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UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
PROTEGEM OS DOIS HOTSPOTS BRASILEIROS: CERRADO
E MATA ATLÂNTICA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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(19.2.05) A Mata
Atlântica e o Cerrado, dois dos mais importantes
patrimônios naturais do Brasil compõem
a lista dos 34 hotspots existentes na Terra. Eles
constavam da primeira versão do estudo sobre
o tema e foram mantidos na revisão do documento
publicada no início do mês de fevereiro
pela Conservação Internacional (CI).
A permanência dos dois biomas brasileiros
entre os hotspots indica que eles têm pelo
menos 1.500 espécies de plantas endêmicas
- que só existem aqui e em nenhuma outra
parte - e já perderam mais da metade de sua
vegetação original. Por isso, são
áreas que devem contar com o máximo
de proteção por meio das iniciativas
governamentais e particulares. Os níveis
de endemismo e o grau de ameaça às
espécies e às regiões naturais
estão presentes no conceito de hotspot.
No Brasil, a proteção de áreas
representativas da biodiversidade nos seus hotspots
é feita principalmente por meio da criação
de Unidades de Conservação (UC), que
são lugares de importância estratégica
para a manutenção da vida e dos processos
biológicos. Na Mata Atlântica, existem
atualmente 84 UCs federais, mantidas pelo Ibama.
No Cerrado, são 42 unidades.
Juntas, as Unidades de Conservação
federais nos dois biomas somam cerca de 8 milhões
de hectares. O território protegido inclui
Parques Nacionais, Áreas de Proteção
Ambiental, Reservas Biológicas, Reservas
Extrativistas, Florestas Nacionais, Áreas
de Relevante Interesse Ecológico, dentre
outras categorias de unidades destinadas à
conservação ambiental.
Nesse contexto, têm grande importância
para a conservação as Reservas Particulares
do Patrimônio Natural - RPPNs - federais,
cujo título é concedido a particulares
por intermédio do Ibama. No Cerrado, existem
atualmente 107 reservas particulares, que correspondem
a cerca de 62 mil hectares de áreas protegidas
por iniciativa privada. Na Mata Atlântica
já foram criadas 180 RPPNs. É o bioma
brasileiro com o maior número de reservas
do gênero que equivalem a cerca de 53 mil
hectares de floresta preservados.
"Nos próximos anos, o Ibama pretende
ampliar algumas das unidades de conservação
e criar outras nas regiões de Mata Atlântica
e de Cerrado", disse Cecília Ferraz,
diretora de Ecossistemas do instituto. Segundo ela,
os estudos preliminares apontam para a necessidade
de se proteger maiores extensões de áreas
naturais no Nordeste, no Sul e no Centro-Oeste do
país. "Existem remanescentes de florestas
com araucárias, trechos de Mata Atlântica
no Nordeste e importantes áreas ainda selvagens
no Cerrado que precisam ser resguardadas como reserva
de biodiversidade", afirmou Cecília
Ferraz.
Pronto-socorros
da biodiversidade
"Os hotspots
são como pronto-socorros da biodiversidade",
diz Russell Mittermeier, presidente da Conservação
Internacional e co-autor da publicação
sobre os hotspots. "A ampliação
e atualização do estudo mostram que
nossos investimentos em conservação
em uma pequena área do planeta podem garantir
uma significativa parcela da biodiversidade. Mas,
nós temos que agir logo para evitar a perda
desses insubstituíveis armazéns de
vida na Terra."
O livro Hotspots Revisited (Hotspots Revisitados)
contém uma análise detalhada das 34
regiões, com dados sobre a diversidade dos
grupos de flora e fauna, as espécies-bandeira,
as ameaças e ações de conservação
em andamento. Durante quatro anos, 400 especialistas
trabalharam para reavaliar os hotspots. A nova análise
teve a colaboração diversos países
e organizações e revela um aumento
considerável do conhecimento científico
sobre as espécies e seus hábitats.
Os novos
hotspots
As novas áreas
incluídas no estudo sobre os hotspots são
as Ilhas da Melanésia Oriental; a Floresta
de Pinho-Encino de Sierra Madre (no México
e EUA), o Japão, o Chifre da África,
a Região Irano-Anatólica, as Montanhas
da Ásia Central, a Maputaland-Pondoland-Albany
(na África do Sul, Swazilândia, Moçambique),
as regiõesdo Himalaia e as Florestas de Afromontane
(na África Oriental).
Desta vez, os cientistas estudaram mais do que as
espécies. Eles também identificaram
gêneros e famílias que são específicos
aos hotspots e concluíram que eles detêm
uma história evolutiva bastante singular.
O hotspot de Madagascar e Ilhas do Oceano Índico,
por exemplo, tem 24 famílias de plantas e
vertebrados que não são encontradas
em nenhuma outra parte do mundo. "Sabemos que
ao conservar os hotspots, nós não
estamos apenas protegendo espécies, mas também
garantimos a conservação de singulares
linhagens da história natural,"disse
Mittermeier.
As principais ameaças aos hotspots incluem
destruição de hábitat; introdução
de espécies exóticas; exploração
descontrolada de espécies para produção
de alimento e remédios; tráfico de
animais; e mudanças climáticas. Essas
também são as principais causas da
degradação das nove áreas incluídas
na nova edição do estudo.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Jaime Gesisky)