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MUDANÇAS NO PROJETO
DE ZONEAMENTO DO PARÁ CRIAM POLÊMICA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Março de 2005
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02/03/2005 A proposta
final de Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE) do Pará, encaminhada pelo governo estadual
para votação e análise da Assembléia
Legislativa (Alepa), apresenta modificações
substanciais com relação ao projeto
inicial, que podem conturbar a implementação
do projeto.
A proposta anterior do Executivo dividia o território
do Pará em quatro zonas diferentes - de consolidação,
de expansão, de recuperação
e de conservação - de acordo com o
grau de preservação ambiental e o
tipo de atividade econômica a ser desenvolvida
em cada região.
O projeto final, apresentado no dia 21 de fevereiro
e ainda a ser votado pela Assembléia, agrupa
as diferentes zonas em mesmas categorias. Divide
o território do Pará em dois grandes
grupos, as áreas especialmente protegidas,
às quais será destinado no mínimo
65% de sua área territorial, e áreas
para consolidação de atividades produtivas,
que contarão com 35% do território.
O projeto ainda especifica as áreas de proteção,
dividindo-as em terras indígenas, terras
de quilombos e unidades de conservação
- de uso sustentável e de proteção
integral.
Apesar da celebração da iniciativa
de preservar grande parte do território,
a proposta tem gerado muitas críticas. Suas
modificações não foram, de
acordo com organizações da sociedade
civil, suficientemente debatidas, prejudicando seu
processo de elaboração. Além
disso, a união das diferentes zonas sob a
mesma destinação pode gerar conflitos
e atrapalhar a realização das atividades
propostas.
De acordo com Roberto Smeraldi, diretor de Amigos
da Terra - Amazônia Brasileira, "colocar
no mesmo saco áreas de consolidação
e áreas de expansão é um ato
falho que corre o risco de matar uma boa idéia,
e talvez algumas dúzias de pessoas. Enquanto
nas primeiras o problema é investir em produtividade
e fixação dos moradores, nas segundas
o desafio é prevenir violência e expulsão.
Confiamos na inteligência do governador para
evitar esse erro grosseiro, que pode prejudicar
uma iniciativa de valor histórico para o
Estado e a Amazônia como um todo".
Para Paulo Barreto, do Imazon, a alocação
de grandes zonas para unidades de conservação
é muito positiva. Entretanto, como o governo
não apresentou o detalhamento das categorias
que pretende criar, surge a possibilidade de criação
de várias APAs (área de proteção
ambiental), categoria muito frágil para conservação,
em sua opinião.
Barreto ressalta também a importância
do diálogo com MMA, como tentativa de incorporar
as últimas medidas do governo federal e evitar
conflitos. Parte da área interditada ao longo
da BR-163, por exemplo, conflitaria com planos do
ZEE.
Uma audiência pública será realizada
amanhã no auditório da Alepa, em Belém,
para discutir esse projeto de lei. De acordo com
a assessoria do órgão, deverão
participar do encontro mandatários do governo
federal, estadual e municipal, e representantes
de empresários, trabalhadores e outros segmentos
da sociedade. Prevê-se que sua votação
seja realizada ainda este mês, dado seu caráter
de urgência.
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa (Denise Conselheiro)