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GOVERNO PREVÊ COBRANÇA
DO USO DA ÁGUA PARA FINANCIAR SANEAMENTO
AMBIENTAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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21/03/2005 - O Conselho
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), órgão
ligado ao Ministério do Meio Ambiente, aprovou
hoje (21), por unanimidade, a proposta de resolução
que estabelece a cobrança pelo uso de recursos
hídricos. Com a resolução,
todo o segmento da sociedade que utilizar a água
de determinada bacia hidrográfica pagará
uma taxa referente ao seu uso. A medida abrange
desde o segmento industrial até o cidadão
comum. As taxas serão estabelecidas pelo
próprio comitê de bacia hidrográfica
da região, de acordo com as necessidades
locais.
O presidente da Câmara Técnica de Cobrança
pelo Uso de Recursos Hídricos, Décio
Michellis Júnior, explica que a cobrança
será feita nos moldes de uma taxa de condomínio,
já que os próprios componentes dos
comitês das bacias hidrográficas é
que definirão o seu valor e onde o recurso
será aplicado.
"A cobrança é proposta no ambiente
do comitê da bacia, aprovada pelo respectivo
conselho estadual ou nacional e a partir daí
vira uma taxa condominial, todo mundo que usa água
naquela bacia se compromete em pagar um valor que
varia dependendo do segmento do usuário.
Ela não é um novo imposto, é
algo decidido tal como um investimento numa reunião
de condomínio", explica.
De acordo com Michellis, a resolução
aprovada hoje servirá como um instrumento
de referência para que as bacias definam seus
próprios critérios de cobrança
e investimento. "Hoje sem dúvida nenhuma
o grande déficit de investimento é
na área de saneamento ambiental, não
só levar água tratada, tratar os efluentes
e os esgotos, mas também todas as outras
ações de saneamento ambiental, como
resíduos sólidos, lixo, a limpeza
pública, poda de árvores, essas sem
dúvida são as prioridades de investimento,
mas isso é definido no ambiente do comitê
da bacia", explica o técnico.
A experiência da cobrança pelo uso
da água já começou na região
do rio Paraíba do Sul, que abrange os estados
de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O comitê é o único de um total
de 100 existentes que já iniciou a cobrança
pelo uso da água. Somente para este ano,
a Agência Nacional de Águas (ANA) prevê
que a cobrança da taxa nessa bacia deverá
gerar recursos da ordem de R$ 12 milhões.
Se forem tomados como referência os valores
praticados pelo comitê do Paraíba do
Sul, a nova taxa deverá representar um aumento
de no máximo dois por cento na conta de água
do consumidor final.
Michellis explica que a nova taxa não deve
ser confundida com o que a população
já paga às concessionárias
regionais de água, valor que se refere exclusivamente
aos serviços de captação, tratamento
e distribuição da água. "A
nova cobrança é pela utilização
deste bem público, que é a água".
Desde 2000, cada usuário também paga
imbutida na conta de energia elétrica uma
compensação financeira pela utilização
de recursos hídricos que representa aproximadamente
três por cento do valor da conta de energia.
"Mas esse recurso é modesto, representa
R$ 100 milhões para o país inteiro.
Se formos olhar só o déficit de investimento
na área de saneamento isso representa mais
de R$ 178 bilhões", justifica.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, diz que
a cobrança pelo uso da água faz parte
da implementação do sistema nacional
de recursos hídricos. Ela também garante
que o dinheiro não sofrerá contingenciamento
orçamentário. "O processo de
cobrança pelo uso da água em benefício
da bacia é uma decisão democrática
no âmbito dos conselhos de recursos hídricos
e a decisão do governo de que esse dinheiro
será utilizado prioritariamente na recuperação
da bacia sem sofrer contingenciamento também
é uma conquista", afirmou.
Durante a reunião, o CNRH aprovou o envio
de uma moção ao presidente da República,
Luiz Inácio Lula da Silva, recomendando a
instituição da Década Brasileira
da Água. A década terá início
amanhã (22), data em que se comemora o Dia
Mundial da Água. O documento diz que o objetivo
da moção é priorizar nos próximos
dez anos políticas e ações
orientadas para mobilizar sociedade e governo para
que enfatizem a importância da participação
social e da responsabilidade comum na proteção
e no uso sustentável da água.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Irene Lôbo