 |
RESERVA VERDE PARA SEMPRE
(PA) RECEBERÁ R$ 22 MILHÕES
DO GOVERNO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
|
 |
(15/02/05) - O governo
federal investirá R$ 22 milhões na
implementação da reserva extrativista
Verde para Sempre, no município Porto de
Moz (PA), neste ano. A verba foi anunciada pessoalmente
pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que
compareceu com os presidentes do Incra, Rolf Hackbart,
e o interino do Ibama, Luiz Fernando Merico, à
primeira assembléia da reserva, no último
sábado, na comunidade de Carmelino.
No meio da reunião, a ministra recebeu a
notícia da execução da irmã
Dorothy Stang na cidade de Anapu (PA), uma missionária
americana com cidadania brasileira que atuava na
região em defesa de trabalhadores rurais.
Antes de voar para Anapu, a ministra relacionou
o assassinato a uma tentativa de intimidação
do Estado brasileiro e deixou claro que o governo
não se curvará a essas pressões.
"O que estamos fazendo aqui, criando a reserva,
implementando a reserva, trazendo os benefícios
do Ibama, do Incra e dos ministérios, é
algo que é irreversível. Isso (o assassinato)
não vai mudar em nada os planos do governo
federal, a reserva está criada, será
implementada em benefício da comunidade,
do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável."
A reserva Verde para Sempre foi criada ano passado
para conter o desmatamento ilegal na região,
garantir o uso sustentável dos recursos naturais
e a sobrevivência de comunidades tradicionais
da Amazônia.
No sábado, em Carmelino, a comunidade fez
a primeira assembléia para discutir a implementação
da reserva. A reunião atraiu população
tradicional, políticos, fazendeiros e madeireiros
de Porto de Moz e de Altamira.
Cerca de 1.500 pessoas manifestaram opiniões
contra e a favor da reserva. Durante horas, o gerente
executivo do Ibama em Altamira, Paulo Maier, e o
procurador federal Felício Pontes responderam
o que pode e o que não pode ser feito na
reserva extrativista. Havia muitas dúvidas.
Entre elas, se seria possível extrair madeira
e continuar criando búfalo na região.
Tudo dependerá do plano de manejo da reserva
que será definido em discussão com
a comunidade.
A eleição da associação-mãe
para comandar a implementação da reserva
não ocorreu na assembléia de sábado,
como estava prevista. Duas chapas concorreram, uma
formada por lideranças tradicionais e outra
por pessoas ligadas a fazendeiros e madeireiros.
A votação começou, mas foram
levantadas suspeitas de que alguns dos eleitores
não eram moradores da reserva. Depois de
muita discussão, optou-se por unificar as
chapas numa comissão provisória com
mandato de um ano para preparar a eleição
definitiva.
Medidas
Autoridades do governo
federal se deslocaram a Carmelino, uma comunidade
a três horas de barco de Porto de Moz, para
anunciar uma série de benefícios.
Cada uma das 2.500 famílias moradoras da
reserva extrativista receberá do Incra R$
5 mil para melhorar a moradia e mais R$ 2.400,00
para investir em atividades produtivas.
O presidente do Incra ressaltou que o repasse de
tal verba só é possível por
causa da transformação da área
de 1,3 milhão de hectares em reserva extrativista,
por decreto do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, no ano passado.
Os investimentos federais trarão, segundo
Hackbart, benefícios também para Porto
de Moz. "O comércio vai aquecer e a
arrecadação do município crescerá."
Tanto Hackbart como a ministra, no entanto, advertiram
que se os comerciantes elevarem preços, o
governo organizará compras em outros municípios.
O presidente interino do Ibama anunciou a instalação
do posto avançado com cinco fiscais do Ibama
e oito militares do Exército na reserva extrativista
para dar proteção aos moradores e
fazer levantamento socioambiental. De imediato,
os técnicos iniciarão o cadastramento
das famílias de cada comunidade integrante
da reserva Verde para Sempre. O posto ficará
atrelado à Base de Operações
de Altamira já foi investido mais de R$ 1
milhão em equipamentos.
O Ibama e Exército ainda intensificarão
operações de fiscalização
na área, marcada por conflitos fundiários
e desmatamentos ilegais. Estão previstas,
no mínimo, duas operações mensais
na região.
No pacote de medidas, ainda constam a legalização
da serraria e aprovação de plano de
manejo florestal comunitário do Juçara,
assistência técnica para roças
ecológicas e uso sustentável de produtos
não madeireiros.
Antes de sair da assembléia na Verde para
Sempre, a ministra Marina Silva fez um apelo aos
presentes. "Pelo amor de Deus, que os de bem
de todos os segmentos estejam unidos para que não
aconteça isso, que é terrível.
A história se repete. Aos meus 28 anos eu
perdi meu amigo Chico Mendes, aos meus 47 anos estou
vendo assassinar uma mulher, uma freira que defendeu
a vida e os pobres e contrariou o interesse daqueles
que acham que são os donos do mundo. Mas
o mundo não tem dono."
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Sandra Sato)