 |
PREFEITO DE ANAPU NEGA
ENVOLVIMENTO NA MORTE DE MISSIONÁRIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
|
 |
Brasília –
Em depoimento à Polícia Civil de Altamira
(PA) nesta terça-feira (1), o prefeito de
Anapu, Luiz dos Reis Carvalho, negou qualquer envolvimento
na morte da missionária Dorothy Stang, que
foi assassinada no dia 12 de fevereiro. Segundo
o delegado responsável pelo inquérito,
Waldir Freire, o prefeito se colocou à disposição
da polícia para ajudar nas investigações.
"Hoje nós ouvimos o prefeito e a primeira
coisa que ele fez questão de ressaltar é
que põe à disposição
seus sigilos fiscal, financeiro, telefônico,
bancário e eleitoral para que a polícia
investigue."
O suposto envolvimento do político foi relatado
pelos pistoleiros Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo
Carlos Batista na segunda-feira (28) à Comissão
Externa do Senado que acompanha as investigações
no estado. "Se vocês forem ficar com
esse advogado de R$ 10 mil, não vai dar para
resolver. Então, nós vamos ter que
fazer uma coleta, eu tenho muitos amigos, inclusive
o prefeito", afirmou Rayfran apresentando nova
versão aos parlamentares.
"Eles confirmaram tudo. A diferença
do depoimento dos dois [Rayfran e Clodoaldo] é
o nome do prefeito. Rayfran disse não lembrar
do nome ter sido citado por Bida, já Clodoaldo
disse que era o prefeito de Anapu um dos que ajudaria
com a quantia para pagar o advogado", afirma
o delegado.
No novo depoimento à polícia, Rayfran
informou que no domingo – dia seguinte ao assassinato
de Dorothy Stang – ele e o Clodoaldo teriam se reunido
com Vitalmiro Moura (Bida) e Amair Feijó
da Cunha (Tato) para conversar sobre a contratação
de um advogado. Segundo Rayfran, durante a conversa,
Bida teria oferecido R$ 10 mil para os acusados
fugirem. Depois da primeira oferta, teria mencionado
a contratação de um advogado, que
custaria entre R$ 50 mil e R$ 100 mil. Para pagar
a quantia, Bida iria entrar em contato com uns "amigos"
para arrecadar o valor.
Segundo Waldir, a polícia não descarta
nenhuma hipótese durante as investigações,
"por mais estranha que ela pareça".
"É realmente muito estranho que eles
[os pistoleiros] venham agora com essa história,
mas não há ainda a preocupação
de descartá-la. Também tem o depoimento
do prefeito, mas até agora a polícia
não descarta nenhuma hipótese, continuamos
investigando e analisando os casos que tem chegado",
explica.
Sobre a idéia de haver outros envolvidos
no assassinato da religiosa, Waldir lembra que a
própria reunião dos quatro acusados
– Rayfran, Clodoaldo, Vitalmiro e Amair – pode representar
um consórcio, mas afirma que "se houver
mais alguém vinculado a essa questão,
terá o mesmo fim que os outros: a cadeia".
O delegado disse ainda que a polícia vai
encaminhar as informações obtidas
nos novos depoimentos para o juiz responsável
pelo caso para que ele verifique se existe necessidade
de "ouvir o prefeito na fase judicial".
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Cristiane Peres