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ÚLTIMA CHANCE PARA LULA PROTEGER A BIODIVERSIDADE BRASILEIRA CONTRA OS TRANSGÊNICOS

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005

22-03-2005 - Às vésperas da sanção presidencial do Projeto de Lei de Biossegurança, Lula tem poder para garantir a obrigatoriedade dos estudos de impacto ambiental.
Em frente ao Palácio da Planalto, ativistas do Greenpeace ofereceram ao Presidente um novo carro oficial para a "Presidência da República Transgênica do Brasil" simbolizando a possibilidade de o presidente assumir ou não a direção de um país transgênico.

O objetivo da ação foi mostrar ao Presidente Lula e à população que ainda existe uma última chance de defender o meio ambiente e a vontade dos brasileiros.
O protesto aconteceu às vésperas da sanção final do Projeto de Lei (PL) de Biossegurança, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 2 de março. Para que o presidente Lula assegure que os transgênicos não sejam liberados sem a realização dos devidos estudos de impacto ambiental, é necessário o veto a quatro parágrafos e um inciso do Projeto de Lei de Biossegurança (1). O Greenpeace acredita que a regulamentação dos organismos geneticamente
modificados, não deva ser feita se não garantir a segurança do meio ambiente e da população. Entre os riscos que os transgênicos representam para o meio ambiente, estão a poluição genética (2), a perda de biodiversidade (3), o surgimento de ervas daninhas resistentes a herbicidas e o aumento do uso de agrotóxicos (4).
O Projeto de Lei aprovado pela Câmara dos Deputados retira as competências dos ministérios do Meio Ambiente, da Saúde e da Agricultura de decidir sobre a liberação ou não de qualquer variedade transgênica, concentrando nas mãos da CTNBio o poder decisório sobre a liberação de organismos geneticamente modificados. Elimina a obrigatoriedade de estudos de impacto ambiental anteriores à liberação de plantio e à comercialização de transgênicos, o que vai contra a Constituição Brasileira (5), que prevê a realização destes estudos. Além disso, o texto aprovado pelos deputados também desrespeita a vontade de mais de 80% da população brasileira (6), que se mostrou contrária a liberação dos transgênicos sem que estudos prévios de impacto no meio ambiente e na saúde humana sejam realizados.
"Esta é a última chance de o Presidente zelar pelo meio ambiente e pela população contra a liberação indiscriminada dos transgênicos. Corremos o risco de que ele ignore seu programa de governo (7), ignore a posição de seus Ministérios e faça pouco caso da vontade da maioria dos brasileiros", disse Gabriela Couto, bióloga da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace. "A decisão em garantir aos agricultores e ao mercado nacional e internacional o direito a uma produção de alimentos seguros, sem riscos ao meio ambiente está nas mãos do presidente Lula", concluiu.O presidente tem até o dia 24 de março para sancionar a lei, podendo vetar alguns parágrafos específicos. Em documento protocolado no Palácio do Planalto durante o protesto (8), o Greenpeace junto com ActionAid, AS-PTA, CUT, Deser, FBOMS, Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor, IDEC, INESC, ISA, MST e Terra de Direitos exigiram que o Presidente vete parte dos artigos 14 e 16, garantindo assim que a obrigatoriedade dos estudos de impacto no meio ambiente e na saúde humana permaneça no texto final e ainda, que sejam mantidas as competências dos ministérios do Meio Ambiente, da Saúde e da Agricultura de decidir sobre a liberação ou não de qualquer variedade transgênica. Segundo informações levantadas pelo Greenpeace junto à Casa Civil, alguns ministérios também estão solicitando ao presidente Lula o veto de determinados artigos da Lei.

Na semana passada, a CTNBio "liberou" ilegalmente (9) uma variedade de algodão transgênico inseticida da Monsanto, sem aguardar sanção presidencial da Lei de Biossegurança, que regulamenta o processo de liberação dos transgênicos. "Este foi um ato ilegal e faz parte da estratégia de aprovar variedades transgênicas sem as avaliações de impacto no meio ambiente garantidas pela Constituição Federal", disse Gabriela. “Um ato como este mostra que as decisões da CTNBIo beneficiam apenas as grandes corporações de biotecnologia, em detrimento da biodiversidade brasileira, ameaçando ecossistemas riquíssimos como o cerrado. Cabe ao presidente Lula garantir o veto de parte dos artigos, mantendo o papel dos Ministérios de avaliar e deliberar sobre liberação de variedades transgênicas e a obrigatoriedade dos estudos de impacto no meio ambiente", completou Couto.
Desde a votação do PL na Câmara dos Deputados, o Greenpeace disponibilizou em seu website um protesto virtual que estimula a população a escrever para o Presidente pedindo o veto de parte dos artigos 14 e 16, garantindo assim que a Constituição, o meio ambiente e a população brasileira sejam respeitados. Mais de 9600 pessoas já participaram. Acesse www.greenpeace.org.br/brasilmelhor

Notas

(1) O artigo 16 da lei atribui a decisão sobre a necessidade de estudo de impacto ambiental exclusivamente para a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). Já o artigo 14 atribui a essa mesma comissão o poder de definir se o alimento transgênico pode ou não causar dano ao meio ambiente e à saúde do consumidor. Também dá à CTNBio o poder de dispensar o licenciamento ambiental e o estudo prévio de impacto ambiental. O veto de apenas parte destes artigos não afeta o conteúdo integral da Lei, não havendo qualquer interferência pelo Greenpeace quanto às decisões favorável de uso de células embrionárias para pesquisa científica (www.camara.gov.br)

(2) A convivência entre plantas convencionais e plantas transgênicas gera grandes prejuízos para os agricultores convencionais, devido o problema da contaminação genética.

(3) O uso de plantas transgênicas nos EUA e Argentina está colocando em risco a sustentabilidade da produção agrícola e causando alterações na biodiversidade desses países.

(4) O uso de plantas transgênicas ao longo de nove anos na agricultura norte americana gerou redução no uso de agrotóxicos apenas nos três primeiros anos, a partir do quarto ano houve um aumento progressivo na quantidade de herbicidas usado e nos últimos três anos o uso de soja transgênica foi a principal causa do aumento de uso de agrotóxicos nos EUA.

(5) A Constituição Federal determina em seu artigo 225 a necessidade de estudo prévio de impacto ambiental para atividades com potencial de causar impacto no meio ambiente.
www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/

(6) Pesquisa qualitativa do ISER – Instituto de Estudos da Religião, realizada em maio de 2004, em 6 capitais brasileiras.

(7) O programa de governo do candidato Luís Inácio Lula da Silva, intitulado "Meio ambiente e qualidade de vida", estabelecia “o compromisso de assegurar a execução de uma avaliação ambiental estratégica, assim como estudos sobre os impactos das variedades e organismos transgênicos no meio ambiente". www.greenpeace.org.br/pdf/qualiddevida.pdf

(9) A liberação traduz-se em ato ilegal e arbitrário, que viola decisão judicial em vigor. A decisão judicial vigente é aquela proferida nos autos da Ação Civil Pública (processo no. 1998.34.00.0210002-0), que proíbe a liberação de qualquer variedade de semente transgênica. Permanecem preservadas as competências do Ministérios incumbidos da aplicação da legislação vigente de exigir e conduzir prévio Estudo de Impacto Ambiental - EIA/RIMA e licenciamento ambiental.

Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa
Fotos: Greenpeace

 
 
 
 

 

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