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A CÂMARA VAI ANALISAR
GESTÃO FLORESTAL NO BRASIL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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30/03/2005 A Câmara
instalou nesta quarta-feira a comissão especial
que vai analisar o Projeto de Lei 4776/05, do Poder
Executivo, que institui a gestão de florestas
públicas no Brasil. O presidente da chamada
Comissão sobre Florestas Públicas
é o deputado Miguel de Souza (PL-RO). O relator
é o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), que
terá de 30 a 40 dias para apresentar o relatório.
A instalação foi feita durante seminário
para discutir o assunto, promovido pelas comissões
da Amazônia, Integração Nacional
e de Desenvolvimento Regional; de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável, e pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
O projeto, encaminhado ao Congresso em fevereiro,
tramita em regime de urgência e prevê
a disponibilização de até 13
milhões de hectares de florestas da Amazônia
para concessão de uso sustentável
nos próximos dez anos. O objetivo é
combater a grilagem e impedir a privatização
de terras públicas. A proposta já
recebeu 111 emendas desde que foi apresentada.
Os deputados estão negociando com o Governo
a retirada do regime de urgência da proposta
para que haja mais tempo para debatê-la na
comissão especial criada hoje. Após
passar pela comissão, o projeto poderá
ter a urgência requerida novamente.
Uso sustentável
A proposta prevê
a criação de um órgão
federal para fiscalizar a gestão das florestas
nos moldes das agências reguladoras brasileiras.
Na opinião da ministra do Meio Ambiente,
Marina Silva, a floresta deve ser explorada de maneira
racional e sustentável. "A floresta
é um espaço para conservação
da biodiversidade, mas também é fonte
para suprimento de madeira, para pesquisa científica
e para turismo, desde que seja bem gerenciada",
argumentou.
Marina Silva demonstrou preocupação
com o baixo índice de manejo florestal no
Brasil. Apenas 4% da exploração de
madeira realizada na Amazônia, informou, têm
algum tipo de manejo. Apesar do número, a
ministra garantiu que o projeto de lei não
foi elaborado apenas para viabilizar a atividade
madeireira. É, ao contrário, uma alternativa
para permitir o desenvolvimento da região
ao mesmo tempo em que combate o desmatamento clandestino.
Na opinião do diretor de Florestas do Ibama,
Antonio Carlos Hummel, o projeto de lei vai ajudar
o Poder Público a controlar efetivamente
o desmatamento, porque as florestas serão
destinadas ao uso sustentável.
Críticas
A criação
de um órgão federal para controlar
a atividade florestal foi criticada pela conselheira
da Associação Nacional dos Serviços
Municipais de Saneamento (Assemae), Tânia
Nahum Martins. Para ela, o Governo deveria reforçar
os órgãos fiscalizadores existentes,
como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Apesar de ver pontos positivos no projeto, Tânia
disse que ele corre o mesmo risco da Lei de Crimes
Ambientais (Lei 9605/98), que, em sua avaliação,
nunca saiu do papel.
O consultor da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura
(FAO), Manuel Pavery Anziani, também fez
esse alerta. Segundo Anziani, o sucesso de uma lei
de gestão de florestas depende da capacidade
de fiscalização do Governo. Ele elogiou
o texto enviado pelo Executivo, mas disse que o
Brasil precisa conhecer a experiência de outros
países que adotaram a gestão florestal
para não cometer os mesmos erros.
Números do
desmatamento
A derrubada de árvores
na Amazônia chega a 23 mil quilômetros
quadrados por ano. O dado foi fornecido pelo secretário
de Biodiversidade e Florestas do Ministério
do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco,
que também participou do seminário.
A maior área devastada, informou, está
no chamado "arco do desmatamento", que
compreende parte dos estados do Maranhão,
Tocantins, Mato Grosso, Pará, Acre e Rondônia.
Nesse arco concentram-se 80% do desmatamento na
Amazônia.
A pecuária extensiva é a atividade
que mais provoca desmatamento, responsável
por 80% do problema. Em seguida, está a grilagem
de terras públicas e a extração
de madeira, com 15%, e a agricultura, com 5%. Já
as reservas indígenas são as áreas
que apresentam melhor estado de preservação.
Fonte: Agência Câmara
(www.agenciacamara.gov.br)
Assessoria de imprensa (Antonio Barros e Noéli
Nobre)