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FUNASA BUSCA ALTERNATIVAS
PARA EVITAR PAIS INDÍGENAS AFASTEM
CRIANÇAS DE TRATAMENTO MÉDICO
EM MS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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21/03/2005 – A Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) está criando
alternativas para reduzir a resistência dos
índios guarani-kaiowá em realizar
e concluir o tratamento médico de suas crianças.
Desde fevereiro, a Funasa já contabilizou
11 mortes de crianças indígenas no
estado do Mato Grosso do Sul. Várias delas
estão relacionadas à desnutrição
infantil.
O objetivo da Funasa é diminuir as distâncias
culturais durante o tratamento dos índios.
Entre as ações estão a intermediação
do tratamento por agentes da própria etnia
e a disponibilização, dentro dos hospitais,
de espaços para a prática de rituais
indígenas. De acordo com o diretor do Departamento
de Saúde Indígena da Funasa, Alexandre
Padilha, essas são apenas duas das formas
de diminuir oposição dos pais ao tratamento.
"Nós estamos selecionando, por exemplo,
para o Hospital Universitário que foi aberto
na semana passada em Dourados, um indígena
local para auxiliar dentro do hospital. Ações
como essas diminuem a resistência e facilitam
a ação, sempre buscando combinar aquilo
que há do aspecto cultural com a própria
estrutura hospitalar e dos centros de saúde."
Em alguns casos, os pais não levam as crianças
para os hospitais ou, quando as levam, as retiram
sem concluir o tratamento. Para tanto, o responsável
deve assinar um documento assumindo a responsabilidade
sobre a saúde de seu filho. Esse foi o caso
de uma das duas últimas crianças indígenas
mortas em Dourados na última quinta-feira.
Segundo Padilha, o procedimento não é
ilegal. "Nós temos que compreender que
isso não acontece só com a população
indígena, mas também pode acontecer
com a população geral.Toda vez que
nós nos deparamos com uma situação
como essa, nossa conduta é passar orientações
para os próprios familiares buscarem os agentes
indígenas que cuidam dessas crianças.
Eles têm maior vínculo com essas famílias
e também podem passar informações
para a Funai (Fundação Nacional do
Índio) e para o Ministério Público
para que se busque soluções conciliatórias".
Padilha acredita que o fato de os pais tirarem as
crianças dos hospitais pode ter contribuído
para a morte de algumas delas. "Em alguns casos,
nós tivemos resistência para transferência
para Campo Grande, e esse pode ter sido um fator
complicador na evolução da doença.
Também tivemos situações em
que os pais tiraram as crianças dos hospitais,
levaram para um local, inclusive de não acompanhamento
por parte da Funasa, e isso pode ter contribuído
como um fator complicador para o óbito."
As famílias das duas últimas crianças
guarani-kaiowá que morreram no estado na
última quinta-feira moravam em cidades da
região, não em aldeias. Segundo as
lideranças indígenas, o êxodo
é provocado pela falta de terras nas reservas
demarcadas.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Juliana Borre e Érica Santana