 |
RELATOR DIZ QUE MP NÃO
RESOLVE SITUAÇÃO DE CINTA-LARGA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
|
 |
02/03/2005 A tentativa
do Governo Federal de aplacar os conflitos entre
os indígenas Cintas-Largas e garimpeiros
na Reserva Roosevelt, Rondônia, por meio da
edição da MP 225/04, não resolverá
o problema na região a longo prazo. Para
o líder do PV, Marcelo Ortiz (SP), relator
da MP aprovada pelo Plenário no último
dia 23, a legalização dos diamantes
extraídos irregularmente na reserva pode
levar os indígenas a acreditarem que, numa
futura tentativa de extração, o Governo
Federal terá a mesma disposição
de editar uma nova MP para "regularizar a irregularidade".
A MP dos Diamantes, editada pelo Executivo em 23
de novembro de 2004, autorizava a Caixa Econômica
Federal (CEF), em caráter excepcional e por
tempo determinado, a arrecadar e leiloar as pedras
brutas de diamantes extraídas pelos Cintas-Largas
na reserva. O prazo da medida era de 15 dias.
No dia 2 de fevereiro, a CEF arrecadou R$ 716 mil
com o leilão de 665 quilates de diamante
bruto. O valor arrecadado, descontadas as tarifas
bancárias e as taxas da operação,
foi repassado aos indígenas. Os diamantes
vendidos receberam o Certificado de Kimberley, do
Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM),
exigido internacionalmente para negociação
com essas pedras preciosas.
Urgência
e relevância
Ortiz disse ter dado
parecer favorável à MP dos Diamantes,
votada em Plenário 21 dias depois do leilão
da CEF, porque o caso era um dos poucos em que a
urgência e relevância estavam devidamente
configuradas. "A MP, que foi um ato corajoso
por parte do Governo, conseguiu aliviar o conflito
imediato na região", avaliou o deputado.
A preocupação de Ortiz, no entanto,
é que a extração de pedras
continue na reserva e que os confrontos entre indígenas
e garimpeiros voltem a acontecer. "Além
disso, se o Congresso rejeitasse a MP, haveria um
problema maior, pois o leilão já havia
ocorrido e os indígenas já estavam
com o dinheiro", explicou o deputado.
Repercussão
nacional
Em 7 de abril de
2004, a disputa pelos diamantes deixou 29 garimpeiros
mortos na reserva Roosevelt. Os garimpeiros foram
assassinados pelos índios porque faziam garimpo
clandestino. A crise teve repercussão nacional
e obrigou o governo a buscar alguma solução
para o problema.
Logo após a edição da MP, o
PSDB entrou com um pedido de Ação
Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo
Tribunal Federal alegando que, conforme a Constituição
Federal, apenas o Congresso poderia legislar sobre
a extração de pedras preciosas. A
liminar que pedia a suspensão imediata dos
efeitos da MP foi indeferida pelo Supremo. O mérito
da ação ainda não foi votado.
Na avaliação de Ortiz, apenas uma
fiscalização efetiva na área
conseguirá evitar a extração
ilegal de diamantes na reserva a longo prazo.
Fonte: Câmara de Deputados
(www.camara.gov.br)
Assessoria de imprensa (Paulo Cesar Santos e Maria
Clarice Dias)