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VEJA A CARTA ENVIADA PELO
GREENPEACE AO PRESIDENTE LULA E AO GOVERNO
DO PARÁ SIMÃO JATENE
Panorama
Ambiental
Anapu (PA) – Brasil
Fevereiro de 2005
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13-02-2005 - Para:
Excelentíssimo Senhor
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Excelentíssimo
Senhor
Simão Jatene
Governador do Estado do Pará
CC Excelentíssima
Senhora
Marina Silva
Ministra do Meio Ambiente
Excelentíssimo
Senhor
Miguel Rossetto
Ministro do Desenvolvimento Agrário
Excelentíssimo
Senhor
Márcio Thomaz Bastos
Ministro da Justiça
Excelentíssimo
Senhor
Celso Amorim
Ministro das Relações Exteriores
Excelentíssimo
Senhor
Nilmário Miranda
Secretário Especial dos Direitos Humanos
Rio de Janeiro, 12
de fevereiro de 2005.
Excelentíssimo
Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e
Excelentíssimo Senhor Governador do Pará
Simão Jatene,
O assassinato da
missionária americana naturalizada brasileira
Dorothy Stang, 73 anos, neste final de semana no
município de Anapu, no Pará, é
mais um triste exemplo da impunidade e da ausência
do governo em regiões remotas da Amazônia,
onde a violência continua imperando.
Trata-se de um episódio inaceitável
e escandaloso.
Irmã Dorothy,
como era conhecida, acreditava num futuro pacífico
e sustentável. Defendia como poucos o patrimônio
nacional dos ataques de grileiros e era incansável
defensora de uma forte presença do Estado
na Amazônia. Há mais de 30 anos vivia
na região da Transamazônica e dedicou
quase metade de sua vida para dar voz às
comunidades rurais, defendendo o direito à
terra e lutando por um modelo de desenvolvimento
sem destruição da floresta.
O assassinato de
Irmã Dorothy era uma morte anunciada. Por
sua luta em defesa da Amazônia, ela foi agredida,
injustamente acusada de incitar a violência
na região e ameaçada de morte inúmeras
vezes.
O Pará apresenta
o maior índice de assassinatos ligados às
disputas de terra. Entre 1985 a 2001, quase 40%
as 1237 mortes de trabalhadores rurais no Brasil
aconteceram no Pará. É ainda o estado
campeão de desmatamento ilegal, exploração
de madeira, grilagem de terras, trabalho escravo
e palco de escandalosas denúncias de abuso
aos direitos humanos, como denunciado no relatório
do Greenpeace “Pará: Estado de Conflito”,
lançado em outubro de 2003
Dezesseis anos depois
da morte de Chico Mendes, a impunidade continua
caracterizando regiões remotas da Amazônia.
Não podemos aceitar mais mártires
na Amazônia. Também não aceitamos
nem mais uma gota de sangue no chão da floresta.
Sr. Presidente e
Sr. Governador, as autoridades de seus governos
e principalmente do governo estadual já haviam
sido alertadas sobre os conflitos na região
e sobre os riscos que Irmã Dorothy corria.
Mas nenhuma medida para garantir sua segurança
e de outras lideranças foi tomada. O Greenpeace
exige que seja realizada uma investigação
rigorosa, punindo exemplarmente os responsáveis
e dando um basta nesta matança que caracteriza
a Amazônia como uma terra aonde impera a lei
do mais forte e não as leis do Estado.
Confiamos que o governo
brasileiro não medirá esforços
para assumir sua responsabilidade em relação
a este crime e implemente medidas concretas que
acabem com as causas motivadoras da violência
como a grilagem de terras públicas e exploração
ilegal de madeira, garantindo um futuro sustentável
para a floresta amazônica e seus habitantes.
Atenciosamente,
Frank Guggenheim
Diretor- Executivo do Greenpeace no Brasil
John Passacantando
Diretor- Executivo do Greenpeace nos Estados Unidos
Gerd Leipold
Diretor-Executivo do Greenpeace Internacional
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa