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SOJA EMPURRA PECUÁRIA
PARA ÁREA DE FLORESTAS, MOSTRA ESTUDO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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21/03/2005 - O crescimento
das áreas de plantação de soja
está deslocando os terrenos usados para a
pecuária para dentro das florestas e indiretamente
está produzindo desmatamento. A conclusão
é do estudo "Relação entre
Cultivo de Soja e Desmatamento", realizado
por iniciativa do Grupo de Trabalho sobre Florestas
do Fórum Brasileiro de Organizações
Não Governamentais e Movimentos Sociais para
Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS).
O estudo levou em conta questões relacionadas
com a expansão da área cultivada,
principalmente no estado do Mato Grosso e na Amazônia
brasileira, sem analisar a relação
entre desmatamento e processos secundários
da produção do grão, como o
beneficiamento (em que é usado carvão
vegetal), e os impactos gerados pela instalação
de infra-estrutura de escoamento, como a construção
de estradas.
"Há dois principais resultados [do estudo]:
o primeiro aponta para fato de que a soja empurra
a pecuária para áreas de floresta.
O segundo é que o prazo entre o desmatamento
e a instalação da cultura da soja
se reduziu muito ao longo dos últimos anos.
Antes, era de cinco, seis anos. Agora, passou a
ser de dois, na média", afirma o coordenador
da pesquisa, Roberto Smeraldi.
Segundo o estudo, a soja, apesar de influenciar
o aumento do desmatamento de florestas, não
é o único fator a agir no processo.
"A análise entre a expansão da
soja e a taxa de desmatamento nos municípios
mostrou que existe uma relação indireta
entre os dois processos, ou seja, a soja é
um dos fatores do desmatamento, mas não é
o único e o influencia indiretamente".
Smeraldi destaca que não há um "vilão"
do desmatamento, ou seja, o desmatamento nas proporções
atuais é resultado da existência de
uma "sinergia", de uma "cadeia do
desmatamento". "É um processo,
é um ciclo, não existe o vilão.
Qual é o efeito da soja nesse ciclo? Ela
é um turbinador do processo de desmatamento.
Ela torna o processo de desmatamento mais rápido
e o direciona para as áreas que são
de interesse para agricultura mecanizada",
analisa.
O estudo indica também que uma das conseqüências
do processo de expansão da fronteira agrícola
nas regiões Centro-Oeste e Norte é
a concentração fundiária, de
renda e dos sistemas produtivos (grandes fazendas
de gado e monoculturas mecanizadas, caso da soja)
com a subordinação dos padrões
culturais e produtivos das comunidades locais e
regionais ao padrão conduzido pelos novos
agricultores do agronegócio, de modo geral
imigrantes de outras regiões, com acesso
a capital e tecnologia.
"Esse processo tem levado ao aumento do deslocamento
de pequenos colonos, em razão de conflitos
sociais ou da compra de lotes, resultando em novas
fronteiras locais acrescido do desmatamento".
O estudo completo pode ser encontrado em www.amazonia.org.br
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Bruno Bocchini