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MINISTÉRIO DISCUTE
PROJETO DE LEI SOBRE GESTÃO DE FLORESTAS
COM BANCADA DO PT
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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02/03/2005 A ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, reuniu-se nesta
quarta-feira (2) com parlamentares da bancada do
Partido dos Trabalhadores na Câmara (foto)
para explicar e discutir o Projeto de Lei sobre
Gestão de Florestas Públicas, encaminhado
pelo Governo ao Congresso Nacional no último
dia 17, em regime de urgência. Também
participaram do encontro o presidente do Ibama,
Marcus Barros, e os secretários executivo,
Claudio Langone, de Biodiversidade e Florestas,
João Paulo Capobianco, de Desenvolvimento
Sustentável, Gilney Viana, e de Coordenação
da Amazônia do MMA, Muriel Saragoussi.
Segundo a ministra, o projeto estava sendo trabalhado
e discutido com as comunidades da Amazônia
desde 2003 e prevê a disponibilização
de até treze milhões de hectares de
florestas na Amazônia para concessão
de uso sustentável nos próximos dez
anos, combatendo a grilagem e impedindo a privatização
das terras públicas. "Desde que o Brasil
foi descoberto, as pessoas recebiam por incentivos
do governo determinadas áreas ou fazem a
grilagem, como na Amazônia e em várias
regiões, na expectativa de titular essas
terras. Pelo projeto de lei, não haverá
a menor possibilidade de titulação
dos treze milhões de hectares que estarão
sendo disponíveis em regime de concessão
para empresas brasileiras de grande porte e em regime
de reforma agrária específica para
pequenos manejadores comunitários na modalidade
de reservas extrativistas e de projetos de assentamento
florestal ou de Projeto de Desenvolvimento Sustentável,
como era o caso do PDS da irmã Dorothy",
disse a ministra.
O secretário de Biodiversidade e Florestas,
João Paulo Capobianco, explicou aos deputados
que o projeto permitirá o uso das áreas
florestais sem que o governo perca a titularidade.
De acordo com ele, do total de terras da Amazônia,
20% são propriedades privadas, 33% foram
destinadas à terras indígenas e unidades
de conservação e entre 40% e 47% pertencem
ao poder público (União, estados e
municípios). Essas terras públicas
não podem ser utilizadas, porque a Constituição
não permite que o Estado brasileiro opere
na otimização de recursos florestais.
Segundo o secretário, o projeto de lei é
uma das medidas propostas pelo MMA para reduzir
o desmatamento na região, com o estímulo
às atividades sustentáveis, gerando
emprego e renda.
"Nós assistimos à destruição
completa da Mata Atlântica, porque praticamente
100% das terras da Mata Atlântica foram tituladas",
disse Capobianco, lembrando que quando o governo
titula a terra, ele a privatiza e "dá
de lambuja" a floresta. "É um duplo
prejuízo. Perdemos o patrimônio, que
é da sociedade brasileira, perdemos a floresta
e ainda gastamos uma infinidade de recursos que
não temos para tentar fiscalizar como o proprietário
trata da floresta que até um tempo atrás
era nossa".
Para o secretário, o problema é polêmico
"porque tem muita gente que não quer
mudar essa realidade, quer continuar no modelo predatório
e irresponsável que titula e transfere a
propiedade pública para o privado".
"Nós queremos encerrar esse ciclo",
disse Capobianco. Segundo ele, o projeto visa permitir,
com o planejamento e os critérios do poder
público e a fiscalização da
sociedade, que áreas, consideradas aptas
para produção, sejam usadas sem que
se perca a titularidade.
Projeto - O diretor de Florestas do Ministério
do Meio Ambiente, Tasso Azevedo, fez uma apresentação
do projeto de lei que regulamenta o uso das florestas
públicas e cria o Serviço Florestal
Brasileiro, destacando aos parlamentares que o principal
objetivo é proteger as florestas públicas.
De acordo com Tasso, o PL é resultado de
uma ampla discussão com as comunidades, setor
empresarial, ambientalistas, cientistas e pesquisadores
que incluiu a revisão de todos os modelos
de concessões de florestas em cinqüenta
países, estudos de todos os mecanismos de
gestão dos vários setores da economia,
um seminário internacional com 250 especialistas
em florestas, além de visitas técnicas.
O projeto define três formas de gestão
das florestas públicas para produção
sustentável. Cria unidades de conservação
que permitem a produção florestal
sustentável, destina áreas para uso
comunitário (assentamentos, reservas extrativistas,
áreas quilombolas) e Projetos de Desenvolvimento
Sustentável e dá concessão
florestais pagas, baseadas em processo de licitação.
O projeto cria, ainda, o Serviço Florestal
Brasileiro, que terá como função
atuar como órgão gestor do sistema
de gestão de florestas públicas, fomentar
o desenvolvimento florestal e gerir o Fundo Nacional
de Desenvolvimento Florestal. O Fundo será
utilizado para o desenvolver tecnologicamente as
atividades florestais sustentáveis e as atividades
de monitoramento das florestas públicas.
A previsão é de que, em dez anos,
a área total sob concessão planejada
atinja no máximo treze milhões de
hectares, cerca de 3% da Amazônia, gerando
uma receita direta de R$ 180 milhões e arrecadando
em impostos da cadeia de produção
R$ 1,9 bilhão por ano, além de gerar
140 mil empregos diretos.
A reunião durou cerca de três horas
e teve a participação de mais de um
terço dos deputados da bancada petista. Os
parlamentares manifestaram apoio ao projeto de lei,
levantaram questões e se dispuseram a fazer
novos encontros para detalhar o PL. O Ministério
do Meio Ambiente encaminhará, nos próximos
dias, para toda a bancada um relatório da
reunião com as respostas aos questionamento
feitos pelos deputados.
Fonte: MMA – Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom