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IBAMA QUER FIM DA PESCA
PREDATÓRIA DA LAGOSTA NO BRASIL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Fevereiro de 2005
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(22.02.05) - Após
decretar a proibição do uso de caçoeira
(um equipamento considerado predatório) na
pesca da lagosta no final do ano passado, o Ibama
prepara uma série de medidas para garantir
o uso sustentável do recurso pelas próximas
décadas. Entre as ações está
um plano nacional de fiscalização
da pesca do crustáceo. O plano deverá
contar com o apoio dos setores envolvidos com a
atividade. Todos os segmentos da sociedade ligados
à pesca da lagosta foram organizados pelo
Ibama em torno do Comitê de Gestão
do Uso Sustentável da Lagosta, reunido em
Brasília até esta quarta-feira, 23.
O grupo é formado pelos ministérios
do Meio Ambiente, do Trabalho, da Secretaria Especial
de Aqüicultura, do Desenvolvimento, da Marinha
e por representantes da indústria, dos armadores,
dos pescadores e das comunidades que sobrevivem
da pesca da lagosta no litoral brasileiro. Criado
em dezembro de 2004, o grupo também está
definido o Regimento Interno que orientará
suas ações.
A missão do comitê é estabelecer
de maneira conjunta uma série de práticas
que garantam a continuidade da pesca do crustáceo
para as futuras gerações. Além
de serem discutidas no âmbito do comitê,
as regras deverão ser cumpridas por todos
os segmentos sob o risco de terem a atividade pesqueira
suspensa pelo esgotamento do recurso natural.
A lagosta - que, junto com o camarão, representa
66% dos produtos pesqueiros exportados pelo Brasil
- está sendo explorada além dos limites
que natureza precisa para repor os estoques. O excesso
de captura e as práticas predatórias,
fizeram a produção nacional do crustáceo
cair de 10 mil toneladas/ano na década de
90 para cerca de 6 mil toneladas nos últimos
anos.
Além de comprometer a balança comercial,
a queda de produção coloca em risco
também a indústria pesqueira e a sustentabilidade
dos estoques para o futuro. Estima-se que cerca
de 150 mil pessoas estejam diretamente envolvidas
com o setor lagosteiro em atividades diversas que
vão desde a construção e manutenção
de embarcações até a fabricação
e transporte de gelo para acondicionamento do pescado.
Somente a frota lagosteira emprega oficialmente
cerca de cinco mil pessoas.
Excesso de embarcações
De acordo com dados
da Secretaria de Aqüicultura e Pesca - SEAP,
a frota legalizada, em 2001 era de 1.249 embarcações,
enquanto que a frota ilegal era de 2.511 embarcações.
Os números demonstram que a pesca ilegal
da lagosta dobrou o esforço de pesca nos
últimos anos, ameaçando a sobrevivência
das lagostas. O setor que age de modo clandestino
não respeita os limites impostos pelo governo
em relação ao tamanho mínimo
de captura dos indivíduos e os períodos
de defeso e recrutamento da lagosta, época
em que as espécies se reproduzem e migram
para o mar a partir dos berçários
naturais.
A constatação de que a frota sem permissão
é maior que a legalizada, demonstra a falta
de controle na entrada de novas embarcações.
Nesse caso, a principal preocupação
refere-se à entrada de barcos não-motorizados
que pescam em águas rasas, onde se encontram
as lagostas mais jovens, com tamanhos inferiores
aos 13 cm (lagosta verde) e 11 cm (lagosta vermelha)
permitidos para a captura.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Jaime Gesisky)