERVAS EXTRATIVISTAS NO PARA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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16/02/2005 – Os recentes
assassinatos no Pará vão estimular
e até mesmo acelerar o processo de criação
de reservas extrativistas e áreas protegidas
na região da Terra do Meio, localizada entre
os rios Xingu e Tapajós, afirmou hoje o diretor
de Áreas Protegidas do Ministério
do Meio Ambiente, Maurício Mercadante, segundo
o qual, ainda no primeiro semestre deste ano, devem
ser criadas três reservas extrativistas e
uma unidade de conservação e proteção
integral, com estação ecológica
e parque.
"Entre as novas reservas, está prevista
uma na própria região de Anapu, cidade
onde morava a irmã Dorathy Stang (morta por
pistoleiros no último sábado). Ela
teria cerca de 80 mil hectares e levaria o nome
de Bacajá", revela Mercadante. Segundo
ele, a freira apoiava e defendia a criação
da reserva Bacajá. "Em um mês,
finalizaremos a documentação, que
dependerá apenas da assinatura do presidente
da República."’
As outras duas reservas extrativistas a serem criadas
no Pará estão localizadas na fronteira
com a reserva Riozinho do Anfrísio, em Altamira,
e no Leste do Estado, nas margens do rio Xingu.
Com as novas unidades, a extensão das reservas
extrativistas no Pará deve chegar a 4 milhões
de hectares. Em 2004, o Ministério do Meio
Ambiente legalizou as duas primeiras reservas da
Terra do Meio: Verde para Sempre (1,3 milhão
de hectares) e Riozinho do Anfrísio (700
mil hectares).
No dia em que a irmã Dorothy foi assassinada,
a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, participava
de um encontro com quase dois mil moradores da Verde
para Sempre, a poucos quilômetros de Anapu.
No encontro, foi criada uma associação
para gestão do local. A reserva extrativista
é uma unidade de conservação
criada a partir do pedido de comunidades tradicionais,
em terras pertencentes à união.
Se nessas áreas houver propriedade privada,
a região é desapropriada e os donos
indenizados. Não é permitida a permanência
de madeireiros e agricultores de grande porte nas
reservas extrativistas. As comunidades tradicionais
e ribeirinhas passam a ter direito de viver e explorar
a área, transmitindo a concessão da
terra para os dependentes por tempo indefinido.
"As reservas, além de proteger as comunidades
tradicionais, impedem a exploração
madeireira e a ocupação desordenada
da floresta", revela o diretor de Áreas
Protegidas. "Com isso, é natural que
a criação de reservas acabe gerando
insatisfação em alguns setores. Mas
a insatisfação e as reações
não vão impedir o processo de ampliação
na Terra do Meio."
De acordo com Mercadante, por lei, é permitido
nas reservas apenas o manejo em baixa escala de
recursos naturais como madeira, castanha, seringa
e frutas. A população ribeirinha pode
desenvolver atividade agrícola, desde que
seja para subsistência.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Cézar Nunes