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COSIPA E USIMINAS INVESTEM
NA RESTAURAÇÃO DA REAL FÁBRICA
DE FERRO SOB GUARDA DA FLONA DE IPANEMA
Panorama
Ambiental
Iperó (SP) – Brasil
Março de 2005
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(17/03/05) - A Floresta
Nacional de Ipanema, em Iperó, interior de
São Paulo, fez ontem o lançamento
da 1a. Fase de Restauro da Real Fábrica de
Ferro de Ipanema, sítio histórico-cultural
do século 19, sob guarda do Ibama e tombado
pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional. As obras de restauro
dos Altos Fornos, canais e Cemitério Protestante,
contemplados nessa primeira fase, foram iniciadas
em janeiro deste ano e estarão concluídas
em 31 de outubro. As siderúrgicas Cosipa
e Usiminas estão investindo R$ 1.154 milhão
de reais, com o apoio institucional da ABM – Associação
Brasileira de Metalurgia e Materiais, nesta primeira
fase de Restauro da Real Fábrica de Ferro
de Ipanema.
A Real Fábrica de Ferro de Ipanema é
o primeiro empreendimento industrial do Brasil.
Foi criada por Carta Régia, em dezembro de
1810, sendo concebida como uma sociedade acionista
de capital misto, com 13 ações pertencentes
a Coroa Portuguesa e 47 ações a particulares.
Produzindo ferro e aço, entre 1811 e 1895,
dos fornos da Real Fábrica de Ferro de Ipanema
saíram, além do ferro em barra, utensílios
domésticos, luminárias, escadas, gradis,
arame, pregos, ferramentas, engenhos, munições
e canhões utilizados pelos rebeldes na Revolta
dos Liberais e armas brancas para a Guerra do Paraguai.
Artigos manufaturados da Real Fábrica de
Ferro de Ipanema foram premiados em feiras internacionais,
como a de Viena.
Os recursos da Cosipa e Usiminas, com apoio institucional
da ABM, foram liberados através do PRONAC
– renúncia fiscal -, conforme publicação
no Diário Oficial da União de 25 de
novembro de 2004. O Ibama, através da Floresta
Nacional de Ipanema, desenvolveu o projeto, durante
três anos, com as usinas de aço, através
da ABM, como meio de preservar e conservar a memória
da história do ferro e aço no Brasil:
ainda hoje a produção das usinas de
aço se utiliza dos mesmos princípios
desses fornos do século 19. A Floresta Nacional
de Ipanema pretende que a restauração
da Real Fábrica de Ferro de Ipanema se transforme
num instrumento de desenvolvimento regional, com
a capacitação e a abertura de postos
de trabalho para a população que está
no entorno desta unidade de conservação
de uso sustentável.
A Cosipa e a Usiminas, com o apoio institucional
da ABM, foram as primeiras empresas a reconhecer
a importância da preservação
e conservação do sítio histórico
da Real Fábrica de Ferro de Ipanema e a compreender
que, sem o apoio das siderúrgicas, esse conjunto
desapareceria nos próximos anos. A recuperação,
recuperação e restauração
da Real Fábrica de Ferro de Ipanema estão
sendo desenvolvidas em fases, que serão aprovadas
anualmente até dezembro de 2010, quando se
comemorará o bicentenário de criação
da Real Fábrica de Ferro de Ipanema. A supervisão
técnica é do IPHAN.
Informações
adicionais
Altos Fornos
Geminados – Pouco resta do conjunto original
dos Altos Fornos Geminados, construídos por
Friederick Ludwig Wilhelm Varnhagen, cuja primeira
corrida de ferro, em 1o de novembro de 1818, foi
comemorada com a fabricação de três
cruzes, uma delas levada em procissão pelas
ruas de Sorocaba. Junto aos Altos Fornos, havia
um Pelourinho, símbolo da autonomia administrativa
do Distrito do Ipanema, como era denominado o território
da Real Fábrica de Ferro de Ipanema. Em 1865,
para atingir a produção necessária
à fabricação de munições
e armas para a Guerra do Paraguai, o engenheiro
Joaquim de Souza Mursa modificou o perfil interno
do Altos Fornos e instalou duas ventaneiras (originalmente
havia apenas uma). Antes da instalação
dos Altos Fornos e produzindo paralelamente a estes,
a Real Fábrica de Ferro de Ipanema já
se utilizava de quatro pequenos fornos, construídos
pelo sueco Carl Gustav Hedberg, com seções
para produção de arame, pregos e enxadas.
Alto Forno
de Mursa – Construído entre 1878
e 1885, pelo engenheiro Joaquim de Souza Mursa,
ele nunca entrou em funcionamento, pela falta de
uma máquina insufladora. Com 12 metros de
altura e três metros de diâmetro de
ventre, foi projetado para produzir entre sete e
10 toneladas/dia. Todo o conjunto desapareceu, apesar
de ter sido considerado uma obra ousada de engenharia,
com um elevador de duas gaiolas, presas a um cabo
que passava numa roldana, para o carregamento do
minério e uma caixa d’água como contra-peso.
Enquanto uma gaiola estava no alto, a outra estava
embaixo. Um reservatório, sobre o elevador,
despejava a água, descendo a gaiola por gravidade
e elevando a carga de minério.
Canais
– A possibilidade barrar as águas do rio
Ipanema e, através de canais, levá-la
para fornos e oficinas da Real Fábrica de
Ferro de Ipanema, foi decisiva para a implantação
de uma grande usina de ferro e aço. A energia
mecânica era a principal fonte de energia
do século 19, impulsionando o maquinário
através de rodas d’água.
Cemitério
Protestante – A criação de
um cemitério para suecos, ingleses e não
católicos foi autorizada, em 18 de agosto
de 1811, por Carta Régia de D. João
VI. O diretor Carl Gustav Hedberg e os 14 suecos,
contratados para implantar a Real Fábrica
de Ferro de Ipanema, eram luteranos e considerados
hereges pelos católicos, que não permitiram
o sepultamento do carpinteiro de foles J. Bergman
nos cemitérios de Sorocaba, quando ele morreu,
vítima de tuberculose, em 25 de fevereiro
de 1811.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Ascom (Janete Gutierre)