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ÍNDIOS PEDEM ENSINO
MÉDIO NAS ALDEIAS
PARA FUGIR DO PRECONCEITO RACIAL
Panorama
Ambiental
Dourados (MS) – Brasil
Março de 2005
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13/03/2005 – Na aldeia
de Tey Kue, em Caarapó (264 km a sudoeste
de Campo Grande), os Guarani e Kaiowá também
lutam pela implantação do ensino médio
na área. A demanda evidencia a realidade
vivida pelos jovens índios.
Segundo a professora kaiowá Renata Castelão,
que também atua como coordenadora pedagógica
das cinco escolas na Tey Kue, a aldeia tem 839 crianças
matriculadas no ensino básico. Dezesseis
alunos índios estão freqüentando
atualmente o ensino médio em Caarapó,
segundo ela, mas reclamam das condições.
"Para estudar na cidade, tem que ter dinheiro,
toda hora tem de comprar livro, tirar xerox, tem
que ir sempre arrumado, de roupa nova, senão
eles já ficam mexendo... Tem muito preconceito
ainda aqui".
Renata conta que a cidade tem avançado na
"valorização" do índio,
mas que, recentemente, foi registrado o caso de
um professor da cidade que perseguia e discriminava
os meninos guarani e kaiowá em sala de aula.
"Ele dizia: eles são índios,
deixa eles aí no canto. Eles culpam os meninos
por tudo, querem suspender, expulsar. Por isso,
eles querem vir estudar aqui mesmo na aldeia, pra
poder ir de chinelo pra aula, como quiserem, sem
ninguém falar nada".
Hoje, segundo Renata, o ensino básico na
Tey Kue, como em outras aldeias da região,
é todo bilíngüe, em guarani e
português. Até o fim da 1a série
do ensino básico, quando se espera que a
criança esteja alfabetizada, o ensino é
feito apenas em guarani. Da 5a à 8a série,
também há aulas de inglês.
A professora conta que, nos anos 90, quando foi
iniciado o ensino bilíngüe, ela mesma
era contrária à inovação:
"Eu achava que tinha que ser só no português,
o nosso idioma não era muito valorizado naquela
época". Ela diz ter mudado de opinião
depois que verificou, pela própria experiência
com os alunos, que o rendimento deles aumentava
muito quando eram alfabetizados em guarani.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Spensy Pimentel