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INPA MONITORA DOIS NOVOS
NINHOS DE GAVIÃO-REAL EM ASSENTAMENTO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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Pesquisadores e comunitários
se unem para ajudar a preservar espécie
11/03/2005 Dois novos
ninhos de gavião-real foram encontrados no
Assentamento Vila Amazônia, em Parintins (AM),
e já estão sendo monitorados por pesquisadores
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), vinculado ao Ministério da Ciência
e Tecnologia. O monitoramento é realizado
com o objetivo de verificar se os ninhos estão
ativos e, em caso positivo, são realizados
trabalhos para a conservação do local,
de modo a ajudar na preservação da
espécie.
“Esse trabalho está sendo possível
graças a uma parceria entre o Inpa, o Ibama,
a Embrapa e, principalmente, a comunidade local”,
explicou a pesquisadora Tânia Sanaiotti, da
Coordenação de Pesquisas em Ecologia
(CPEC), do Inpa. A pesquisadora e a bolsista Jovem
Cientista-Amazônida, Izamar Monteiro, percorreram
todo o assentamento para mapear os ninhos.
Segundo Tânia Sanaiotti, há três
anos a comunidade do Assentamento recebe a visita
dos pesquisadores para orientações
sobre manejo e preservação dos animais.
“A população local tem ajudado a cuidar
dos ninhos, a manter a árvore em pé
e com isso manter os filhotes vivos”, explicou.
Ela afirma que esses cuidados, repassados por meio
de seminários e palestras, acabam se refletindo
na valorização do ecoturismo, do turismo
rural por parte das populações. “O
êxito das palestras tem sido maior em locais
onde o Programa de Proteção ao Gavião-Real
já está atuando fisicamente”, explica.
A pesquisadora lembra que, na Comunidade de Semeão,
por exemplo, foi resgatado um gavião-real
baleado, que não resistiu e morreu antes
de chegar a Manaus para ser atendido por veterinários.
“Apesar de ser perto do Assentamento, ainda não
atuamos lá”, disse, explicando que o gavião-real
leva cerca de cinco anos para começar a reproduzir
e colocar seus filhotes na natureza. “Então,
quando é baleado antes mesmo de criar o primeiro
filhote naquele local, na mata, abre-se uma lacuna
sem a espécie”.
Os dois novos ninhos foram anunciados por membros
da ONG Granav-Parintins, um na Comunidade São
Paulo e outro na Comunidade São José.
Agora, o Assentamento possui um total de oito ninhos.
Outra estratégia de mobilização
da comunidade encontrada pela pesquisadora foi a
realização de feiras de ciências
nas escolas de área rural. Nesta semana,
os 300 participantes da 1ª Mostra de Ciências,
realizada em novembro do ano passado, receberam
certificados. Onze comunidades do Assentamento Vila
Amazônia apresentaram trabalhos na Mostra,
que foi financiada pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Esse evento resultou em um Livro de Resumos das
Palestras, que foi distribuído para os comunitários.
A Mostra aconteceu na Escola Municipal Fernando
Carvalho, da Comunidade Perpétuo Socorro
do Laguinho.
O reflexo do trabalho de educação
ambiental é visível entre as crianças.
Em uma oficina realizada para a montagem da Cartilha
de Conservação do Gavião-Real
para o assentamento, cerca de 80 crianças
elaboraram desenhos variados com a espécie.
Uma das crianças retratou um gavião-real
com um rádio-transmissor para monitoramento.
“O sucesso do mapeamento da espécie nessa
área tem se dado, principalmente, pela colaboração
dos agricultores parceiros do Assentamento ao avisarem
o Ibama ou ONGs locais quando encontram os ninhos”,
explicou Sanaiotti. “Mas manter a árvore
do ninho em pé e sem roçado é
que é um trabalho árduo”, acrescenta.
Ela afirma que só assim o filhote conseguirá
sobreviver até os primeiros seis meses, quando
ainda não sabe voar, e o casal poderá
retornar àquela árvore para reproduzir.
Fonte: MCT - Ministério
da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa