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LÍDERES GUARANI-KAIOWÁ
ENVIARÃO CARTA A LULA PARA PEDIR
HOMOLOGAÇÃO DE TERRA INDÍGENA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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21/03/2005 Uma carta
endereçada ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, reivindicando a homologação
da terra indígena Nhanderu Marangatu, foi
um dos resultados da Aty Guasu (Grande Reunião),
encontro realizado este final de semana entre lideranças
indígenas de mais de 20 aldeias dos guaranis-kaiowás
do sul de Mato Grosso do Sul.
A Aty Guasu é a mais importante articulação
política entre os líderes dessas etnias.
O evento começou a ser realizado em 1984
como reação ao assassinato do líder
guarani Marçal de Souza, em virtude de disputa
com fazendeiros pela área Piraquá,
hoje homologada. "Começou como uma reunião
dos líderes religiosos, que passaram a chamar
os líderes mais ligados à política",
explica o antropólogo Levi Marques Pereira,
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
O evento contou com a presença de representantes
do Ministério Público Federal no estado,
de uma representante do gabinete da senadora Fátima
Cleide (PT-RO) e do deputado estadual Pedro Kemp
(PT-MS). Kemp integra a Comissão Parlamentar
de Inquérito criada pela Assembléia
Legislativa do estado para investigar os casos de
mortes de crianças indígenas relacionados
à desnutrição.
Atualmente, um grupo de mais de 500 índios
Guarani-Kaiowá vive em pouco menos de 100
dos 9,3 mil hectares da área indígena
Nhanderu Marangatu, no município de Antonio
João (450 km a sudoeste de Campo Grande).
A terra já foi identificada por antropólogos
da Fundação Nacional do Índio
(Funai) e sua demarcação já
foi publicada em Diário Oficial, mas a posse
definitiva por parte dos índios ainda depende
da homologação, que precisa ser assinada
do presidente da República.
Atualmente, além disso, uma ação
na Justiça Federal concede a reintegração
de posse da área a fazendeiros, e, caso não
ocorra a homologação da terra ou a
derrubada dessa ação na Justiça,
os índios deverão ser retirados de
Marangatu depois do dia 31 deste mês.
Segundo o líder kaiowá Sílvio
Paulo, presidente do Conselho de Direitos Indígenas,
o objetivo do documento que será encaminhado
ao presidente Lula é chamar a atenção
do governo para a situação na região.
"Nós fizemos uma reunião de três
dias lá. Tem que homologar essa terra porque
ela é terra do índio. O índio
está encurralado, sofrendo e chorando. Então,
está na mão do governo. É só
pegar a caneta e assinar. É isso que a gente
está esperando."
Silvio Paulo informou que a carta também
será entregue a parlamentares e ministros,
para que eles interfiram junto ao governo em favor
dos índios de Marangatu.
De acordo com o analista em Antropologia do Ministério
Público de Mato Grosso do Sul, Marcos Homero
Lima, ainda não há previsão
para o envio da carta ao presidente.
*colaborou Spensy Pimentel
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Juliana Borre e Érica Santana