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CASO DOROTHY: BIDA SE ENTREGA
À POLÍCIA
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Março de 2005
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Para Greenpeace,
declarações do fazendeiro reforçam
necessidade de transferir o caso para a esfera federal
28-03-2005 - O fazendeiro
Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, principal acusado
de ser o mandante do assassinato da missionária
Dorothy Stang, se entregou no início da tarde
de ontem (27/02) ao Exército de Altamira,
no Pará. Bida estava com a prisão
decretada desde o dia 13 de fevereiro, um dia após
o crime ter ocorrido em Anapu.
Em entrevista à imprensa, o fazendeiro afirmou
que ficou em Altamira durante todo o tempo em que
estava foragido e que chegou a cruzar com a polícia
algumas vezes. Segundo o jornal Folha Online, ele
ficou hospedado na casa de amigos – um deles, o
fazendeiro Délio Fernandes, um dos maiores
proprietários de terras da região.
A imprensa brasileira também já havia
noticiado a existência de um consórcio
formado por empresários, fazendeiros e políticos
para financiar a morte da missionária.
O procurador-geral da República, Cláudio
Fontelles, encaminhou no dia 04 de março
pedido de deslocamento das investigações
e do julgamento do crime para a esfera federal.
O Greenpeace e outras organizações
da sociedade civil já haviam encaminhado
carta ao procurador-geral solicitando agilidade
no pedido de federalização do caso,
que se torna possível quando há crime
contra os direitos humanos. A federalização,
aprovada na reforma do sistema judiciário
no final de 2004, será decidida pelo Superior
Tribunal de Justiça (STJ).
“Desde a morte da Irmã Dorothy, o governo
brasileiro têm dado passos importantes pela
proteção da Amazônia, mas a
presença do Estado em áreas de conflito
deve ser real e contínua”, disse Carlos Rittl,
responsável pelo programa de áreas
protegidas da campanha da Amazônia do Greenpeace.
“As recentes declarações de Bida mostram
que ele conta com uma rede de amigos influentes
para protegê-lo. Isso, aliado à impunidade
histórica relacionada às violentas
disputas de terras no Pará, tornam a federalização
do caso ainda mais urgente”.
Segundo a Comissão Pastoral da Terra, quase
mil líderes comunitários foram mortos
entre 1985 e 1996. Até o ano passado, apenas
cinco pessoas envolvidas nestes crimes foram presas.
O ministro Arnaldo Esteves Lima, da Terceira Seção
do Superior Tribunal de Justiça, determinou
que os acusados pelo assassinato se pronunciem sobre
o pedido de federalização do caso
até a próxima sexta-feira (01/04).
“Irmã Dorothy defendia como poucos a Amazônia
contra o ataque de grileiros e lutava de forma incansável
por uma forte presença do Estado na região”,
disse Rittl.
“O governo brasileiro deve não apenas implementar
os Projetos de Desenvolvimento Sustentável
(PDS) defendidos por Irmã Dorothy, em Anapu,
mas combater a grilagem de forma incisiva e reconhecer
o direito à terra para todas as comunidades
tradicionais do interior da Amazônia. Só
assim será possível garantir um futuro
pacífico e sustentável para a região
e seus habitantes”.
O juíz de Pacajá, Lucas do Carmo de
Jesus, marcou para amanhã (29/03) o interrogatório
do fazendeiro. Os outros três acusados pela
morte da missionária – Rayfran das Neves
Sales, o Fogoió; Clodoaldo Carlos Batista,
o Eduardo; e Amair Feijoli da Cunha, o Tato – foram
ouvidos pelo juíz de Pacajá, no dia
15 de março.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa