|
PESQUISADORES PODERÃO
USAR INTERNET PARA PEDIR LICENÇA
AO IBAMA DENTRO DE DOIS MESES
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
|
|
(10/03/05) - O presidente
do Ibama, Marcus Barros estima que dentro de dois
meses começará a funcionar o sistema
on-line de concessão de licença para
coleta de material biológico com fins científico
e didático em todo o território nacional.
Enquanto se prepara tecnicamente para operar o novo
sistema, o Ibama também aguarda sugestões
da sociedade para duas instruções
normativas que instituem a simplificação
das licenças para coleta de material e o
Cadastro Nacional de Coleções com
regras para o empréstimo, troca ou intercâmbio
não comercial do acervo. As duas instruções
normativas resultam de discussões com a comunidade
científica e ficarão em consulta pública
no site www.ibama.gov.br por 30 dias para novas
contribuições.
Com as novas regras, Barros quer apagar a imagem
de que o Ibama atrapalha a ciência. "Não
somos obstáculos, somos estimulantes do processo",
garante. As instruções normativas
trazem inúmeras vantagens para a área.
Entre elas, a de obter licença permanente
de coleta de material biológico. Serão
beneficiados os pesquisadores com vínculo
empregatício efetivo com instituição
nacional de ensino ou pesquisa que trabalhem com
inventários da diversidade genética
e biológica. A autorização
é válida apenas para captura de espécies
do grupo taxonômico que estudam e não
os livra de enviar, posteriormente, ao Ibama uma
guia de notificação da coleta.
O Cadastro Nacional de Coleções é
outro avanço instituído pela instrução
normativa em consulta pública. O Ibama quer
reunir informações sobre as coleções
pertencentes a museus, jardins botânicos,
instituições de ensino e particulares
e fixar regras para o empréstimo, troca ou
intercâmbio não comercial do acervo.
Assim, o pesquisador não precisará
fazer nova coleta de material que já existe,
por exemplo, no Museu de Zoologia de São
Paulo.
Barros diz que é próprio da ciência
o relacionamento universal. Porém, observa
ser extremamente difícil para um pesquisador
brasileiro levar consigo para o exterior material
para estudo, mesmo se comprometendo a devolvê-lo
ao final do doutorado. "O pesquisador fica
tão angustiado que ele leva aquilo como se
fosse contrabando, escondido dentro da mala. Não
se quer isso para o pesquisador, a elite pensante
do Brasil. Por isso, nós queremos deixar
de modo transparente esse fluxo de material biológico
pro exterior e a necessidade de seu retorno sem
a burocracia que hoje reina." O diretor de
Fauna e Recursos Pesqueiros, Rômulo Melo,
enfatiza que o instituto passará a ter informação
de pelo menos 95% de quem acessa e pra quê
acessa o material biológico retirado de unidades
de conservação.
Das medidas para desburocratizar a relação
do Ibama com os pesquisadores, Barros ressalta o
sistema on-line de concessão de licenças.
Ao invés de enviar formulários via
Correios, o pesquisador fará o pedido via
internet. "Vamos agilizar a liberação
de coleta de material e a pesquisa vai se dar num
tempo extremamente mais curto. Isso faz bem pro
Brasil." Hoje, a licença pode ser emitida
em três, seis meses ou até em período
superior, dependendo do caso. O próprio Barros,
que é pesquisador, conta ter levado oito
meses para receber autorização para
coleta de animais silvestres para o estudo sobre
leshimaniose tegumentar. Ele faz a mea culpa e reconhece
que, em parte, contribuiu pessoalmente para a demora
na concessão da licença ao não
apresentar toda documentação exigida,
mas também observa que a burocracia do Ibama
quase paralisou sua pesquisa.
A diretora de Ecossistemas do Ibama, Cecília
Ferraz, contou que no ano passado emitiu 205 licenças
de pesquisas em unidades de conservação.
"Isso representa 50% do que nos foi encaminhado,
no entanto a maior parte das solicitações
foram devolvidas por falhas na instrução
dos processos." Ela considera que o novo sistema
deixará as regras bem claras pra que os pesquisadores
mandem os processos instruídos e agilizem
a liberação das licenças.
Quando assumiu o Ibama, Barros recebeu da comunidade
científica o seguinte apelo: "o senhor
nos deve uma coisa: agilize o processo de licenciamento
de pesquisas". Para surpresa dele, já
havia no Ibama um grupo estudando o problema. Continuou
o trabalho. Daqui dois meses, quando o sistema estiver
operando, Barros espera que pedidos de coletas para
pesquisas mais complexas tenham resposta.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Sandra Sato e Verbena Fé)