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OUVIDOR AGRÁRIO
DIZ QUE GOVERNO ELABORA PLANO PARA COMBATER
VIOLÊNCIA NO CAMPO
Panorama
Ambiental
São Luís (MA) – Brasil
Fevereiro de 2005
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22/02/2005 - O ouvidor
Agrário Nacional, Gercino de Oliveira, disse
hoje, durante audiência pública na
Comissão Externa que acompanha as investigações
do assassinato da freira Dorothy Stang, que o governo
está elaborando um plano para combater a
violência no campo.
Segundo ele, no dia 14 de fevereiro, dois dias depois
da morte da irmã, foi realizada uma reunião
em Anapu com representantes dos governos federal,
estadual e de movimentos sociais. Durante o encontro,
saíram algumas sugestões para enfrentar
o problema. Algumas das propostas são: estruturar
melhor o Incra, garantir a segurança no local
para acabar com a pistolagem e promover o desarmamento
na região. "A população
de Anapu se sente desprotegida", disse o ouvidor
agrário.
Além disso, durante a reunião foi
sugerida a criação de uma comarca
em Anapu e a instalação de uma delegacia
da Polícia Federal em Altamira, pois hoje
só existe um posto no local. O cumprimento
de 30 mandados de prisão é outra reivindicação
dos movimentos sociais da região. Gercino
Oliveira disse que o governo vem trabalhando para
a criação de varas agrárias
e ouvidorias federais.
Os primeiros contatos de Oliveira com a irmã
foram em 2003, quando, atendendo uma solicitação
da missionária, participou de uma audiência
pública em Anapu. Na ocasião, foi
criada uma comissão especial de combate à
violência e entre seus objetivos estava o
cancelamento do registro de 20 fazendas. Mas a ação
não foi suficiente e, em 12 de fevereiro,
a irmã Dorothy Stang foi assassinada por
dois pistoleiros.
O suposto mandante do crime, Vitalmiro Barbosa,
deve ser encontrado logo, disse o secretário
de Defesa Social do Pará, Manoel Santino.
"Acreditamos que, por toda a evolução,
muito em breve, o mandante será preso",
afirmou.
Para o procurador da República no Pará,
Felício Pontes, chegou a hora de os governos
tomarem um posicionamento para combater a violência:
"De um lado você tem meia dúzia
de fazendeiros e do outro cerca de 600 trabalhadores
rurais. Todos disputam pela utilização
dos recursos naturais. Não dá para
fazer uma negociação. Um dos lados
vai perder".
O procurador disse que é preciso estabelecer
políticas públicas no Pará
e trabalhar na sua implementação.
Para ele, o governo federal criou os Planos de Desenvolvimento
Sustentável mas não atuou no seu funcionamento.
Felício Pontes contou que a irmã Dorothy,
no dia de sua morte, estava no caminho do assentamento
para falar de manejo sustentável de terras.
"A irmã disse que não ia para
o enfrentamento, mas para conversar com as famílias",
ressaltou.
A presidente da Comissão, Ana Júlia
Carepa (PT-PA), disse, durante discurso no Senado,
que o Pará é o estado brasileiro que
apresenta o maior índice de assassinatos
ligados à questão agrária.
Ela disse que os registros da Comissão Pastoral
da Terra (CPT), revelam que, em 31 anos, foram assassinados
726 camponeses no Estado. "Na esmagadora maioria
destes assassinatos, a impunidade é a regra.
Não há praticamente nenhum executor
ou mandante preso", criticou.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Luciana Vasconcelos