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GOVERNO CRIA 3,7 MILHÕES
DE HECTARES DE ÁREAS PROTEGIDAS NO
PARÁ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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Medida visa combater
o desmatamento e os conflitos fundiários
na região, que resultaram na morte da missionária
católica Dorothy Stang
17/02/05 - O presidente
da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, anunciou hoje, em cerimônia ocorrida
no Palácio do Planalto, a criação
de um mosaico de áreas protegidas com 3,7
milhões de hectares na chamada Terra do Meio,
no sudeste do Pará. A decisão integra
as medidas adotadas pelo governo federal nos últimos
dias para enfrentar os conflitos pela posse da terra
no estado, que resultaram no assassinato da missionária
católica Dorothy Stang, no último
sábado (12/02), e de outras lideranças
de trabalhadores rurais.
Além dessas unidades de conservação
no Pará, o presidente Lula criou duas florestas
nacionais no Estado do Amazonas, destinadas à
exploração econômica, e uma
reserva extrativista na divisa entre Acre e Amazonas
(veja tabela abaixo), Foi ainda apresentado projeto
de lei sobre gestão de florestas públicas
a ser enviado ao Congresso Nacional, cuja finalidade
é instituir regras para a exploração
de florestas públicas na Amazônia.
Outra medida anunciada foi a restrição,
por seis meses, de novas atividades que possam trazer
danos ao meio ambiente nos mais de oito milhões
de hectares da área de influência da
rodovia BR-163.
O mosaico criado no sudeste do Pará é
integrado pela Estação Ecológica
da Terra do Meio, com 3,3 milhões de hectares,
que passa a ser a segunda maior unidade de conservação
do país e pelo Parque Nacional Serra do Pardo,
com 445 mil hectares.
A criação de um mosaico de áreas
protegidas na Terra do Meio vinha sendo reivindicada
desde 2000 por organizações ambientalistas
e de apoio ao movimento social da Amazônia
como medida para ordenar a ocupação,
conservar as florestas e assegurar os direitos das
populações que vivem na região.
No início de novembro, o governo federal
já havia criado a Reserva Extrativista Riozinho
do Anfrísio, com 736 mil hectares, no noroeste
desse polígono. Esse mosaico deverá
ainda ser integrado por uma Área de Proteção
Ambiental, a ser criada pelo governo do Pará
para disciplinar a ocupação econômica
no limite sudeste do novo mosaico.
O que é a
Terra do Meio
A chamada Terra do
Meio compreende um território de aproximadamente
7,6 milhões de hectares de florestas úmidas
situadas na região sudeste do Estado do Pará,
na bacia do rio Xingu, um dos grandes afluentes
da margem direita do rio Amazonas. Seu curioso nome
se deve ao fato de estar envolvida por várias
terras indígenas, que bloquearam o avanço
das frentes de ocupação provenientes
principalmente do Centro-Oeste. Cerca de 500 famílias
vivem nessa região, extraindo da floresta
seus meios de sobrevivência.
A região abrange os territórios de
Trairão, Altamira e São Félix
do Xingu, municípios que apresentam altas
taxas de desmatamento anual. "A decretação
dessas áreas é uma medida fundamental
para estancar o desmatamento e para pacificar os
conflitos fundiários na região",
afirma o coordenador do Laboratório de Ecologia
da Paisagem do WWF-Brasil, Carlos Scaramuzza.
Do ponto de vista da conservação da
biodiversidade, a criação desse mosaico
na Terra do Meio estabelece um corredor ecológico
de 25 milhões de hectares na bacia do rio
Xingu, conectando os ecossistemas do cerrado e de
floresta Amazônica por meio de um conjunto
de parques, reservas e terras indígenas.
"Um corredor com essas dimensões vai
garantir que permanência de processos ecológicos
em longo prazo bem como as bases necessárias
para a manutenção dos processos evolutivos
das espécies na bacia do rio Xingu",
esclarece Carlos Scaramuzza.
Novas áreas
serão beneficiadas pelo programa ARPA.
A Estação
Ecológica da Terra do Meio, o Parque Nacional
do Pardo e a Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade,
decretadas hoje pelo presidente da República,
deverão ser beneficiadas pelo programa Áreas
Protegidas da Amazônia (ARPA), cuja finalidade
é estabelecer uma rede de áreas protegidas
para proteger uma amostra representativa da diversidade
biológica do bioma Amazônia.
Em sua primeira fase (2003-2006), o ARPA tem como
meta criar 9 milhões de hectares de unidades
de conservação de proteção
integral - cuja finalidade maior é assegurar
a proteção da biodiversidade. Com
a criação da Estação
Ecológica da Terra do Meio e do Parque Nacional
do Pardo, o ARPA soma 8,5 milhões de hectares
de unidades de proteção integral,
quase atingindo sua meta.
Além disso, na primeira fase o programa objetiva
criar outros 9 milhões de hectares unidades
de conservação de uso sustentável,
caso das reservas extrativistas, que admitem a exploração
econômica dos recursos naturais mediante planos
de manejo adequados. Com a criação
da Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, o
governo chega a 5,4 milhões hectares de unidades
dessa categoria incorporadas ao ARPA.
O programa planeja ainda de consolidar 7 milhões
de hectares de áreas protegidas já
existentes até 2006. Coordenado pelo Ministério
do Meio Ambiente e Ibama, o programa é implementado
em parceria com governos estaduais, com o Fundo
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), o Banco
Mundial, a Cooperação Alemã
e o WWF-Brasil.
Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa (Marco Antônio Gonçalves)