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ALDEIA EM CAARAPÓ
DRIBLA FALTA DE TERRAS COM ORGANIZAÇÃO
POLÍTICA E COMUNITÁRIA
Panorama
Ambiental
Dourados (MS) – Brasil
Março de 2005
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13/03/2005 – Na aldeia
de Tey Kue, em Caarapó (264 km a sudoeste
de Campo Grande), os Guarani e Kaiowá mostram
que a organização política
e comunitária tem sido a saída para
diminuir os problemas sociais nas aldeias enquanto
as terras indígenas na região continuam
insuficientes para a prática da agricultura
tradicional.
Os índios em Caarapó estão
divididos em 881 famílias, vivendo em 3594
hectares, uma média de pouco mais de 4 hectares
por família. O antropólogo Fábio
Mura, que trabalha com os guarani e kaiowá
há quinze anos, considera que são
necessários pelo menos 40 hectares para que
uma família sobreviva no sistema de agricultura
tradicional indígena.
A Tey Kue organiza, desde 1997, o Fórum Indígena,
um evento anual, na semana em que se comemora o
Dia do Índio, em 19 de abril, para debater
os principais problemas enfrentados pela comunidade
e angariar aliados para enfrentá-los. "Tudo
que é importante a gente traz pra ser parceiro
nosso: Ministério Público, universidade,
prefeitura, governo do estado", explica a professora
kaiowá Renata Castelão, 34, uma das
organizadoras do evento.
O resultado, conta ela, aparece nos projetos que
a comunidade tem conseguido realizar por meio de
parcerias. O Poty Reñoi, por exemplo, beneficia
hoje 100 adolescentes da aldeia com uma bolsa mensal
de R$ 50. É uma maneira de mantê-los
na escola quando chegam a 12 ou 13 anos, quando
aparecem as propostas de trabalho nas usinas de
álcool e fazendas da região.
"O dinheiro é dado pra mãe e
ela entrega tudo para eles. Eles compram roupas,
tênis, precisa ver como se orgulham de se
cuidar, ficar bonitos", conta Renata. A aquisição
desses bens de consumo é reconhecida pelos
índios como um dos principais fatores que
levam os meninos para os trabalhos fora das aldeias
e conseqüente abandono da escola.
O projeto inclui ainda atividades culturais e o
ensino de técnicas agrícolas tradicionais
– por meio do incentivo à pesquisa junto
aos guarani e kaiowá mais velhos.
A Tey Kue mantém ainda o projeto Monsarambihara
("semeador", em guarani, segundo a professora),
que incentiva os jovens a plantarem hortas e árvores
frutíferas em volta de casa, como forma de
aumentar a segurança alimentar das famílias.
Além disso, estão sendo desenvolvidas
ações de reflorestamento nas microbacias
na área, e quatro tanques de piscicultura
têm fornecido pescado para as famílias
– e, de quebra, locais para banho muito apreciados
pelas crianças.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Spensy Pimentel